Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A Força da Fé! – por Carlos Eduardo Esmeraldo

A história que se segue, é mais uma das tantas que ficaram gravadas na minha memória. Eu a li há cerca de oito anos numa revistinha portuguesa deste novo milênio, porém escrita num estilo e grafia que, para nós brasileiros, eram parecidos com o que se escrevia por aqui cem anos atrás. Entretanto, ela nos revela a firmeza de caráter e a força do homem que tudo confia na providencia divina. E deste modo, encontra alento para superar os acontecimentos negativos que a vida nos reserva.

Há muitos e muitos anos, havia num certo país, um rei despótico que tinha um secretário muito temente a Deus. Para todo e qualquer acontecimento bom ou mal que sucedesse a esse secretário, ele sempre dizia:
– Se Deus permitiu isso, é porque foi para o meu bem!

O Rei já não agüentava esse seu secretário repetir essa cantilena o tempo todo, com tudo que acontecesse não somente a ele, mas aos outros também.

N
um lindo dia de verão, o rei e seus serviçais, incluindo o seu fiel secretário, foram a uma caçada. No meio da mata, surge de repente, um leão feroz que atacou o rei num local onde ele ficara sozinho. Quando os guardas ouviram o barulho, correram para salvar seu soberano, mas o leão já havia decepado um dos dedos da mão do rei.

O soberano ficou muito triste e revoltado com o que lhe sucedera. Blasfemava a todo instante por ter perdido um dedo. Do mais alto do seu orgulho, não aceitava reinar mutilado, como havia ficado. Então o seu bondoso secretário, desejando reanimá-lo, lhe disse:
– Senhor rei, se Deus permitiu isso é porque foi para o vosso bem!

O rei ficou muito indignado com esse seu servo e ordenou aos guardas que o colocassem na masmorra. E lá foi o leal secretário amargar resignado toda a humilhação que uma prisão reserva para qualquer ser humano.

Algum tempo depois, o rei que era viciado em caçadas e aventuras foi com um séquito de guardas a uma expedição numa região inexplorada. Como tinha por hábito afastar-se dos que lhe seguiam, caiu numa armadilha montada por canibais selvagens.

A tribo toda foi reunida para o ritual do sacrifício a que seria submetido aquele forasteiro, que se tornaria alimento, após a cerimônia. De nada valeu ele implorar que o soltassem, pois era um rei muito rico e poderoso. A tribo queria em poucos instantes deliciar-se com aquele manjar que os deuses mandaram de presente. O rei foi colocado num caldeirão de água, sobre quatro grandes pedras a lhe servirem de trempes. O fogo foi aceso e a água já amornada, iniciava a soltar pequenas bolhas. Homens e mulheres daquela tribo dançavam com grande euforia em volta do caldeirão, enquanto aguardavam o momento preciso da carne daquela vítima ficar pronta para o grande banquete. De repente o chefe da tribo ordenou:
– Parem o ritual! Este homem não pode ser sacrificado, pois está incompleto. Falta-lhe um dedo.
E assim o rei foi posto em liberdade, escapando por pouco de ser devorado.

Ao retornar ao seu palácio, o rei mandou trazer à sua presença, aquele secretário que mandara prender. Diante do servo, pediu-lhe mil desculpas. O secretário humildemente respondeu:
– Senhor rei, se Deus permitiu que eu ficasse preso foi para o meu bem!

Ao escutar essas palavras, o rei com muita surpresa, perguntou:
– Como ousas dizer isso? Fui muito injusto com você, um amigo de verdade, e você não ficou revoltado pelo que lhe fiz?
– Se Vossa Majestade não me tivesse mandado para a prisão, eu estaria ao lado do meu Senhor naquela caçada e, os canibais ao notar que eu estava inteiro, iriam me sacrificar, colocando-me no caldeirão de água fervendo para saborearem minha carne.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Erotismo em Branco - Márcia Denser


A porta se abrirá lentamente e eu verei o que tem detrás.

Branca de Neve: O Conto de Fadas

Quando se fala em conto de fadas, fala-se, automaticamente, sobre crianças, sobre o espaço infantil. Segundo Noemi Paz:

O conto de fadas é uma alegoria da passagem iniciática na qual o herói representa a alma perdida no mundo a lutar contra os poderes inferiores de sua própria natureza e contra os enigmas que a vida lhe propõe, até encontrar, após aceitar e realizar as provas, os meios para a sua própria redenção. 1

Sabe-se que o conto de fadas provém do conto maravilhoso e, além de se constituir da literatura popular, manteve-se vivo e se propagou devido à tradição oral. "Branca de Neve"é um dos contos de fadas mais conhecidos e faz parte do imaginário infantil. Como todo conto de fadas, sofre variações conforme o tempo e o espaço.

Neste trabalho, utiliza-se, porém, apenas uma versão: a de Jacob e Wihlelm Grimm. Nessa versão, Branca de Neve é a concretização do desejo de sua mãe em ter uma criança bela. O conto inicia-se assim:


Era uma vez uma rainha. Um dia, no meio do inverno, quando flocos de neve grandes como plumas caíam do céu, ela estava sentada a costurar, junto de uma janela com uma moldura de ébano. Enquanto costurava, olhou para a neve e espetou o dedo com a agulha. Três gotas de sangue caíram sobre a neve. O vermelho pareceu tão bonito contra a neve branca que ela pensou: "Ah, se eu tivesse um filhinho branco como a neve, vermelho como o sangue e tão negro como a madeira da moldura da janela." Pouco tempo depois, deu à luz uma menininha que era branca como a neve, vermelha como o sangue e negra como o ébano. Chamaram-na Branca de Neve. A rainha morreu depois do nascimento da criança.2
Branca de Neve nasce conforme sua mãe desejou: com a tez alva, com as bochechas vermelhas tais qual a cor de uma maçã - fruto proibido, elemento simbólico do prazer, da perdição - e com os cabelos negros. Agrega em si um cromatismo sugestivo, pois o branco faz lembrar a pureza, a inocência; o vermelho, a paixão, a sexualidade e suas madeixas escuras remetem à noite, à escuridão, ao sofrimento.

