Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Incompletude
- Claude Bloc -

Hoje me basta esse amor
E esse bastar ocorre
Justamente quando se transforma
Todo desejo em saciedade
Eis enfim o lume, a chama acesa
Que plenifica a falta
A redenção
O sol crescente.
Eis o resgate que vai além
De uma entrega irrestrita
Quando o humano ser, em mim
Se aniquila
E depois retorna incompleto
À consciência...
Quando esse amor se fecha
À certeza de sua incompletude
Que já não é, pois inexiste.
E eis que me busco um pouco aqui e ali
Nessa ruptura que fulmina a alma
Na desmesurada perda dos limites.
Busco, então, nessa agonia
Um porto firme para ancoragem
Quando o amor caminha pelas margens
Nesse eclipse total da consciência
A transbordar de pura euforia.

Claude Bloc

Tua nudez - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Em 6 de maio, de 2002, buscava uma siderúrgica para fundir nossos metais:

Olhares de fresta espreitam a nudez,
Uma festa a embriagar os olhos,
Entre nádegas, umbigos e mamilos,
Até cair na sarjeta da fantasia realizada.

Cada curva, saliência ou entrada no relevo,
Eriçam meus pelos ao veludo da pele desnuda,
Sobre uma camada sem meias e sem peias,
Um horizonte que nunca chega à linha limítrofe.

E Deus surge para ofertar-me três pedidos:
Logo atendo e mergulho inteiro nos teus cabelos perfumados,
Por segundo e me eternizo na fricção do nosso corpo-a-corpo,
Terceiro minha língua te lambe como uma vaca ao bezerro.

Uma brisa balança doce o conteúdo do planeta,
A luz solar revela as partículas que fazem tua nueza,
As águas circulam entre gelo, líquido e vapor claro,
E na ponta da minha língua, entre eu e tu, faz-se sal.

Explosão de sabores sobre uma bacia de frutos coloridos,
Cascata de toques, apalpações, arranhadas, abraços fundidos,
Furacões perfumados de ferormônio, cruzando desejo, gozo infindo,
Mergulho profundo em ti, sucção absoluta em mim, somos ambos.

Tua pele branca, teu cabelo preto, meu corpo negro,
Textura dérmica que me diz: daqui a diante sou eu.
Mas tento, por uma brecha pequena que seja, avançar,
Penetrar além do limite que me separa de ti.

Não duvido que me satisfaça o espaço que sou,
Tão somente herdei o dilema do conquistador,
Que para conquistar seu espaço torna-se exato,
Mas, sempre além, se encontra a transpor a si próprio.

Quando, então, os anos se cansarem de mim,
E disserem-me: pare antes do que nunca serás,
Mesmo tendo sido, nem lembrança terás.
Meu olhar espreitou teu corpo e como tal ficou.

Uma velha maleta ....por Rosa Guerrera


Quem não possui em algum lugar dentro de casa , um baú, uma maleta, uma gaveta repleta de papeis velhos ? Geralmente são fotos antigas, chaveirinhos, bilhetes, cartas, uma correntinha quebrada, aquela pulseira que não usamos mais , antigos discos compacto 4 faixas que não podemos mais escutar , algumas canetas que nos presentearam , e até pétalas de rosas murchas. Um verdadeiro arsenal de objetos que um dia com toda certeza significaram muito para nós.
Nem sei quanto tempo faz que tenho aqui em casa uma maleta onde raramente vou a procura de algum documento julgado perdido. Ontem foi um desses dias para mim. Depois de muito procurar uma antiga carteirinha para fazer a renovação de um título num clube da cidade , terminei abrindo a velha maleta . Não achei o que procurava , mas em compensação me encontrei em fatos passados , retratados em fragmentos e pedacinhos da minha vida .Cada objeto nas minhas mãos , parecia acariciar minhas lembranças.Em cada pequeno pedaço de papel , uma história que vivi , uma lágrima de chorei, um prazer que senti. Numa agendinha desbotada, algumas anotações , datas e dias que marcaram vivências e porque não dizer aprendizados. Muitos foram os rostos que desfilaram na minha mente. Sentimentos tantos , impossíveis de descrevê-los. Nas fotos de anos passados, saudades carcomidas pelo tempo em forma de paisagens hoje mortas.
Fechei cuidadosamente a velha maleta., deixando dentro dela um passado sem mais razão para ser revivido. Olhei minhas mãos ligeiramente empoeiradas , sentindo no ar aquele cheirinho doce de uma saudade que o vento fez questão de levar pela janela aberta .
Na minha mente apenas uma frase insistiu em ficar por mais algum tempo .Uma frase rabiscada num pedacinho de papel que encontrei dentro da maleta e que dizia : “ Amo amar você”

