Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
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claude_bloc@hotmail.com

sexta-feira, 17 de junho de 2011

música

pássaros cantam
cantam ou é barulho de água
nas pedras de um riacho
que passaria entre as mãos
não fosse tão grande
o lugar que fabrica solidão

pássaro ou gente
um canto onde
em cada canto se esconde
semente de solidão

a solidão se abre
maior do que a vista alcança
deserto que não sabe
quando começa e acaba

a música vai para perto
de quem acredita
na real possibilidade
de romper as arestas
desse deserto
cada vez mais perto
apertando por todos os lados
acabando com nossas conversas

qualquer um pode caminhar
nessas areias sem vê-las
tão duras, pode ouvir esse canto
sem saber de onde vem
para onde vai nem quando
voltará ondulando ondulando
num dizer om shanti shanti om

As mudanças de Generéia


As transformações apareceram de forma insidiosa, assim como o cupim destroçando pouco a pouco uma biblioteca. Quando Matozinho, muitos anos depois, olhou para trás é que percebeu a inexorável ação do tempo. Não só a vila havia pouco a pouco mudado seu leiaute – bastava ver as antigas fotos do lambe-lambe Zèzinho do Papouco – os costumes tinham ido junto. Certamente a chegada da televisão foi um dos propulsores daquela reviravolta. Depois da TV , Matozinho nunca mais foi a mesma. Travestiu-se de ares modernosos embora, no fundo, ainda permanecesse profundamente provinciana. As mocinhas já não mais aceitavam roupas de costureira, queriam as pré-fabricadas com os últimos modelitos das novelas. E os adereços seguiram a mesma tendência: nada mais de gigoletti, de travessa no cabelo e de cara sem maquiagem. Até as velhas já ousavam abandonar os véus, os califons, as combinações e as anáguas. Os rapazes já se espelhavam nas bandas de rock e comentava-se que até mesmo alguns baseados já muitos tinham experimentado. E de nada adiantava o sermão do padre, o esporro dos mais experientes: o mundo velho estava perdido no mato e sem cachorro. Os matozenses recobriram-se de um ar de fidalguia, como se a vida de todos houvesse saltado de uma novela: cada um passou a se achar mais importante que o outro e estabeleceu-se uma epidemia de pabulagem desenfreada.

E foi exatamente nesta época que D. Generéia , que morava no centro, resolveu mudar-se para uma outra casa, numa rua mais afastada. O marido havia perdido uma sinecurazinha que mantinha na prefeitura e a coisa apertara. Viu-se Generéia numa sinuca de bico. Primeiro não podia passar por baixo ( e isso lá era papel de atriz de novela!) e aceder que saía por pura liseira e , mais, que estava se mudando para uma casa mais pobre sita num cuvioco , próxima à famigerada Rua do Caneco Amassado. Uma notícia dessas não carregava nenhum glamour, nem era digna de um script de mini-série. Espalhou, de peito aberto, que havia sido recomendação de Janjão da Botica, uma tentativa, de mudando de clima, melhorar a asma feroz e o chiado de peito de que Generéia assumiu ser acometida. “É uma questão de tempo, vou mais prá veranear e quando voltar não venho morar perto dessa rafaméia aqui, não, já estamos pensando em fazer um palacete na nossa chácara no pé da serra da Jurumenha” , disse uma Generéia orgulhosa e cheia de si , com cara de Odete Roitman.

Após a enfática declaração de Generéia, pulou no meio do terreiro um outro problema: a mudança. É que não existe neste mundo de meu Deus uma coisa mais desmantelada que mudança de pobre. Imaginem uma carroça repleta de cacarecos velhos, soltando , como uma medusa, perna prá tudo quanto é lado. E mais: tendo que ser providenciada em várias viagens, durante o dia, já que no escuro não há nenhuma condição de se fazer o translado. É como se , de repente, a família expusesse suas entranhas à execração pública. A necessidade de uma mudança com essas características, certamente contradizia os atuais padrões globais da cidade de Matozinho. Se ao menos houvesse um caminhão baú, levando os teréns tudo entocado no breu da madrugada! Mas carroça!