Segundo Bruno Bettelheim, a história de Branca de Neve, aparentemente inocente e infantil, está carregada de símbolos relacionados à sexualidade, à sensualidade e ao erotismo. Diz ele sobre o referido conto:


Aqui a estória propõe os problemas a resolver: inocência sexual, brancura, contrastada com o desejo sexual, simbolizado pelo sangue vermelho. Os contos de fadas preparam a criança para aceitar um acontecimento que seria conturbador: o sangramento sexual, como na menstruação, e posteriormente na relação sexual quando o hímen é rompido. Ouvindo as primeiras frases de Branca de Neve a criança aprende que uma quantidade pequena de sangue - três gotas (sendo o número três o mais associado no inconsciente com o sexo). - é uma pré-condição para a concepção, porque a criança só nasce depois do sangramento. Aqui, então, o sangramento (sexual) está intimamente ligado ao acontecimento "feliz"; sem explicações detalhadas a criança aprende que nenhuma criança - nem mesmo ela - poderia nascer sem sangramento.3
Por intermédio do espelho - metáfora do voz da consciência feminina, narcísica, invejosa e vulgar - a madrasta da bela moça fica ciente da beleza insuperável da enteada e exige que um caçador mate-a, na floresta, e leve para ela seus pulmões e seu fígado, como prova de que a matou. O caçador, diante da beleza de Branca de Neve, em vez de cumprir as ordens dadas, deixa a moça fugir livre pela floresta julgando que essa não fosse resistir, por muito tempo, sozinha num lugar que mantém tantas ameaças.

A fim de enganar a mandante do crime, o caçador mata um javali que cruzou o seu caminho, arranca-lhe os pulmões e o fígado e os leva ao seu destino. A mulher come as peças, acreditando estar comendo a filha de seu marido. Esse ato canibalesco alude à sabedoria popular que a faz acreditar que, ingerindo partes de Branca de Neve, pode adquirir sua beleza, tornando-se, enfim, a mais bela das mulheres.

Ao contrário do esperado, Branca de Neve resiste e chega à casa dos sete anões. Ao avistarem a moça, a reação é de surpresa e contentamento: "Ó céus, ó céus!" todos exclamaram. ‘Que bela menina!’Os anões ficam tão encantados com aquela visão que resolveram não acordá-la, deixá-la continuar dormindo em sua caminha." (2004: 96). Diante de tamanha beleza, a acolhem sob a condição de ser responsável pelas tarefas domésticas. Os anões lhe dizem: "Se quiser cuidar da casa para nós, cozinhar, fazer as camas, lavar, costurar, tricotar e manter tudo limpo e arrumadinho, pode ficar conosco, e nada lhe faltará." (2004: 91).

Vale lembrar as próprias palavras do conto para observar o estado dos diminutos homens frente à imagem de Branca de Neve. Nesse primeiro momento, o campo lexical acolhe os vocábulos: "bela" e "encantados". Por ser a moça "bela", é capaz de deixar os homens à sua volta "encantados". Sobre esse natural poder de sedução da personagem da história infantil, Francesco Alberoni, em seu livro O Erotismo comenta:


Existem mesmo duas imagens arquetípicas da sedução feminina. A Bela Adormecida, Branca de Neve, Cinderela, onde o homem é atraído pela beleza. Apaixona-se e a mulher parte com ele. A segunda é a da feiticeira (Circe, Alcina) que prende o homem com um encanto. O mito nos diz que Branca de Neve ou a Bela Adormecida estão enamoradas do príncipe.4
Na verdade, na história infantil, os anões não "partem com ela". Esses homens, por serem pequenos, não representam perigo sexual tampouco despertam algum tipo de desejo na bela jovem. Eles a mantém "cativa" da forma que podem e ela responde à pergunta dos anfitriões: " ‘Sim quero ficar, não desejo outra coisa’, Branca de neve respondeu e ficou com eles." (2004: 97).

O enunciado ambíguo sugere algumas interpretações distintas daquelas pueris. Esse "desejo" de ficar pode, aqui e ali, comparar-se à vontade de ser mulher, adulta, objeto de desejo daqueles seres que a acolhem num momento tão difícil. Recorrendo a Bettelheim, pode-se perceber uma visão menos infantil dos anões:


Estes ‘homenzinhos’ de corpos atarracados e trabalhando na mineração - penetram habilidosamente em cavidades escuras - sugerem conotações fálicas. De certo não são homens em qualquer sentido sexual - seu modo de vida e o interesse em bens materiais sugerem uma existência pré-edípica.5
Bruno Bettelheim aponta também, ainda a respeito dos anões, que os conselhos que são dados à Branca de Neve para que não deixe ninguém entrar em casa, quando estiver sozinha, simbolizam, na verdade, o alerta de não deixar ninguém entrar, inclusive, nela. No entanto, tais conselhos são negligenciados, já que a jovem se deixa enganar três vezes pela madrasta disfarçada que bate à porta e anuncia: "Mercadorias bonitas a precinho camarada." (2004: 92).

Curiosamente, em todas as vezes é oferecido a jovem algo que mexa com sua vaidade ou com seu desejo mais secreto. Na primeira vez, a velha ofereceu cadarços multicoloridos, a velha colocou o cadarço tão apertado no pé da moça que ela ficou sem ar e caiu no chão como se estivesse morta; da segunda vez, o "obscuro objeto de desejo" da jovem foi um pente envenenado e - mesmo sendo advertida, outra vez, para não atender a ninguém - sob a fala da velha: "Agora vou pentear seu cabelo como ele merece." - deixou-se enganar, novamente, e, assim que o pente tocou seus cabelos, o veneno fez efeito e a moça caiu no chão. Nessas duas vezes, os anões retornam e conseguem ajudar Branca de Neve. Em contrapartida, na última investida da madrasta, o objeto oferecido foi uma maçã - elemento que faz parte do imaginário coletivo como símbolo do desejo, da paixão, mas também da perdição.