Visitando Karimai

Quando um mestre se pronuncia tudo se aquieta. O sol do final de tarde torna-se mais brilhante. Aquele passarinho na mangueira do quintal canta mais bonito e altaneiro. O vento, quase sempre irritante, vira brisa suave. E a noite desce sem pressa e sem aquele breu assustador.

Esta foi a sensação que se apoderou de mim e, com certeza, de todos os que estavam comigo – Salatiel, Zé Flávio e Reginaldo – na visita ao mestre Luiz Karimai.

Foi neste final de tarde de feriado de Corpus Christi. Salatiel me ligou convidando pra visitar Luiz Karimai, que anda um pouco adoentado (ah, essas intempéries da vida).

Fomos, pois, no carro de Zé Flávio. Destino: rua João Henrique Brasileiro, 596, Tiradentes, Juazeiro do Norte. Lá mora um mestre. Ou melhor, o mestre Karimai. Lá funciona o seu ateliê de vida e de sabedoria. “Lá o Tsé manifesta”. Lá o tempo pára esperando que a pressa se canse. O tempo é uma ampulheta nas mãos do mestre.

Salatiel levou umas oferendas: uma camiseta da copa e um estojo de lápis colorido. Zé Flávio, como um  bom mecenas, escolheu “dois karimais”, retirando-os da parede como quem pega, naturalmente, dois pacotes de arroz integral da prateleira. Eu tentei fechar os olhos pra tão-somente ouvir o mestre falando.

Karimai falou mas falou sem pressa, pausadamente e com o coração latente. O cérebro do “japinha” é genial, como bem observou Zé Flávio, já na volta. Quem pouco falou foi Reginaldo (mas esse é discípulo e discípulo pouco fala).

Esta bela foto de Karimai é de Luiz Salatiel

"Jornal de Ontem" - ( HISTÓRIAS DA DONA VALDA)- Por Socorro Moreira

Eu gosto de aproveitar jornais de ontem , para limpar vidraças, embalar as peças das minhas mudanças, fazer papel machê.
Mas, em se tratando desta música , Dona Valda tem uma história a contar.
Brigou com meu pai, passou 2 anos morando em Teresina, sem contudo esquecê-lo... Voltou para o Crato , já com o anel de professora, e foi visitar a ex-futura sogra. Meu pai a cumprimentou formalmente, e a deixou na sala , proseando com a minha avó Donana. Poucos minutos depois, escutou a sua voz , vinda do banheiro, em alto tom, interpretando maravilhosamente "Jornal de Ontem", que ele aprendera na voz de Orlando Silva. Minha mãe é avessa a esta música, mas eu sempre gostei de ouvi-la e cantá-la, desta feita, sem esquecer o cantar de troça ou mágoa do meu pai. Claro que foi apenas , um gesto de despeito... Meses depois não resistiram à força do amor, voltaram a namorar, casaram, e me fizeram... Assim , como sou... Doida por música !
*AGRADEÇO À NORMA HAUER POR ESSA TERNA LEMBRANÇA.

Jornal de Ontem - por Norma Hauer

“Para mim, você é Jornal de ontem
Já li, Já reli
Não serve mais...”

Ele nasceu aqui no Rio de Janeiro, na saudosa e famosa Praça Onze, em 3 de junho de 1911. Seu nome: Romeu Scovino, mas ficou conhecido como ROMEU GENTIL.
Aos 16 anos, como auto-didata, começou a aprender violão e tocá-lo em serenatas.

Como compositor, sua primeira gravação deu-se na voz de Arnaldo Amaral, em 1938; teve o nome de “Estou Sentido com Você”. No ano seguinte gravou, e obteve seu primeiro sucesso, o samba “Que Calor”, na voz de Patrício Teixeira.

