Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

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domingo, 26 de julho de 2009

Morning Has Broken - para um dia que começa - Diana Krall e Aaron Neville

Comece a mandar ainda Hoje! Grátis!

Morning Has Broken
Autoria - Cat Stevens

Morning has broken, like the first morning
Blackbird has spoken, like the first bird
Praise for the singing, praise for the morning
Praise for the springing fresh from the world

Sweet the rain's new fall, sunlit from heaven
Like the first dewfall, on the first grass
Praise for the sweetness of the wet garden
Sprung in completeness where his feet pass

Mine is the sunlight, mine is the morning
Born of the one light, eden saw play
Praise with elation, praise every morning
God's recreation of the new day
***
Versão de Guilherme Arantes
***
Manhã que rompe
Primeiros raios
Primeiro canto
De ave ecoou
Ouve esse canto
Louve esses raios
Por todo canto o amor despertou
Jardim regado
De sol dourado
A natureza criança acordou
Por todo o campo
Brilhos de orvalho
Molham os passos do criador
Dia nascendo
Deus acendendo
A luz desse tempo
Que começou
Que se levante
Por toda parte
O sol de todos
Que a gente sonhou

Postado por Claude Bloc

Figura Exemplar - Por Joaquim Pinheiro




O destino me permitiu conhecer pessoas notáveis. Algumas conseguiram ultrapassar os limites da área que habitam, registrando seus nomes nos arquivos da história. Significar dizer que serão conhecidas por gerações futuras. Esta semana tive a satisfação de receber a visita de uma delas, Jaime Suniê Neto. Jaime, paranaense de nascimento, foi, ao lado de Henrique Mecking, quem mais projetou o xadrez brasileiro. A Fama do gaucho Mequinho veio de cima para baixo. Ganhou o título de Mestre Internacional (o 1º do pais) na época dos governos militares. As autoridades de então se aproveitaram dele como peça de propaganda, vinculando seu feito ao regime, colocando seu nome na mídia. Daí a sua projeção, por sinal, merecida.

Jaime Suniê, ao contrário, construiu sua fama de baixo para cima. À medida que acumulava títulos empregava seu tempo em prol do desenvolvimento do Xadrez. Disputou 10 finais do campeonato brasileiro, vencendo 7. Campeão sul americano, medalha de ouro na olimpíada mundial da modalidade, tem em seu currículo o 1ª lugar em 3 torneios internacionais promovidos pela FIDE (a FIFA do xadrez).

Implantou o programa “xadrez nas escolas” no Paraná, depois copiado por vários outros Estados e adotado nacionalmente pelo governo federal. Meu conhecimento com o mestre ocorreu em 1989, por intermédio de outro Mestre, Marcos Asfora, também campeão brasileiro, outro notável, tão importante para o xadrez de Pernambuco e nordestino quanto Suniê para o brasileiro.

Jaime tentou adquirir para o Paraná a maior biblioteca de xadrez existente no Brasil. Conseguiu verba, aprovação da assembléia estadual, autorização do governador mas o proprietário, Dr. Luis Tavares, preferiu doá-la ao Estado de Pernambuco. Jaime, apesar da luta perdida, deu aula de cavalheirismo vindo, como Presidente da CBX, presidir o ato da entrega do acervo.

Em 1988, atendeu ligação pedindo orientação para implantação do programa xadrez nas escolas Pernambucanas. Não se fez de rogado e dias depois desembarcou em Recife, vindo pessoalmente transmitir as dicas.

O gênio paranaense, acostumado a batalhas difíceis, enfrenta uma mais traiçoeira, contra o câncer. Felizmente, está vencendo. Na próxima semana se submeterá a última sessão de quimioterapia e deverá receber alta.



Obs. Suniê é o terceiro da direita para esquerda. Ao seu lado, o Mestre Marcos Asfora. Os outros são enxadristas da Delegacia Regional do Banco Central em Recife.
Joaquim Pinheiro

A Roda da vida.- .(Por Liduina Vilar)



A Roda da Vida.(Por Liduina Vilar)

Você já me fez o maior bem.
Eu desencantei,sai do marasmo,
Da tristeza,do que era meramente mecânico.