Como se vê, a jovem se deixa levar por seus impulsos e, num misto de ingenuidade e cobiça, cai em tentação. A partir desse último argumento simbólico (a maçã), a madrasta consegue deixar Branca de Neve semi-morta por um longo tempo, pois essa, envenenada, fica atravessada em sua garganta.

Um momento que instiga a imaginação do leitor "adulto" ocorre quando os anões chegam e encontram, pela terceira vez, a mocinha caída no chão. A fim de procurar algo que pudesse ser venenoso, os anões desatam seu corpete, penteiam seu cabelo e banham-na com água e vinho. Nossa! Se essa cena for narrada fora de contexto, pode, perfeitamente, sugerir uma bacanal feita por necrófilos: sete homens, intimamente, em volta de uma mulher morta que conserva ainda a beleza da vida.

Supondo estar a bela moça morta, os homenzinhos colocam-na num caixão de vidro e levam-na para o alto da montanha onde poderá ser sua beleza admirada e cobiçada para sempre, uma vez que, mesmo, aparentemente morta, exibe as bochechas vermelhas como se estivesse viva. Essa "exibição" e o fato de estarem ainda vermelhas as bochechas da moça evocam, mais uma vez, a cor da paixão, a cor da maçã, a cor das gotas de sangue. Não se pode perder de vista que a rainha dividiu a maçã com a Branca de Neve antes de ela morrer, aludindo assim à própria divisão da libido, da sensualidade.

Ao final, como a maioria dos contos de fadas, maniqueísta, o bem vence o mal. Branca de Neve é achada por um príncipe que por ela enamorou-se. Com o consentimento dos anões, resolve levá-la e num descuido de seus criados, ao transportar o caixão de Branca, um solavanco solta o pedaço de maçã envenenada que estava entalado na garganta da bela moça.

É certo que a madrasta recebe seu castigo. Ela é convidada para ir ao casamento da enteada e, mesmo com toda sua inveja e ciúme vai. Ao chegar lá:


Sapatos de ferro já haviam sido aquecidos para ela sobre um fogo de carvões. Foram levados com tenazes e postos bem na sua frente. Ela teve de calçar os sapatos de ferro incandescentes e dançar com eles até cair morta no chão.6
Sobre essa passagem Bettelheim aponta:


O ciúme de sexual incontrolável, que tenta arruinar os outros, se destrói a si mesmo - simbolizado não só pelos sapatos de ferro em brasa mas pela morte que causam, dançando com eles. Simbolicamente, a estória diz que a paixão descontrolada deve ser refreada ou será a ruína da própria pessoa. Só a morte da rainha ciumenta (a eliminação de toda turbulência interna e externa) pode contribuir para um mundo feliz.7
Dessa forma, percebe-se que, até um conto universalmente conhecido e, superficialmente, inocente, apresenta em seus implícitos uma série de sugestões sensuais e eróticas. É possível reconhecer, numa leitura mais ampla e direcionada, os vestígios de uma sociedade cristã, repressora e manipuladora da libido alheia.

Rejeição e dor - Andrea Pavlovitsch




Você já foi rejeitado? Aposto que sim. Aposto como aquela menininha linda da quarta-série não queria nada com você e quando você escreveu no bilhetinho “Quer namorar comigo?” com dois quadradinhos ao lado do SIM e do NÃO, ela assinalou um X no não tão forte que até furou o papel. E aposto que você ainda se lembra de quando o seu pai comprou um presente para o seu irmão mais novo, e não para você. Ou quando, sentado na sala de espera da entrevista de emprego, percebeu o quanto o ex-futuro chefe gostou muito mais do currículo da candidata que entrou antes de você. Ou dos peitos, que seja! A rejeição acontece. O tempo todo. Seja na fila do ônibus, seja no trabalho, mas onde ela realmente pega, são nas relações amorosas.
Perdi a conta do número de vezes que consolei minhas amigas rejeitadas pelos pretendentes. Perdi a conta do número de vezes que eu precisei delas para que me consolassem. A rejeição amorosa mexe em um lado nosso que nem sabíamos que existia. É como se, por alguns instantes, um imenso buraco abrisse debaixo dos nossos pés (a famosa sensação de estar sem chão) A cabeça fica turva, os olhos começam a lacrimejar, a garganta fecha completamente. É dor. Na sua forma mais pura, mais profunda. É como se fossemos, naquele momento, lixo. Quando estamos realmente, de verdade, apaixonados então a coisa piora. E muito. E não pense que precisamos das famosas palavras “eu não te amo mais” para nos sentirmos assim. Rejeição, quando começa, se sente. Sentimos nos olhares para a mesa ao lado do restaurante. Sentimos quando não importamos mais para aquela pessoa, quando tudo o que fazemos para ela ou para ele parece nada. É como se fosse uma coisa comum, por mais que nos esforcemos, não tem nenhum significado para o outro.
E como é duro se conformar com isso. Quando ele chega e diz “Acabou!” ficamos inconformados. Por quê? Como? Não entendemos nada porque não conseguimos ler os sinais. Pensamos: “Mas como pode, estava tudo tão bem?”. Mas não estava há tempos. Por isso acredito que a rejeição nos cegue. Talvez para que doa menos. Talvez para que possamos passar melhor por isso. E todos fogem da dor, o tempo todo. A dor das necessidades da vida. A dor de perder, de desapegar. A dor de mudar uma rotina que gostamos tanto. De esquecer, de deixar de gostar, de deixar de sentir necessidade e de sentir necessário.
De fato, a rejeição mexe com o que existe de mais primitivo em nós. Quando somos bebês não queremos, e nem podemos ser rejeitados pelos nossos pais. Dois dias sozinhos neste mundo cruel, sem comida, sem leite, sem cobertores nós até sobrevivemos. Mas um dia, que seja, sem carinho e sem toque, e não existiremos mais. A rejeição, portanto, mexe com o nosso instinto de sobrevivência, de capacidade de conseguir chegar numa idade em que poderemos nos virar sozinhos. Mexe com as necessidades de carinho e de afeto que só uma mãe pode dar. E são estes os sentimentos que aparecem quando acontecem as outras rejeições na nossa vida. É como se todas as outras remetessem a rejeição original que pode ser desde um “não sei se quero mesmo ter esse filho” até um abandono na cesta de lixo ou num rio, como está tanto na moda. E isso sempre é dolorido. E muito.