Manhãzinha chega o carroceiro “Paçoca” com sua carrocinha, acompanhado de uns três moleques para assessorar no penoso mister. Os vizinhos observavam de longe, mantendo distância regulamentar, esperando de dentes e língua afiados, o momento de pinicar o oratório da pábula companheira de rua. Generéia postou-se na janela e começou a irradiar a mudança, em voz alta. Era uma desesperada tentativa de minorar um pouco a caótica visão dos cacarecos dependurados, utilizando alguns recursos da publicidade. Quando “Paçoca” pegou a Tevezinha preto-e-branco de umas quatorze polegadas, Generéia gritou para que todos ouvissem:

--- Meu povo ! Cuidado com a TV de Plasma !

Logo depois, os assessores recolheram os brinquedos dos filhos e colocaram numa caixa de sapato : uma peteca, duas bolas de gude, um triângulo, uma carrapeta e um pião. Quando traziam para a carroça, Generéia alarmou:

--- Epa ! Cuidado prá não quebrar o Videogame dos meninos, viu?

Quando “Paçoca” pegou a chaminé do fogão de lenha, repleta de pucumã e arrumou aquele cone preto retinto no meio da carga, Generéia saltou de lá e alarmou:

--- Preste atenção, seu Paçoca ! Vê se não arrebenta minha coifa, joviu?

Logo depois, os três moleques, com uma dificuldade imensa, pegaram a jarra de barro cheinha de água e, cambaleando pelo peso, começaram a levar até à carroça para colocar em cima da cantareira que lá já estava acomodada, com uns quatro canecos pendendo pelas beiras. De repente, o pote liso escorregou e lascou-se no chão. Foi água para tudo quanto é lado. Do outro lado da rua, Zé Fubuia que observava tudo: o fato e a versão bradou a todos pulmões:

--- Acode minha gente ! O Gelágua de Generéia partiu-se no meio !

J. Flávio Vieira

Sonhos de liberdade - Emerson Monteiro


Sob o signo de uma dessas reflexões que afloram o espaço misterioso entre a memória e o cotidiano, quando a gente pára o tempo e fica só visando o nada a nossa frente, qual quem quer fugir para lá do mais adiante, senti de perto esse intervalo gigantesco que nos espera, pois sentir a dor representa o que de diferente existe do eu atual ao Eu que, certo dia, perto ou distante, a ele chegará, ao Ser definitivo.

Com isso, viajei nas asas frondosas dos sonhos de liberdade. Esse desejo transcendental do ser feliz nos braços macios da leveza eterna, de que tanto falam sábios e místicos. Pisei suave a lã do coração pelos bastidores, buscando melhor o lugar de sonhar confortável. Viver comigo em paz, paz com o mundo. Persistir na imaginação das coisas boas habitando tetos longe da contradição que, por vezes, quer modificar o sabor de framboesa das saudades inesquecíveis.

Andei que andei, e olho as variantes do comboio de humanidade que transportamos em nós próprios, o tanto que somos cada um de nós. Nos compassos de música das inspirações momentâneas, essa vontade avassaladora de crescer para os céus fincou raízes impacientes, que fustigam as correntes escondidas do solo de carne onde ainda habitamos.

As histórias dos filmes falam disso, os filmes bons que tocam as cifras do lado interno, os livros deliciosos, as músicas... Flutuar nas doces avenidas das obras da ficção bem conduzida aos endereços agradáveis, para o destino de finais positivos. Jamais entregar o esforço dessas realizações a qualquer diretor, porquanto o custo das produções da vida reclama tremendas responsabilidades.

Andei que andei, que andei, e revejo lugares das grandes emoções, que testemunham as possibilidades infinitas para concretizar os tais sonhos. Alimentar acordes na harmonia dos fortes traços de autores geniais, sobreviver ao vasto continente da felicidade, sem abrir mão do direito natural de gerar seres andarilhos do amor pelos percursos das noites ricas de revelações, agentes da transformação construtiva e decente.

