Estou no meio da ponte, olhando o rio.
As águas negras regurgitam lá embaixo
Como um pulmão. As árvores, as estrelas
E os peixes pulsam.
A mulher tem um pinheiro na língua e canta.
O menino relincha como um cavalo.
A lua se admira no espelho d’água.
Contemplo o espetáculo do mundo.
Os cães disputam o osso da tarde.
A sombra é pouca para tanta luz.
É minha a paisagem.
O tear tece a trama de Deus.
Vai nascer o pássaro do êxtase.
Eu sigo arando a terra com a palavra.
- José Carlos Brandão
- Eis o poeta. A poesia como uma questão de linguagem. O poeta vê por imagens, que transforma em palavras, que organiza numa forma. Eis o poema. (José Carlos Mendes Brandão, que edita o blog "Poesia Crônica", para seus poemas, e "Poemas de Gregório Vaz", para os poemas de um heterônimo, mais descartáveis.)
- Este é o meu amigo Brandão, poeta maior, superlativo, absoluto. Clic aqui e conheça seu blog.
2 comentários:
Esses elogios superlativos - sim, superlativos são os elogios - me deixam sem jeito. Posso lhe garantir, Nico, mas você já sabe, que trabalhamos pesado. Quando dá certo, é por muito esforço.
Você sabe que eu admiro o seu trabalho. Temos nossas divergências - de estilo, de linguagem, essas bobagens, mas só isso, só nessas bobagens (quem não nos conhece, saiba que nós levamos a sério essas bobagens). O nosso objetivo é o mesmo: a arte.
Um grande abraço.
Aqui está um exemplo da belíssima poesia de Brandão, uma poesia que leva o leitor a estabelecer um contato com a natureza através das imagens formadas pelos seus versos.
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