Mas porque somos rejeitados?
Essa é a pergunta que todos gostariam de ver respondida. Não existe uma fórmula. Não adianta você ser a mais bonita, a mais gostosa e a mais inteligente do planeta. Isso não fará com que você não precise passar por isso. E procuramos tanto nos “ajeitar” para evitar a rejeição. Enchemos-nos de botox, levantamos o bumbum, fazemos ginástica, aprendemos a falar direito. Qualquer truque! Para que aquela pessoa, aquela pessoa especial que amamos tanto e que escolhemos, também escolha a gente. E, um dia, um belo dia, descobrimos que nada do que fizermos vai adiantar muito. A rejeição, feliz ou infelizmente, está relacionada à energia. Simplesmente não deixamos de gostar de alguém porque a pessoa tem esse ou o outro defeito. Tantas mulheres aturam maridos bêbados e espancadores por medo da rejeição. Tantos homens sustentam mulheres que não merecem por medo de serem rejeitados por elas. Na pior das hipóteses, o medo da rejeição vira um imenso jogo. E se a pessoa amada sabe se aproveitar desse jogo, com certeza, o outro sofrerá muito.

Mas o que é a rejeição então?
A rejeição, portanto, é o quanto a gente se rejeita. O quanto achamos que não somos suficientemente perfeitos. O quanto não nos aceitamos como somos. É muito fácil aceitar um homem, ou uma mulher, que amamos como eles são. Até achamos os defeitos pequenos charmes passíveis de perdão. Mas quando cometemos um erro, quando fazemos algo de não gostamos, nos culpamos, nos rejeitamos. E quanto mais você se rejeita, mais o Universo vai mandar pessoas para você em forma de rejeição. É como se você estivesse pedindo isso para o Universo o tempo todo. Vibrando a rejeição, atraímos a rejeição.

Então, como nós livrarmos da rejeição?
O primeiro passo é uma grande, imensa, faxina interna. Sente-se um dia, com você, e se lembre de todas, todas, todas as ocasiões em que foi rejeitado ou que se sentiu assim. Chore, grite, esbrajeve. Soque umas almofadas, faça qualquer coisa que te faça sentir melhor, mas, por favor, não entre no coitadinho de mim. Você não é o único rejeitado do planeta e pode, muito bem, agüentar isso. Livre-se daquela coitadinha que não pode mais viver por ter sido rejeitada. Simplesmente mande ela embora da sua vida.
Segundo passo, e mais importante, amar a si sobre todas as coisas. Aprender a amar os seus erros, os seus defeitos, as suas atitudes impensadas, as coisas que você fez e não deram certo, os fracassos. Pense que tudo no Universo está sempre no local e na sintonia certa e que se essas coisas te aconteceram é porque tinham que acontecer. Não pense que seria diferente, que você teria feito outras escolhas, porque não teria. As coisas são o que são. Aceite-as. Aceite a si e, assim, você também vai aceitar o próximo. Pense nas vezes em que você rejeitou alguém. Pensei que você pode ser a menininha da quarta-série que respondeu a enquete. Pense que, muitas vezes, você teve que rejeitar uma pessoa que você sabia que não tinha nada a ver com você. Essa é a dinâmica da vida e não é você quem vai modificá-la. Simplesmente aceite.
Então, a lição de casa para a rejeição é a aceitação. E se isso te fizer chorar, chore. Se isso te fizer sofrer, sofra. Não é vergonha para ninguém passar por isso, não é humilhação. Humilhação, de verdade, é deixar de se amar e esperar que o outro faça isso por vocês dois.
Você é um ser humano perfeito! Com todas as suas imperfeições. E está numa grande escola chamada Vida, onde você pode errar a vontade. E sempre, sempre, sempre se perdoar por isso.