Deixo, pois, deslizar plumas de pensamentos na forma de imagens coerentes, lindos painéis de calma nas florestas do Paraíso. Acreditar no Si das notas musicais. Há luzes que clareiam conquanto marcas de relacionamentos ajustados, paridos nos pastos da mãe tranquilidade. Construções coordenadas em blocos justos, ao vigor das leis permanentes, no permanentemente.

Os velhos sonhos são aqueles que seguem transportando os humanos, mantendo-os nessa incansável jornada de retorno às estrelas, fulgor do carinho na força dos amores para sempre. E sonhar por isso com alegria de continuar.

De leve...

A VIDA A DOIS
Marido, preocupado: -Tenho um problema no serviço.
Esposa, despachada: -Temos um problema, porque, voce sabe, pra o quer der e vier, os seus problemas são meus também. Marido : - Tá bem: nossa secretária vai ter um filho... nosso.

COISA RUIM
Dois amigos conversando:
- Zé, fala uma coisa ruim!
- Minha sogra!
- Não, cara! Coisa ruim, de comer!
- A filha dela

O TRAIDOR
Pedro flagra o amigo Ricardo no banheiro fazendo xixi, sentado no vaso.
- Mas o que é isto? Homens fazem xixi em pé! O que houve contigo?
- É que segunda passada sai com uma loira, 1.80m, seios fartos e uma bunda inacreditável! Na hora H eu brochei! - Na terça sai com uma morena, 19 aninhos, uma delícia!!! Na hora H, brochei! - Na quarta foi com uma ruiva gostosona! Brochei! - Na quinta com uma coroa maravilhosa! Brochei também ! Na sexta, com um ninfetinha de 14 anos e... de novo brochei !
O amigo, intrigado, lhe pergunta:
- Tudo bem, brochar faz parte, mas por que mijar sentado?
- Depois de tudo isto, você acha que eu ainda vou estender a mão para este filho da puta, safado, traidor ???

FAZ SENTIDO
O bêbado passa em frente a um templo evangélico e escuta o maior barulho, gente chorando, gritando, desmaiando, berrando, estremecendo tudo.
Ele pergunta a alguém que está na porta: - O que é que está acontecendo ai dentro?
E o crente: - Jesus está operando, irmão!
O bêbado: - Pôrra, mas sem anestesia?

CRUELDADE Rita e seu namorado estavam no quarto enquanto a sua mãe terminava o almoço. Logo a mãe começa a chamar: - Rita, o almoço tá pronto! - Já vou mãinha, não demoro.
- Eu sei o que eles estão fazendo! - diz Joãozinho, o irmão mais novo.
- Deixa de ser intrometido e cala a boca, diz a mãe.
- Rita, anda! Vem prá mesa! - Já vou, mãe, só mais um minutinho!
- Há, há, ha, eu sei o que eles estão fazendo! - continua o pestinha (que leva um tabefe da mãe e cala a boca).
Passada quase meia hora, a mãe, novamente: - Ô, Rita, se apressa que a comida vai esfriar, filha! - Oh mãe, já vou... diz a filha, quase a chorar.
O Joãozinho então começa a rir e diz: - Eu sei o que eles estão fazendo, há, há, ha.
A mãe, perdendo a paciência: - Fala então, seu pestinha...
- A Rita me pediu o tubo da vaselina... eu dei o de SuperBonder!!!

A OAB de Crato convida todos os advogados(as) para o São João da OAB Crato!

Data: 20 de Junho de 2011.

Local: Estacionamento do Fórum do Crato.

Horário: 20:00 horas.

Traje: Típico.

Participações da Banda Belo Xote e Puxador da Quadrilha Tio Bibi.

Cada convidado levará seu prato e sua bebida.

O convite é extensivo aos familiares!

Contamos com a sua presença!!!