Como cantor, apresentava-se no Programa Picolino, de Barbosa Júnior, na extinta e saudosa Rádio Mayrink Veiga. Isso em 1942.
Mas foi mesmo como compositor, fazendo parceria com vários colegas, que despontou no meio artístico. Seu mais constante parceiro foi Paquito, que conheceu em 1950.
Tomara que chova,
Três dias sem parar “

Emilinha Borba , no carnaval de 1955, despontou com grande sucesso ao gravar o samba “Tomara que Chova” da dupla Paquito e Romeu Gentil que, no mesmo estilo, compôs “Jacarepaguá” e “Daqui não Saio” gravados pelos “Vocalistas Tropicais” , que também marcaram o carnaval.

Ainda Emilinha gravou e obteve sucesso com o samba “A Água Lava Tudo”.

“A água lava, lava, lava tudo
Só não lava a língua dessa gente”.

No ano de 1948, em estilo diferente, em parceria com Elizário Teixeira, Orlando Silva gravou “Jornal de Ontem”.

Em 1959 Jackson do Pandeiro gravou “O Boi da Cara Preta” e em 1964, foi gravado por Jorge Veiga, talvez o último sucesso da dupla :”Bigorrilho”.

Romeu Gentil faleceu em 15 de outubro de 1983, aqui no Rio de Janeiro, aos 72 anos.


Norma

Gilda Abreu



Gilda de Abreu (Paris, 23 de setembro de 1904 — Rio de Janeiro, 4 de junho de 1979) foi uma cineasta, atriz, cantora, escritora e radialista brasileira.

Filha de um diplomata brasileiro e de uma cantora lírica, começou como atriz de teatro em 1933, passando ao cinema no papel principal da comédia romântica "Bonequinha de Seda", produzida por Ademar Gonzaga, em 1936.

Foi uma das primeiras mulheres a dirigir filmes no Brasil, fazendo estrondoso sucesso com o melodrama "O Ébrio" de 1946, sobre a ascensão e decadência de um cantor em virtude de uma decepção amorosa e do alcoolismo. O papel principal foi de seu marido, o cantor e compositor Vicente Celestino, com quem se casou em 1936.

Dirigiu também os dramas "Pinguinho de Gente", uma história ingênua e simplória, em 1947, "Coração Materno", onde também atuou como atriz e roteirista, em 1951, ao lado de Vicente Celestino, e "Chico Viola não Morreu", documentário sobre a vida e as canções de Francisco Alves.

Foi cantora lírica e de operetas, autora de radionovelas, das peças teatrais "Aleluia", "A Mestiça", "Arca de Noé" e "Alma de Palhaço" e de vários livros, dois deles sobre o marido, que morreu em 1968. Quando ela morreu estava casada com José Spinto.

wikipédia
Sônia Brandão. Poeta da imagem. Tem um blog lindo de fotopoemas. Clic na foto e visite.
O tear

Estou no meio da ponte, olhando o rio.
As águas negras regurgitam lá embaixo
Como um pulmão. As árvores, as estrelas
E os peixes pulsam.

A mulher tem um pinheiro na língua e canta.
O menino relincha como um cavalo.
A lua se admira no espelho d’água.
Contemplo o espetáculo do mundo.

Os cães disputam o osso da tarde.
A sombra é pouca para tanta luz.
É minha a paisagem.

O tear tece a trama de Deus.
Vai nascer o pássaro do êxtase.
Eu sigo arando a terra com a palavra.



José Carlos Brandão
Eis o poeta. A poesia como uma questão de linguagem. O poeta vê por imagens, que transforma em palavras, que organiza numa forma. Eis o poema. (José Carlos Mendes Brandão, que edita o blog "Poesia Crônica", para seus poemas, e "Poemas de Gregório Vaz", para os poemas de um heterônimo, mais descartáveis.)
Este é o meu amigo Brandão, poeta maior, superlativo, absoluto. Clic aqui e conheça seu blog.
Genial.

Endogenia
gera
Eu gênias?

Minha sede
cede aos encantos
da palavra

lavro rimas...
cerzir sinas
me compete

sê-de complacentes:
nem todo ouro brilha.



(ao Poeta Brandão)

Temporada Teatral em Crato


Um gesto de humildade – Por Magali de Figueiredo Esmeraldo

Há alguns anos, eu estava assistindo a celebração do Lava-pés, na Quinta-feira Santa, na paróquia que participo em Fortaleza. É muito significativa para a Igreja Católica essa celebração da Ceia do Senhor.