Andrea Pavlovitsch

Como lidar com a rejeição amorosa


"Não! Definitivamente não é fácil se sentir rejeitado(a) por alguém que se ama. Pior é viver na expectativa de mudança, preso a um fio desgastado de nylon, na beira do precipício. É mais ou menos isso! Você sabe que não há o que mudar, mas se mantém por perto caso haja um sinal de fumaça vindo em sua direção.
Mas diante de tanto desprezo, por que ainda alimenta esperança? Onde está o seu amor próprio? Sim, você vai dizer: - É fácil falar! É claro que é fácil dissertar teses de autoajuda quando o sentimento não nos toca. Sentir-se rejeitado(a) faz da pessoa alguém menor, em segundo plano, com a sensação de derrota frente a uma situação em que nada se pode fazer. Cabe ao outro a decisão, o veredicto, o "fique" ou o "vá embora". É cruel demais sentir-se impotente. Você se pergunta: - Onde foi que eu errei?
Não houve erro, mas equívoco por parte da outra pessoa. É provável que só agora ela tenha se tocado de que você não é exatamente aquilo que ela esperava, ou era mais do que ela esperava. Quem pode saber o que o outro sente de fato? Na verdade, tateamos as emoções aos poucos, no decorrer dos dias, à medida que vamos conhecendo aquele ser que ali está, com diferenças e singularidades, com características convergentes e dessemelhanças insuportáveis. Mas como se apaixona por alguém errado? Não é uma escolha, é questão de química, de pele, de emoção, de atração, não há explicação lógica para as nossas escolhas sentimentais.
O que fazer então? O caldo já entornou e você está arrasado, olhando para o teto para ver se ele desaba. Não! Não vai adiantar ensimesmar-se, compadecer-se de si mesmo. É preciso, primeiramente, fazer cair a ficha, aceitar o fim do relacionamento e não esperar mais nenhum capítulo dessa história. Feito isso, é começar a se desfazer de cada detalhe que o coloque para baixo, que lhe traga lembranças ruins. Tudo bem, eu entendo, demora um pouco para assimilar o fato. Eu espero! Mas lembre-se: o fato é que você se apaixonou por alguém que não lhe quer mais, fantasiou demais, envolveu-se demais, entregou-se de corpo e alma.
E ele(a)? Sim, até lhe deu uma bolinha, mas VOCÊ não é o tipo de recheio que ele(a) mais aprecia, o perfume que lhe agrada, tampouco a música que mais gosta de ouvir... Então, o que lhe resta? Chorar alguns litros de lágrimas? Nem choro nem vela! Quem lhe disse que as coisas mudam? É pura perda de tempo ficar esperando que ele(a) se compadeça das suas lágrimas sofridas e venha correndo para os seus braços chamando-o(a) de "amor da minha vida". Ele(a) não fará isso. O tempo corre, voa, as coisas acontecem em fração de segundos e não espera por você na esquina até que alcance o bonde.
Rejeição! Que palavra feia! Tire isso da sua mente, olhe-se no espelho, veja quem você é. Está vendo? Uma pessoa que merece sorrir, sair para o mundo, rodopiar no parque de diversões e até ostentar um "quezinho" de arrogância, tipo "eu sou mais eu" quando o vir passar. Deixe livre o seu caminho, quem sabe para um outro envolvimento. Veja: enquanto você lê esse texto, o mundo está acontecendo, e, se esse filme não teve um final feliz; pegue outro na locadora, preferivelmente de comédia, pois se a paixão é ilusória e dói o peito, o humor dói a barriga, mas é de tanto rir, não é mesmo? "

Luciana P.
Linhas e Compassos
- Claude Bloc -

Há dias que muito falo
Há dias que fico quieta
E nesses intervalos
Basta-me que se calem as linhas urgentes
Da minha poesia
As linhas e os compassos
Os versos e os reversos.

E eis que chega o tempo
De colher abraços
Os beijos e a luz
O som e as estrelas
e devolver em dobro
Os sorrisos perfeitos
Num sistema binário
onde se cruzam
todos os céus estrelados
as ondas
as marés e as canções
onde não há espaço pra mais nada
a não ser só um,

só dois
dois
em
um

.

SER FELIZ ,,,por Rosa Guerrera

Transcrevo aqui uma linda mensagem de Fernando Pessoa ,que retrata de maneira maravilhosa a importância de tentarmos sempre SER FELIZ .


"Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver

Apesar de todos os desafios,

Incompreensões e períodos de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas

E se tornar um autor da própria história.

É atravessar desertos fora de si,

Mas ser capaz de encontrar um oásis

No recôndito da sua alma.



É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.

É saber falar de si mesmo.

É ter coragem para ouvir um “não”.

É ter segurança para receber uma crítica,

Mesmo que injusta.



Pedras no caminho?

Guardo todas, um dia vou

Construir um castelo" ...

( FERNANDO PESSOA )

Carnaval da Saudade do Crato Tênis Clube


Uma das mais tradicionais festas carnavalescas do interior cearense, o Carnaval da Saudade do Crato Tênis Clube consolida-se nessa sua 5ª edição como o evento mais esperado do ano. É através do Carnaval da Saudade que buscamos o resgate das antigas marchinhas, frevos e sambas dos carnavais que marcaram época e o "clube do pimenta" fica lotado de pessoas alegres e com muita energia, indo a festa terminar em um cortejo até a Praça Siqueira Campos,por volta das 6 da manhã.
Esse ano o tema da festa é a ecologia, porque preservar a nossa querida Chapada do Araripe é obrigação de cada um de nós.
Venda de mesas e ingressos avulsos.
Informações: (88) 3523.3793 ou 8816.3062

Pedro Caetano - por Norma Hauer




Estou aqui para relembrar um grande compositor, que nasceu no dia primeiro de fevereiro de 1911.
Trata-se de PEDRO CAETANO , nascido no interior de São Paulo, em uma fazenda na cidade de Bananal, de uma família de 12 filhos
.
Ainda criança, perdeu seus 4 irmãos (homens) sendo criado ao lado de suas 7 irmãs. Estas, chegando à adolescência pediram aos pais que saíssem do interior e procurassem uma cidade maior.

Assim sua família veio para Niterói, aqui no Rio de Janeiro.

Tendo aprendido as primeiras letras com sua mãe (professora) já aos 12 anos ,largou os estudos e foi trabalhar em uma loja de calçados e, nas horas de folga, brincava de cantar e fazer músicas, descobrindo sua verdadeira vocação: compor, embora se mantivesse no comércio de calçados, até o fim de sua vida. Essa loja funcionou em um sobrado da Rua Sete de Setembro, recebendo o nome de Casa Pedro.

Descobrindo sua principal vocação, passou a freqüentar as proximidades do Largo do Marananã onde travou conhecimento com um primo de Sílvio Caldas, que lhe facilitou o ingresso no meio dos bambas da música de então. Isso em 1934.
Sílvio não fez fé em seu primeiro samba ("Juramento Falso"). Como já havia uma música com esse nome (gravada por Orlando Silva) Pedro Caetano o mudou para "Foi Uma Pedra que Rolou", cantada, mas não gravada.
De qualquer forma,estavam abertas as portas que levaram Pedro Caetano ao sucesso.Sua música o fez conhecer Claudionor Cruz,que se tornou seu parceiro em inúmeras composições.
Em 1935 um samba de nome "Tocador de Violão"foi sua primeira gravação. Não aconteceu, mas Pedro,ao lado de Claudionor não esmoreceu e,na voz de Orlando Silva conheceu seu primeiro sucesso:a valsa "Caprichos do Destino".
Estourou!