Ajustes na Programação da I Mostra Crato de Cinema & Video


17/06/11 ( Hoje- Sexta -Feira)


19:00 H

- Curta "O Cinematógrafo Hereje" de Jefferson Albuquerque Jr.

- Curta “Dez anos do Chá de Flor" de Cristina Diogo e Maria Dias.


18/06/11 ( Sábado)

14 h- Exibição dos filmes

- Curta “Caldeirão do Beato Zé Lourenço”, de Catulo Teles e Franciolli Luciano.

- Curta “Cabaré-Memória de Uma Vida”, do Coletivo Camaradas.

- Curta “Catadores de Pequi” de Zuiglio Brito e LaislaYanael.


17:00 H - Exibição de Longas

- Longa - "Sargento Getúlio" de Hermano Penna

-Longa- "Padre Cícero" de Hélder Martins

ENTRADA FRANCA

Realização: Governo Municipal do Crato – Secretaria de Cultura, Esporte e Juventude.

Apoio: Universidade Regional do Cariri (URCA), Instituto Cultural do Cariri (ICC), Officinas de Cultura e Artes & Produtos Derivados (OCA), Bantim Produções, Coletivo Camaradas, Blog do Crato e Revista Chapada do Araripe.
Ser
 - Claude Bloc -


Ela não tinha mais certeza dos seus últimos passos. Ainda assim, lhe assolava aquela confiança amofinada de que voltara. Era julho, a noite estava fria e a saudade tornava a escorrer pela cidade em tons de cinza. Da mesma forma como a vida que acreditava ter em mãos.

Pouco a pouco, tudo que era música se convertia em suspiros contidos. Tudo que era movimento, não mais podia ter razão de ser. Naquele momento, havia apenas um sentimento - o fato de reconhecer-se só e mesmo assim poder apanhar para si a mais simples verdade: era feliz! 

Considerava que aquela respiração ofegante, ainda era respiração. Mas isso não era um privilégio!  Bastava ser. Ser apenas. Humana! De sonhos e de vento, de sorriso, e de nostalgia. O todo que se torna igual, o pouco que se diferencia. O todo em sua essência, o pouco em sua superfície.

E como a vida, um dia o todo se mostra. Nunca tão simples, nunca tão doce, nunca tão concreto, mas buscando apenas ser. Ser humana!

Claude Bloc 

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A PALAVRA - Carlos Drummond de Andrade


Texto de Antoine de Saint-Exupéry...


As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas são guias. Para outros, elas não passam de pequenas luzes. Para outros, os sábios, são problemas. Para o meu negociante, eram ouro. Mas todas essas estrelas se calam. Tu porém, terás estrelas como ninguém... Quero dizer: quando olhares o céu de noite, (porque habitarei uma delas e estarei rindo), então será como se todas as estrelas te rissem! E tu terás estrelas que sabem sorrir! Assim, tu te sentirás contente por me teres conhecido. Tu serás sempre meu amigo (basta olhar para o céu e estarei lá). Terás vontade de rir comigo. E abrirá, às vezes, a janela à toa, por gosto... e teus amigos ficarão espantados de ouvir-te rir olhando o céu. Sim, as estrelas, elas sempre me fazem rir!" 

 Antoine de Saint-Exupéry

Fonte: http://tubaltrentino.blogspot.com/
De J.A Teixeira

Decênio de dom Fernando à frente da Diocese de Crato

Abaixo, um cartão que será distribuído nas 49 paróquias da Diocese de Crato, com a programação das comemorações pelos 10 anos do episcopado de Dom Fernando Panico, no sul do Ceará. No verso do cartão consta a oração abaixo transcrita.