A missa do Lava-pés relembra o gesto de Jesus Cristo, que lavou os pés dos discípulos em sinal de humildade, solidariedade e igualdade entre os homens. A cerimônia lembra também, quando Jesus instituiu a Eucaristia, ao partir o pão e distribuir com os seus discípulos.

Eu estava sentada num local privilegiado, bem em frente ao altar, pois tinha sido escalada para fazer uma leitura. Dali poderia ver bem de perto a cerimônia do Lava-pés. Já tinha doze homens escolhidos com antecedência para representar os apóstolos. Anualmente são escolhidos homens conhecidos e que participam dos trabalhos da comunidade paroquial, geralmente representantes das diversas pastorais. Estavam sentados na lateral do altar, seis de cada lado. Todos vestidos com uma túnica apropriada, os pés limpos, pois o padre iria passar lavando, enxugando e beijando os pés de cada um. Quando o padre iniciou a cerimônia do Lava-pés, um mendigo entrou pela nave principal da igreja, sujo, mal vestido, com um saco preso às costas. Ele ficou em pé de frente para o altar, interessado em ver o que o padre estava fazendo. Parecia ser o mais excluído dos excluídos, tão pobre e miserável era a sua aparência. Como os lugares estivessem todos ocupados, o padre fez um sinal para que ele sentasse no batente do altar. O homem ficou atento. Pensei que o padre iria mandá-lo sair. Esse padre havia chegado à Paróquia há poucos dias e, as pessoas estavam falando que ele era antipático, pois não cumprimentava ninguém e tinha a cara muito fechada. Esse tipo de falatório ocorre sempre quando existe uma mudança de comando na direção de uma paróquia ou de qualquer organização.

Tão logo o padre terminou de lavar os pés dos homens que representavam os apóstolos, desceu o batente com a jarra de água e lavou os pés imundos daquele excluído, enxugou-os e beijou-os. O pobre homem ficou tão surpreso com esse gesto de demonstração de amor, que quis beijar o sapato do padre. Mas este não deixou.

Senti naquele momento a presença Deus, mandando um sinal para a comunidade aceitar o padre e entender que as pessoas podem ter defeitos e qualidades. Também percebi que Deus queria mandar um recado para todos nós: exercitar o amor pelos excluídos da vida. Que fazendo a nossa parte, ajudaremos a construir um mundo melhor, com mais paz e justiça para todos. Tudo isso me tocou profundamente e passei o resto da missa tentando enxugar as lágrimas que teimavam em rolar pela minha face. Para mim, foi emocionante ver o padre imitando o gesto de humildade de Cristo. Esse fato serviu de exemplo para mim e penso que para todos que estavam próximo daquele local.

Depois daquela ocorrência, muita gente que presenciou esse momento marcante passou a admirar e aceitar o padre, que com aquela atitude nos deu uma lição de como devemos exercitar a nossa humildade.

Por Magali de Figueiredo Esmeraldo

Professor Francisco Cunha é empossado no Conselho Estadual de Educação

O professor da Universidade Regional do Cariri, Francisco de Assis Bezerra da Cunha, foi empossado como conselheiro do Conselho Estadual de Educação do Ceará. A solenidade de posse ocorreu neste último dia 2 de junho, no Auditório Coronel Murilo Serpa, do Conselho Estadual de Educação, em Fortaleza. O professor Francisco Cunha foi nomeado recentemente para a função de conselheiro estadual de Educação pelo governador Cid Ferreira Gomes.

O Colegiado é composto de dezoito conselheiros e três suplentes de conselheiros, com mandato de quatro anos, sendo permitida a recondução aos cargos.

Conheça o Conselho de Educação
- Presidente do Conselho Estadual de Educação: Edgar Linhares Lima
- Vice-Presidente do Conselho Estadual de Educação: Ada Pimentel Gomes Fernandes Vieira
- Presidente da Câmara da Educação Básica: Ana Maria Iorio Dias
- Presidente da Câmara da Educação Superior Profissional: Vicente de Paula Maia Santos Lima

Conselheiros
Ana Maria Nogueira Cruz, Francisco Assis Bezerra da Cunha, Henry de Holanda Campos, Jose Batista de Lima, Jose Marcelo Farias Lima, Jose Nelson Arruda Filho, Maria Luzia Alves Jesuino, Maria Palmira Soares de Mesquita, Nohemy Rezende Ibanez, Samuel Brasileiro Filho, Sebastião Teoberto Mourão Landim, Sebastião Valdemir Mourão e Selene Maria Penaforte Silveira.