"Se Deus um dia
Olhasse a terra e visse o meu destino,
Na certa não deixar-me-ia
A cometer desatino..."

Nessa época Orlando estava no auge de sua carreira e essa música foi "um presentão"

A partir daí, foram muitos seus parceiros e as músicas foram desfilando.
Compôs , dentre outras músicas, Nova Ilusão", "Sandália de Prata", "Botões de Laranjeira", "Duas Vidas", "Eu Brinco", "Disse Me Disse", "Onde Estão Os Tamborins?", "É Com Esse Que Eu Vou" - esta foi sucesso em uma novela das oito na voz de Elis Regina.
Só para citar algumas.

Com "Disse Me Disse", gravação original de Carlos Galhardo, aconteceu algo que o deixou muito aborrecido. Visitando Madri, uma cantora portuguesa cantou esse samba como se fosse de sua autoria e, algum tempo depois, vindo ao Brasil, atuou na Rádio Tupi, voltando a cantá-la.
Pedro apresentou-se como autor e a tal cantora simplesmente sumiu.

A morte de Pedro Caetano, no dia 27 de julho de 1991, foi trágica: atravessando, à noite, a Avenida Marechal Rondon, foi atropelado, ficando seu corpo durante três dias no IML, como indigente. Estava sem documentos.
Foi reconhecido por um amigo, que providenciou seu enterro.

E assim, mais um grande nome de nossa música partiu para a viagem sem volta.


norma hauer

Escolha - Elisa Lucinda



Eu te amo como um colibri resistente
incansável beija-flor que sou
batedora renitente de asas
viciada no mel que me dás depois que atravesso o deserto.
Pingas na minha boca umas gotas poucas
do que nem é uma vacina.
Eu uma mulher, uma ave, uma menina…
Assim chacinas o meu tempo de eremita:
quebras a bengala onde me apoiei, rasgas minhas meias
as que vestiram meus pés
quando caminhei as areias.

Eu te amo como quem esquece tudo
diante de um beijo:
as inúmeras horas desbeijadas
os terríveis desabraços
os dolorosos desencaixes
que meu corpo sofreu longe do seu.
Elejo sempre o encontro
Ele é o ponto do crochê.
Penélope invertida
nada começo de novo
nada desmancho
nada volto

Teço um novo tecido de amor eterno
a cada olhar seu de afeto
não ligo para nada que doeu.
Só para o que deixou de doer tenho olhos.
Cega do infortúnio
pesco os peixes dos nossos encaixes
pesco as gozadas
as confissões de amor
as palavras fundas de prazer
as esculturas astecas que nos fixam
na história dos dias

Eu te amo.
De todos os nossos montes
fico com as encostas
De todas as nossas indagações
fico com as respostas
De todas as nossas destilairias
fico com as alegrias
De todos os nossos natais
fico com as bonecas
De todos os nossos cardumes
as moquecas.



Cor-respondência - Elisa Lucinda



Remeta-me
os dedos
em vez de cartas de amor
que nunca escreves
que nunca recebo.
Passeiam em mim estas tardes
que parecem repetir
o amor bem feito
que você tinha mania de fazer comigo.
Não sei amigo
se era seu jeito
ou de propósito
mas era bom
sempre bom
e assanhava as tardes
Refaça o verso
que mantinha sempre tesa
a minha rima
firme
confirme
o ardor dessas jorradas
de versos que nos bolinaram os dois
a dois
Pense em mim
e me visite no correio
de pombos onde a gente se confunde
Repito:
Se meta na minha vida
outra vez meta
Remeta.

Aurora - por Socorro Moreira


Todos os dias, ela me acorda
Perfume da manhã, inconfundível
Vento brando, som de passarinhos
Frescor de flor, se entreabrindo
Depois vem o sino...
Passos de gente na calçada
acordes de um violão vadio
assobio do boêmio...
Pawvarotti, Ave - Maria!

Poema em ocre - por Socorro Moreira




A cor me transporta para a forma
Forma uma realidade nova
uma nova pessoa
que brinca de lembrar
e pinta o sete, nos sonhos de inverno
Acho que depois da chuva
toda alegria se inunda...
As tristezas viram pó
E o eco, no deserto
avisa, que estamos sós!


Correio musical - De alguém para alguém com amor e carinho...


Quando Digo Que Te Amo
Roberto Carlos
Composição: Roberto Carlos

Quando digo que te amo
Não estou dizendo nada
Não encontro as palavras
Do tamanho desse amor

Quando digo que te amo
E o que estou sentindo
E o que existe de mais lindo
Ainda é pouco pra este amor

E se alguém me perguntar
Se é possível se medir o meu amor
Eu vou falar
Que o mesmo que contar
Com um conta-gotas
Quantas gotas tem o azul do mar
Mas se você quer saber

O tamanho desse amor que é tão bonito
Eu não sei o dizer
Pois não sei qual o tamanho do infinito

Quando digo que te amo
Eu ainda estou mentindo
Se o que eu digo de mais lindo
Ainda é pouco pra esse amor

E se alguém me perguntar
Se é possível se medir o meu amor
Eu vou falar
Que o mesmo que contar
Com um conta-gotas
Quantas gotas tem o azul do mar
Mas se você quer saber
O tamanho desse amor que é tão bonito
Eu não sei o que dizer
Pois não sei qual o tamanho do infinito

Quando digo que te amo
Eu ainda estou mentindo
Se o que eu digo de mais lindo
Ainda é pouco pra esse amor.

Nossa Senhora das Candeias




Nossa Senhora da Luz, dita A Virgem do Carvoeiro. Imagem brasileira do século XVI, no Museu de Arte Sacra de São Paulo.Nossa Senhora da Luz (também invocada sob os nomes de Nossa Senhora da Candelária, Nossa Senhora das Candeias ou ainda Nossa Senhora da Purificação) é um dos muitos títulos pelos quais a Igreja Católica venera a Virgem Maria, sendo sob essa designação particularmente cultuada em Portugal apesar de sua aparência remonta às Ilhas Canárias (Espanha).