Oração
Deus eterno e todo poderoso, que não cessais de guiar o vosso povo por meio de pastores que escolheis segundo o vosso coração: bendito sois pelo ministério do vosso servo Dom Fernando Panico, que há dez anos colocastes à frente da Igreja diocesana de Crato, para fortalecer, entre nós, a unidade do Espírito pelo vinculo da paz, do amor e da missão.
Nós vos agradecemos pelos tantos sinais da vossa graça que recebemos por meio do serviço pastoral do nosso Bispo, e vos pedimos: sustentai sua fidelidade e fortalecei o seu amor; santificai o seu pastoreio e tornai frutuosa sua dedicação a serviço do povo que lhe foi confiado.
Concedei-nos elevar cada vez mais os nossos corações ao alto, e, atentos à sua voz, nos unamos a ele na caridade e na missão; para chegarmos aos prados do Pastor Eterno, Jesus Cristo, Vosso Filho, que convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo. Amém
(Oração alusiva aos 40 de sacerdócio de Dom Fernando, e 10 anos de ministério na Diocese de Crato).

FOTÓGRAFO ZEKA ARAUJO - UM TRANSGRESSOR DA MODERNIDADE? - José do Vale Pinheiro Feitosa














Fotógrafo: Miguel Hijjar - www.miguelhijjar.com


Estou aqui com o Zeka Araújo um dos grandes fotógrafos brasileiro. Nascido no Rio de Janeiro, mas como diz o Zeka “é um ser do mundo”. De um mundo em mutação, deslocando a fotografia do eixo da técnica para o ser humano. Para o Zeka, a fotografia migrou do “tecnê” para o fotógrafo. Com isso querendo dizer que aquele tecnicismo das origens do profissionalismo se transformou com a fotografia digital e agora as pessoas tiram fotos como querem, a qualquer momento, com qualquer equipamento, desde o celular a grandes máquinas ditas profissionais para não dizer de quem pode comprar.

Zeka Araújo trabalhou nas principais editoras do Brasil, em jornais e revistas. Aquela famosa fotografia do Edson Luiz morto, nos idos de 1968 e que abriu as grandes passeatas estudantis é do Zeka. Ele trabalhou no Diário de Notícias, na Revista O Cruzeiro, no Globo, Placar, Veja. Além de ter sido sócio-editor de fotografia da Manchete ele trabalhou na Quatro Rodas, Claudia e assim muito mais veículos de comunicação. Por muitos anos chefiou a parte de fotografia da Agência F4-cooperativa que prestava serviços para News Week, Observer, Veja etc.

Andou em 18 países seja para realizar um trabalho ou para permanecer períodos em alguns deles. Na Inglaterra morou vários anos. Além da prática profissional o Zeka é um fazedor de escola ou de centros de formação de quadros e de acervos de imagens. Criou e manteve o Núcleo de Fotografia da Funarte, curador do Centro de Imagens do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, criou cursos de fotografia na Escola de Artes Visuais do Parque Lages, do ateliê de imagens da ESDI e da Escola de Cinema Darcy Ribeiro.

Em 1998, recebe do Ministro Francisco Weffort, titular do Ministério da Cultura o Prêmio Nacional da Fotografia pelo conjunto de sua obra e valiosa contribuição ao desenvolvimento da fotografia no Brasil.

O Zeka Araujo, aos 64 anos, tem um carinho de vida e uma doce lembrança de um trabalho especial. Junto com Tom Jobim editaram o livro muito belo chamado Meu Querido Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Mas esta doçura na fotografia documental, com imagens de objetos universais de reconhecimento é transgredida por este homem ousado. Este experimentador de subjetividades. O fotógrafo do inacabado, o parceiro do expectador.

No Rio de Janeiro, neste semestre está acontecendo a quinta edição do FotoRio – Encontro Internacional de Fotografia do Rio de Janeiro. São centenas de exposições por toda a cidade, em comunidades, prédios públicos, museus, centros culturais, simultaneamente espalhados nos bairros mais distantes. O Foto Rio dar visibilidade a grandes acervos e coleções públicas e privadas e à produção fotográfica contemporânea brasileira e estrangeira. Acontece de tudo em algum lugar, desde cursos, seminários, oficinas, mesas-redondas, palestras e conferências.