Conheça mais o Conselho Estadual de Educação
O Conselho Estadual de Educação, no passado, denominado Conselho Técnico de Educação, chamando-se depois Conselho de Educação do Ceará, já conta com quatro décadas. O Conselho de Educação do Ceará – CEC, órgão normativo e de deliberação coletiva é responsável pelas atribuições do poder Público Estadual em matéria normativa e consultiva de natureza educacional, bem como aplicar sanções na área de sua competência.

Fonte: Conselho Estadual de Educação do Ceará

SER FELIZ - Por Edilma Rocha


Queria sorrir por nada...
E ficar triste,
por motivo algum.
Apenas viver !
Ter um ciúme verdadeiro
que valesse a pena.
Tenho desejo
de um carinho...
Quero um abraço apertado,
quero beijar com paixão.
Passear de braços dados
com a felicidade,
Queria ser feliz
de verdade.

Cariricultuando - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Ânfora

Quando revolveres os guardados delas,
Lembre-se de tudo acontecer no singular,
Elas não gostam de generalidades,
São únicas, especialmente ela,
Não apenas ela,
Sobretudo ela,
Monoteísta,
Ela
A

Chico Nilton Buarque

Zé Nilton fará três programas sobre Chico. Bem ajustado volume ao tamanho da obra de Buarque. Falará de tantas alegrias ao som da Banda quando uma maré impressionante de casais deixava vazias as cadeiras das mesas e completavam o salão de dança. Certo que do protesto lamuriente da poesia de Ruy Guerra, tão lusitana e tão de Hollanda. Zé Nilton o mais Chico dos nossos compositores e cantores.

Flor Edilma Flor

Ah! Minha flor fotografar-te, sem ter de gastar com filmes e revelação é tão fácil, são tantos bytes e tantas flores no olhar. Mas ser Edilma é outra coisa, pode ser flor, mas não bytes e menos ainda um átimo de clique. Embora clique, Edilma tem o enunciado do longo período que se dobra no vale dos Cariris e envergava a alma como um balé subindo a chapada. Um clique de Edilma, uma flor por fixação de um momento.

Pedrinho: um cambiteiro urbano

Aquele corpo magro, rápido sobre o piso da calçada, célere como seus cumprimentos e agudos como suas idéias. Se algo havia, hoje existem as lentes de contato, eram seus óculos grossos que pareciam remexer os segredos da alma do seu interlocutor. Pedrinho é um cambiteiro urbano. Futuca a pasmaceira pequeno burguesa do Crato deitado num berço que não é esplêndido, com a tinta descascada e as pernas roídas por cupim. Pedrinho é cambiteiro na raiz do conceito: aquele objeto feito da bifurcação. Pedrinho bifurca o discurso único do tronco principal.

Emerson de sisudas noites

Emerson é concentrado. Ele caça nos montes. Silencioso e muito sério. Mesmo quando ri não gargalha, em recato de não espantar o momento. O tempo para este Monteiro não é uma passar de ampulheta. É uma trama na qual ele é autor, ator dos elementos presentes, ausentes e subentendidos. Basta ir com ele numa noite de domingo.

Nota de lembranças...

Nos anos 40, meu pai e a minha mãe, ainda namorados, trabalhavam na equipe de decoração da Rua Formosa, atual Santos Dumont, para a procissão de Corpus Christi.
Meu pai desenhava no calçamento , de cima à baixo, motivos florais e litúrgicos , e os seus moradores preenchiam-na de flores, compondo um lindo e artístico tapete. Não vi, claro, mas posso imaginá-lo !
Com essa imagem, começo o meu dia!

Corpus Christi



Corpus Christi (expressão latina que significa Corpo de Cristo) é uma festa que celebra a presença real e substancial de Cristo na Eucaristia.

É realizada na quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade que, por sua vez, acontece no domingo seguinte ao de Pentecostes. É uma festa de 'preceito', isto é, para os católicos é de comparecimento obrigatório participar da Missa neste dia, na forma estabelecida pela Conferência Episcopal do país respectivo.