A origem da devoção à Senhora da Luz tem os seus começos na festa da apresentação do Menino Jesus no Templo e da purificação de Nossa Senhora, quarenta dias após o seu nascimento (sendo celebrada, portanto, no dia 2 de Fevereiro). De acordo com a tradição mosaica, as parturientes, após darem à luz, ficavam impuras, devendo inibir-se de visitar ao Templo até quarenta dias após o parto; nessa data, deviam apresentar-se diante do sumo-sacerdote, a fim de apresentar o seu sacríficio (um cordeiro e duas pombas ou duas rolas) e assim purificar-se. Desta forma, José e Maria apresentaram-se diante de Simeão para cumprir o seu dever, e este, depois de lhes ter revelado maravilhas acerca do filho que ali lhe traziam, teria-lhes dito: «Agora, Senhor, deixa partir o vosso servo em paz, conforme a Vossa Palavra. Pois os meus olhos viram a Vossa salvação que preparastes diante dos olhos das nações: Luz para aclarar os gentios, e glória de Israel, vosso povo» (Lucas, 2, 29-33).

Com base na festa da Apresentação de Jesus / Purificação da Virgem, nasceu a festa de Nossa Senhora da Purificação; do cântico de São Simeão (conhecido pelas suas primeiras palavras em latim: o Nunc dimittis), que promete que Jesus será a luz que irá aclarar os gentios, nasce o culto em torno de Nossa Senhora da Luz/das Candeias/da Candelária, cujas festas eram geralmente celebradas com uma procissão de velas, a relembrar o facto.

Imagem da Virgen de la Candelaria, Santa Padroeira das Ilhas Canárias (Tenerife).La Virgen de la Candelaria ou luz apareceu na ilha de Tenerife (Ilhas Canárias, Espanha) em 1400 Guanches de aborígenes. A Virgem apareceu em uma praia, os índios ficaram com medo de vê-la e tentou feri-la, mas suas mãos estavam paralisados. Antes que este fato tem sido de aviso do Rei Guanche susedido que retêm figura. La comando levou a uma caverna estranha, e séculos mais tarde foi construído o Templo e Basílica Real de La Candelaria. Mais tarde, espalhou a devoção a América. É santa padroeira das ilhas Canárias, sob o nome de Nossa Senhora da Candelária

Nossa Senhora da Luz era tradicionalmente invocada pelos cegos (como afirma o Padre António Vieira no seu Sermão do Nascimento da Mãe de Deus: «Perguntai aos cegos para que nasce esta celestial Menina, dir-vos-ão que nasce para Senhora da Luz [...]»), e tornou-se particularmente cultuada em Portugal a partir do início do século XV; segundo a tradição, deve-se a um português, Pedro Martins, muito devoto de Nossa Senhora, que descobriu uma imagem da Mãe de Deus por entre uma estranha luz, no sítio de Carnide, no termo de Lisboa. Aí se fundou de imediato um convento e igreja a ela dedicada, que conheceu grande incremento devido à acção mecenática da Infanta D. Maria, filha de D. Manuel I e sua terceira esposa, D. Leonor de Áustria.

A partir daí, a devoção à Senhora da Luz cresceu, e com a expansão do Império Português, também se dilatou pelas regiões colonizadas, com especial destaque para o Brasil, onde é a santa padroeira da cidade de Curitiba, capital do Paraná (veja-se a lenda de Nossa Senhora da Luz), Guarabira/PB, Pinheiro Machado/RS, Itu/SP, ou ainda Corumbá/MS. Em Juazeiro do Norte, Ceará, ocorre todos os anos uma grande romaria em sua homenagem.

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Gene Kelly

Dei um gelo nela ( o poema da geladeira) - Elisa Lucinda

Estava há uma semana vazia...
Fazia dias que ela não gelava senão água.
Até que choveu na minha conta outro dia:
Saí, comprei aves, peixes, lagostas, camarões...
Olhei pra ela, estava cheia.
Chuchus sorriam pra mim: há quanto tempo... diziam.
Uvas e beterrabas batiam palminhas do reencontro
Até a galinha morta era feliz por mim. Dormi pensando em receitas boas.
Acredita que de manhã um carrasco havia sido pago pra levá-la?
Ela que nunca foi totalmente minha.
Liguei pra dona, me humilhei sozinha dentro do discurso justo de que sou artista
e por isso inconstante na economia. E a dona nada. Não cedia.
O carrasco ia levar minha deusa, minha neve possível, minha geada de estimação.
À hora marcada, chorei agarrada àquela cônsul mimada demais por mim;
Tão adotiva, tão afetiva... eu atracada a ela, pedia, gemia...
E ela, nada; ela fria, desligada, já não me dava nem gelos.
Fiquei sem patrimônio. Sem preservação de alimentos.
Fiquei sem centro, a zombar de mim.

Até que me lembrei dos meus bens: a coragem, a beleza, a força, a poesia, a esperteza.
coisas que não se encontram em pontos-frios,
coisas que não são substituíveis por um isopor.
Então já amanheci pondo coentros nas jarras como flores!
Curei minhas dores sem congelamento.
Me virei por dentro onde tudo é mantido quente vivo.
Tirei tudo de letra e de ouvido
como quem tira uma música!

(Da série “Eletrodométricos”)

Elisa Lucinda



"Elisa Lucinda nasceu em Vitória, no Espírito Santo, em 1948, onde se formou em jornalismo e chegou a exercer a profissão. Em 1986, mudou-se para o Rio disposta a seguir a carreira de atriz. Trabalhou em algumas peças, como "Rosa, um Musical Brasileiro", sob direção de Domingos de Oliveira, e "Bukowski, Bicho Solto no Mundo", sob direção de Ticiana Studart. Integrou, ainda, o elenco do filme "A Causa Secreta", de Sérgio Bianchi.