A Revista Veja da semana passada destacou o Encontro e a exposição que acontece no Centro Cultura Hélio Oiticica e nesta a exposição do Zeka BALANGANDÃS, ornamentos e amuletos usados em dias de festas. Aí vem o Zeka transgressor.

O Zeka pretende “desconstruir” além do autor, também a referência a objetos prontos e acabados do fotógrafo em imposição ao expectador. O Zeka não fotografa flores, animais, paisagens, ele “destrói” este objetos e desloca o referente da imagem. Ao deslocar este referente na direção de uma foto expressiva, ele torna o expectador também autor da interpretação do expressivo da imagem. Como ele diz: deixar livre a imaginação, criar um espaço poético que permite compor a realidade projetada numa parceria com o leitor.

O interessante do Zeka, como ele bem diz, não é o “tecnês” da imagem, mas a imagem como uma construção do expectador. O Zeka pode até usar meios de edição como o fotoshop, mas não é aí que reside o seu trabalho. O seu trabalho continua sendo a captura do referente, mas de um modo a deslocá-lo do fotógrafo para o expectador.

Você pode ver na internet algumas destas imagens presentes no Google.

Eclipse total da Lua - Por Heládio Teles Duarte

Foto: Heládio Teles Duarte

Manter a mensagem e o debate - José do Vale Pinheiro Feitosa

Tempos atrás, com a cabeça cheia de pressões, contradições, disputas, vitórias e derrotas, agora estava naquele momento de paz com o objetivo de retornar revigorado ao movimento. Encontrava-me num grande quintal nordestino. Cheio de plantas, réstias de luz, sombras e sol a pino. Os ouvidos tomados pelo barulho da folhagem movida pela constante brisa de Paracuru.

Era o paraíso da vida urbana agitada. Tudo acontecia num ritmo suave e meu espírito era pura contemplação. Naquele momento pensava: isto sim é vida, tudo o mais é a necessidade de estar no mundo. Não tinha como fugir, mas poderia ter um modelo alternativo de paz e este era aquele quintal.

Qual nada! Uma vizinha furibunda com as frutas que iam do meu quintal para o dela, abriu um conflito de jogar, de modo imprevisto, as frutas de retorno ao meu. De repente poderia ser acertado por uma graviola bichada pintada por um fungo preto. Nem ali poderia esquecer-me do mundo, das pessoas iguais a mim, houve o impulso do indignado, mas evolui para a reflexão das permanências de fronteiras. Alguém está em algum lado que nem sempre é o meu.

Isso me lembra uma música do Chico Buarque feita para fustigar o ex-presidente Geisel que disse não gostar dele, enquanto a filha do general gostaria. A verdade é que ninguém precisa saber do meu quintal, mas é importante que alguém compreenda a minha busca de compreensão do mundo. Não concorde com ela, mas saiba que assim imagino. Não tem problema que aponte meus erros, mas sem jogar graviola podre em cima de mim.

Isso vem muito a propósito do motivo pelo qual escrevo para os blogs do Crato. Aliás, os únicos para os quais escrevo. Tudo o mais que estiver publicado não foi pelos meus dígitos. E quando abordo qualquer assunto, mesmo que não seja do agrado de outras pessoas, não imagino a concordância, mas, no mínimo, o brilho do contraditório.

Quando alguém me diz que gosta do que digo sobre determinados assuntos, mas que não deveria falar do que não é a minha “especialidade” funciona comigo como uma fruta jogada do outro lado do muro. No dia em que um assunto não puder ser tratado por um cidadão, este assunto não existe. Isso é coisa de sociedade secreta, de iluminados, de mensagens cifradas.

Se estamos todos aqui discutindo política, cultura, economia, filosofia e o cotidiano o mais certo é que as visões se multipliquem. Quando não gostamos da abordagem de alguém, tratemos de analisar, refletir e se estiver com o conteúdo que julgue importante contrapor-se tem por sentido a obrigação de fazê-lo. E também se não tiver interesse em participar de eventuais querelas não o faça. O que não é legal é ficar com raiva, querendo jogar frutas em quem discorda.