A procissão pelas vias públicas, quando é feita, atende a uma recomendação do Código de Direito Canônico (cân. 944) que determina ao Bispo diocesano que a providencie, onde for possível, "para testemunhar publicamente a veneração para com a santíssima Eucaristia, principalmente na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo." É recomendado que nestas datas, a não ser por causa grave e urgente, não se ausente da diocese o Bispo (cân. 395).

Wikipédia

Ascendentes e descendentes por João Marni


Uma das verdades dessa vida é que os avós são pais açucarados. Compete aos pais educar os filhos e aos avós cabe tudo, mas com tolerância máxima.

A regra é que os netos chegam na fase de nossas vidas em que estamos dormentes, exauridos por reclamar, apontar caminhos, - os guris preferem veredas, atalhos, - sonolentos ainda por noites mal dormidas num passado não distante, enfim, com o coração mais tolerante, mais contemplativo, ligado em coisas realmente mais importantes e belas, como observar o vôo dos beija-flores, o nascer e o por do sol, a luz do luar, um gesto de amizade...


Chegaram-nos lindos, apesar da miopia e da plesmiopia que já nos acometem.


Os avós e os netos são como arco-íris, onde a esquerda da parábola é a curva ascendente da vida e a direita a descendente, não menos bonita, ambas multicores e os extremos tocando o chão da inocência, juntos!

É por isso que os avós tratam os netos como coleguinhas de infância e aí haja traquinagens, boas gargalhadas e cumplicidade em tudo, até esconder dos titulares uma nota baixa na escola.

Estragamo-lhes os dentinhos com tantos doces que, se não nos impedem, ficariam ainda mais parecidos com a gente...!

A expectativa de vida atual permite-nos que sejamos bisavós ainda lúcidos. Lembro-me de meus quatro avós e cada um regou o meu coração com suas bondades. Faço a rima com saudade.

É assim que têm que ser os avós, lembrando que no final do arco-íris, não há um pote de ouro, mas algo muito mais valioso: um avô ou uma avó, loucos pelos netos!

A EXPOCRATO 2010 está chegando e será a ocasião perfeita para grandes encontros e encantamentos. O plano é reservar os trocados e curtirmos juntos em paz, ascendentes e descendentes, com “monga” e tudo.

abraços,

João Marni !

CLIQUE - Por Edilma Rocha



ÂNFORA

"ÂNFORA" - Triplix -Claude Bloc X Socorro Moreira X Domingos Barroso




Por Domingos Barroso

Não vasculhe a bolsa de uma mulher.
Não há segredos sensatos.
Um batom ressequido que for.
Um espelho quebrado que seja.
Relíquias.
Não ultraje a alma de uma mulher
vasculhando-lhe a bolsa.
Cada insignificante objeto
uma vida.


Por -Socorro Moreira

Não vasculhes o coração de uma mulher
Sentimentos perdidos podem ressurgir ...
Laços que apertam papéis amarelados
podem asfixiar o coração de uma mulher
Não vasculhes o momento passado
Fique com o olhar de encanto que ela te dedica ...
Ela é poesia e musa inspirativa
O agri-doce da lágrima
Água doce estrelada
A bolsa e a mulher ...
É também a mulher e a vida !


Por : Claude Bloc
Não vasculhes o sentimento de uma mulher...
Não lhe insufles a alma
Pois sob as cinzas hão de ressurgir
As chamas do passado, o sortilégio do presente...
Não vasculhes a alma da mulher
A sua íntima sede de viver
Suas agruras e sua dor
Permita que ela solfeje
Os acordes mais plangentes...
Permita que ela se deite
Vazia e resignada...
Bolsas e colares ao léu...
Apenas mulher!

A Luz - Socorro x Claude

Por : Socorro Moreira

A luz
seja do olhar
seiva do luar
seja difusa
nesta vida confusa
seja fria
lâmina que arbitra
seja forte
mesmo na hora da morte
seja opaca
quando o amor se apaga ...
- Conseguir descobri-la
na escuridão do nada.

Por : Claude Bloc
A luz
Seja o fulgor nas estrelas
Seja a mina no olhar
Seja ela vespertina
Nas noturnas fantasias...
Seja o rumo, seja o prumo
Seja o sul ou seja o norte
Mesmo na hora da dor
Seja ela obtusa
Mas pura e passageira
Pois que quando o amor se apaga
É preciso sempre tê-la
E nela encontrar o lume
Na escuridão do nada.