"O Semelhante", em que a poetisa se apresenta declamando seus versos e conversando com a platéia, estreou no Rio e teve temporadas de sucesso em várias capitais brasileiras. No mesmo formato, apresentou "Eu Te Amo Semelhante”, também com excelente receptividade. Publicou, entre outros, os livros "A Menina Transparente", "Eu Te Amo e Suas Estréias" e "O Semelhante". Elisa Lucinda é considerada um dos maiores fenômenos da poesia brasileira. “A Menina Transparente”, poema que marca sua estréia na literatura infantil, recebeu o Prêmio Altamente Recomendável, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). "

Stan Getz



Stan Getz, de seu nome Stanley Gayetsky (Filadélfia, 2 de fevereiro de 1927 — Malibu, Califórnia, 6 de junho de 1991) foi um saxofonista norte-americano de jazz. Fez parcerias com João Gilberto e Antonio Carlos Jobim, tornando-se um dos principais responsáveis em difundir o movimento musical brasileiro conhecido como bossa nova pelo mundo.

Stan Getz nasceu em 2 de Fevereiro de 1927, em Filadélfia, nos EUA. Os seus pais eram judeus, naturais da Ucrânia, que imigraram de Kiev, em 1903. Mais tarde, a sua família viajou para Nova Iorque, à procura de melhores condições de vida e emprego. Getz foi um aluno empenhado, de notas máximas, terminando no topo dos melhores alunos da sua classe.

A sua paixão eram os instrumentos musicais, e tinha que tocar todos os que encontrava no seu caminho. O primeiro saxofone foi-lhe oferecido pelo seu pai, aos 13 anos. Também lhe ofereceu um clarinete, mas este ficou para segundo plano. Getz dedicava grande parte do dia a praticar saxofone.

Em 1941, é aceito na orquestra All City High School Orchestra, de Nova Iorque. Isto proporcionou-lhe a oportunidade de ter um tutor particular, da filarmónica de Nova Iorque, Simon Kovar. Paralelamente, também tocava em pequenos concertos locais. Aos 14 anos, compra o seu primeiro saxofone tenor, com o dinheiro que juntou com esses concertos. No entanto, a sua dedicação à música prejudicava-lhe as notas, e acabou mesmo por deixar de estudar, para se dedicar totalmente à carreira musical. Mais tarde, é obrigado a regressar à escola, pelos representantes do sistema de ensino.

Em 1943, entra para a banda de Jack Teagarden, e toca, também, com Nat King Cole e Lionel Hampton. Após tocar com Stan Kenton, Jimmy Dorsey e Benny Goodman, Getz torna-se solista com Woody Herman, de 1947 a 1949, destacando-se como um dos principais saxofonistas da banda, conhecida como "os quatro irmãos"; os outros eram Serge Chaloff, Zoot Sims e Herbie Steward. Com Herman, Getz alcança um primeiro êxito com Early Autumn. Após deixar a banda, inicia a sua carreira a solo. A partir de 1950, seria o líder na quase totalidade das gravções onde participará.

Nos anos 50, Stan Getz tornou-se famoso como interprete do cool jazz, tocando com Horace Silver, Johnny Smith, Oscar Peterson entre outros. Os seus dois primeiros quintetos incluíam nomes famosos como o baterista de Charlie Parker, Roy Haynes, o pianista Al Haig e o contrabaixista Tommy Potter. Em 1958, Getz muda-se para Copenhaga, com o objectivo de deixar o seu consumo de drogas.

No regresso aos EUA, em 1961, Getz torna-se uma das principais figuras da bossa nova. Junto com Charlie Byrd, que tinha regressado de uma turnê no Brasil, Getz grava Jazz Samba, em 1962, que se torna um sucesso. A faixa principal era uma adaptação de "Samba De Uma Nota Só", de Antonio Carlos Jobim. Stan Getz ganha o Grammy para a Melhor Interpretação de Jazz, em 1963, com "Desafinado".

Grava com Tom Jobim, João Gilberto, e sua esposa, Astrud Gilberto. A sua interpretação de "Garota de Ipanema", dá-lhe mais um Grammy. Esta música tornou-se uma das canções mais conhecidas do jazz latino, de todos os tempos. Getz e Gilberto, ganharam dois Grammy (Melhor Álbum e Melhor Single), superando os The Beatles, em A Hard Day's Night. Em 1967, Getz grava com Chic Corea e Stanley Clarke.


No início dos anos 70, Stan Getz é influênciado pelo jazz de fusão e "jazz eléctrico", utilizando um Echoplex no seu saxofone. Os críticos não gostarm da nova experiência, o que levou Getz a desistir desta sonoridade, regressando ao jazz mais tradicional, e acústico. A partir dos anos 80, gradualmente, Getz deixa a bossa nova, e opta por um estilo de jazz menos tradicional, mais esotérico.

Desde novo que Getz consumia drogas e álcool. Casado com Beverly Byrne, vocalista da banda de Gene Krupa, em 7 de Novembro de 1946, teve três filhos. Em 1954, foi detido por tentar roubar uma farmácia, em busca de morfina. Durante o processo de detenção, no sector prisional do centro médico USC Medical Center, de Los Angeles, Beverly terá dado à luz o seu terceiro filho, nesse mesmo edifício.

Em 1956, no dia 3 de Novembro, casa-se com Monica Silfverskiold, uma aristocráta sueca, com quem teve dois filhos. Em 1957, tem um filho de uma relação com a sua amiga Inga Torgner. Após vários anos a tentar tirar Getz da sua toxicodependência, Monica divorcia-se em 1987, e ganha a custódia de todos os filhos do seu ex-marido.

Nos últimos anos da sua vida, Stan Getz consegue, finalmente, terminar com a sua dependência do álcool e drogas. Morre de câncro do fígado, em 6 de Junho de 1991. Em 1998, foi-lhe dedicado uma ala na escola de música de Berklee, designada por "Stan Getz Media Center and Library", e doada pela fundação de Herb Alpert.


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