Um sobrinho executivo das Tias High-Tech - José do Vale Pinheiro Feitosa

Foi um primo de São Paulo. Destes que já fizeram pós de todos os tipos lá na USP. Entusiasta da tecnologia digital, do ser no mundo conectado ao cabedal de informações que estão em todos os lugares como neve na Antártida. De vez em quando há deslizamento e toneladas encobrem o mais remoto do pensamento humano.

Com ares de executivo bem sucedido foi visitar as nossas arcaicas tias high-tech: Rosinha, Maria e Mundinha. Vou explicar: vivem numa fazenda do Potengi no meio de tecnologias que os sobrinhos lhes dão. Gostam mesmo é de pesquisar notícias nos jornais, mas já têm celular, micro-ondas, antena parabólica, DVD, Blue-ray, Televisão LED com óculos para 3 D e assim vai. Não vale a pena listar novidades neste mundo do consumo: sempre tem alguma querendo entrar na lista.

O carro freou no terreiro da casa. Era uma hilux prata, com pneus brilhantes, vidros fumês, um som de fazer inveja a uma casa de show, televisão digital no painel, plugagem para todo tipo de parafernália eletrônica e não vou falar em computador de bordo, pois isso até o Uno Miller já tem.

As tias ansiosas pela visita do sobrinho, já tinham recebido e-mails e no percurso entre o Crato e o Potengi, o rapaz lhes telefonara mais de uma dezena de vezes. Ele estava ansioso para chegar ao misterioso mundo pendular das tias: entre a pré-modernidade e a pós-modernidade.

Tia Rosinha, a mais novidadeira, já estava no terreiro para ser a primeira a abraçar o rapaz. Tia Mundinha estava na metade dos batentes que dão no alpendre e tia Maria no topo da escada com braços abertos para o sobrinho enquanto a porta do motorista começava a se abrir.

O rapaz pôs um pé fora do carro, levantou-se do banco e logo o rosto de riso largo despontou por sobre o topo da porta. O encontro eminente com as tias era uma festa mais intensa e emocionante do que as dezenas de vezes que tinha levado os filhos a Orlando visitar o parque da Disney.

As tias não estavam tomadas de surpresas. Sobrinhos eram valores absolutos. Já estavam gravados nos corações delas. Por isso mesmo a alegria do valor intrínseco é bem maior que as surpreendentes novidades.

Naquele terreiro dos sertões do Potengi acontecia a apoteoso do encontro: entre as pós da USP e os pré da terra que havia financiado todo aquele pós. O abraço seria a sagração da família nordestina. Depois era seguir o ritual: doces, almoço de desmaiar o comensal, cafés, bolos, conversas e recordações sobre avós e pais do rapaz.

Mas quem imagina a conciliação entre o pré moderno e o pós moderno pode ir tirando o cavalinho da chuva. O Smarthfone do rapaz entrou feroz com informações de voz, imagem e texto. Foram vinte minutos junto à porta da Hilux tentando resolver as mensagens. A alta tecnologia da Hilux em nada podia ajudá-lo.

As tias se cansaram de ficar em pé e foram aguardar o término da sessão do executivo, bem sentadas na varanda.

É HOJE ! REAPRESENTAÇÃO DE "O CINEMATÓGRAFO HEREJE"


REAPRESENTAÇÃO HOJE (SEXTA) !

HORA : 19:00

LOCAL- CINE TEATRO MODERNO

ENTRADA FRANCA

SIMBORA !

 Fotossíntese
- Claude Bloc -


Vivo à luz de( tuas) palavras
À sombra de um sonho
Que não esqueço.
Reflito, 
Como um lago que refrata
A fotossíntese da alma.
Então, as palavras se  tocam,
Nesse céu, sem reflexos
Contornando a noite
Em pleno vôo...
E depois do pouso,
O repouso
O silêncio.

Claude Bloc