Marion Zimmer Bradley



Marion Eleanor Zimmer Bradley (3 de Junho de 1930 - 25 de Setembro de 1999) foi uma escritora norte-americana de novelas sobre fantasia e ficção científica, tais como As Brumas de Avalon e a série Darkover.
Nasceu em Albany, capital do estado de Nova Iorque, em junho de 1930. No auge da grande depressão econômica, seus pais eram muito pobres, impossibilitados, portanto, de oferecer-lhe uma educação esmerada. Teve que começar a trabalhar muito cedo, chegando a ser garçonete e faxineira. Ao completar dezesseis anos, ganhou uma máquina de escrever da mãe. Marion com o presente oferecido pela mãe começou a escrever histórias. No início, para sobreviver, sujeitou-se a produzir uma série de romances sensacionalistas. Nos anos cinquenta, era aquilo a que se chama uma “escritora de sucesso fácil”, vendia histórias de sexo e de mistério a revistas de grande tiragem, para sustentar marido e filhos. Por essa altura juntou-se a um grupo de activistas lésbicas denominado Daugters of Bilitis, considerada a primeira organização de direitos lésbicos dos Estados Unidos. Na década seguinte, dedicou-se à produção de romances góticos para poder tirar um curso universitário. As suas histórias de ficção científica do ciclo Darkover ( um planeta onde os seres humanos, ao contacto com os alienígenas, adquirem poderes extrapsíquicos) continuam a ter numerosos admiradores. Com As Brumas de Avalon, e a sua permanência de três meses na lista dos “bestesellers” do New York Times, Marion tornou-se uma escritora de prestígio e uma das mais lidas no mundo inteiro . Prosseguiu na mesma senda com Presságio de Fogo (1987) (lançado no Brasil com o título de "Incêndio de Tróia"), onde reescreve a guerra de Tróia de uma perspectiva feminista. Regressa ao universo mítico da Bretanha druídica, desta vez, em confronto com o Império Romano com A Casa da Floresta (1983). Em 1985, Marion Bradley lançou um novo livro, especialmente destinado ao público infantil. Muitos, no entanto, consideraram o livro uma obra adulta, e possivelmente imprópria para crianças: "A filha da Noite", baseado na ópera "A flauta mágica", de Mozart. Deixou mais de meia centena de livros.

Entre seus livros mais famosos estão As Brumas de Avalon, Presságio de Fogo/Incêndio de Tróia, A Casa da Floresta e a série Darkover.

Marion Zimmer Bradley foi casada duas vezes e teve dois filhos. Morava em Berkeley, na Califórnia.

Muito de sua notoriedade também se deve ao apoio que deu à comunidade de ficção científica americana.


wikipédia

Escutei do Nicodemos :

Sou um homem fiel
Meu desejo é infiel.

Por Socorro Moreira

Acordei na madrugada

com a tristeza de um olhar

com o ranger dos armadores

com a minha insanidade.

Se tenho a eternidade

a tristeza é infinita...

Se o pior já passou

o melhor não há de vir .

Sinto um imenso calor

nessa madrugada de Junho ...

- É o sol que já voltou !

Por Socorro Moreira

Hoje foi um dia de risos e choros

De rosas e velas

De rezas e prosas.

Senti-me viva.

A compreensão da vida está para a morte

Assim como

A compreensão do amor está para a vida.

Agora , nesta quase madrugada ,

nem choro nem vela ...

Apenas uma tristeza amarga

com relação à morte que me espera.

Morrer é perder a consciência humana,

e ganhar a consciência eterna ?

Morrer é viver a inconsciência

É ficar em tudo e em todos

Pontos do universo.

Um foco maior nos atrairá

Um foco menor mantém a esperança

de reencontro e iluminação.

Namorar-te !- por Socorro Moreira

No passado eu derramei meu lirismo
Hoje sou empática com os enamorados,
na qualidade de errante...

Enamorados do mundo , da vida ,
da lua , e de toda casta ...
No fundo , e na superfície,
queremos paz na emoção

Namorar é um estado de graça
- Namor(ar-te) ... É arte !
Falamos num sempre brincar, eu e o meu mano Nicodemos :
- Enfim...Só !
- Dia sim; dias não !