Amei novamente,sorri,sorri,sorri,
Cantei,dancei,vibrei.

Hoje estou pronta para o AMOR,
Posso amar o mundo inteiro,
Posso dançar,cantar,gargalhar.

Necessito porém,aguentar bem os
Dias de agora,meus minutos,
segundos,minhas manhãs,
tardes e noites...como a
praia suporta e segura as ondas
calmas e bravias do seu imenso
dono : O mar.

Todos nós podemos ser inteiramente
donos de um oceano,desde que assim
desejemos.

A felicidade , a dança da vida,
A mágica do sorriso reside numa
Única e inesgotável fonte:QUERER!
Eu quero ser feliz,amar,
chorar,cantar,brincar
me iludir mas acreditar!!

Arroubo

Barba feita,
alma do sabonete
dentro das narinas.

Um novo homem
veste sua camiseta.

Não bebeu hoje
o elixir dos antepassados.

Faz força no abdômen -
a barriga encolhe,
mas pouco dura o oxigênio.

O novo homem
tira a camiseta.

Deita-se no piso
de cerâmicas rachadas.

Ao seu lado,
diante dos seus olhos -

mosquinhas de banheiro
enxugam-se com sua toalha.

Flores - Por Domingos Barroso


Fecho bem os olhos
e vejo a clareza do abismo

sem volta,
sem testemunho.

Os cabelos brancos,
o coração enlouquecido.

Junto conchas,
chuto seixos

ora cabisbaixo,
ora queimando a vista.

O céu tão azulado
quanto aquele lençol
do hospital.

As xícaras da infância,
os odores dos meus avós.

Fecho bem os olhos
e tudo que vejo -

um velório na esquina,
um saco plástico cruzando a praça.

O Dólar Furado- Sessão VI- Por Zélia Moreira


Hoje é domingo!

Vivi num Crato em que domingo tinha programas garantidos pra todos os gostos, bolsos e idades.
As calçadas com suas casas de janelas altas e soleiras largas, serviam de bancos para os encontros entre amigos. Ali ouvíamos o programa de Roberto Carlos (RC primeiro e único/ Rádio Educadora/ Evandro Bezerra), no radinho de pilha,nosso mp3 .Era um sonho de consumo ter um só pra mim.
Praça Siqueira Campos à noite, pra rodar, rodar , rodar e flertar, flertar , flertar. Quem sabe por sorte , ELE, poderia até baixar!
Os cinemas (Moderno, Cassino e Eduacadora) , tinham 05 sessões, todas lotadas:10h, 13h, 16h, 18h e 20h.
Não tínhamos na época televisão, aliás acredito ter sido ela umas das responsáveis pela falência dos nossos cinemas.
Uma regrinha de Dona Valda: cinema somente depois de cumprir o preceito religioso- a missa dominical.(tivemos em família overdoses de novenas, ladainhas, terços, etc)
Além da censura em si, tínhamos como cotólicos(?), que obedecer à censura do Bispo. Essa era severa, castradora.Um simples filme livre, com uma única cena de beijo, poderia se transformar , numa censura ," adultos com reservas".
Por conta disso, muitos filmes exibidos na época, foram vistos por mim e por minhas irmãs( Socorro e Verônica), muito tempo depois, já adultas.
Que maldade existia em Feitiço Havaiano,Amores Clandestinos, O Erro de Suzana Slide...? Mas tudo bem!
As restrições na minha juventude que abortaram um programa sonhado ( bastava o coração de mamãe não está pedindo...) não abalaram meu espírito alegre. Tudo que me foi privado um dia, fiz em algum momento depois com o entusismo de uma primeira vez.
O filme de hoje tem a cara do Cassino. Era lá que passava a maioria dos foroestes. Meu pai falava: "Filme Cawboy que se preza, tem que ser feito por americanos. Esse é uma produção franco/italiano, que fez um enorme sucesso.
A música "Se tu non fossi Bella" é demais!
Até hoje sei a versão para o português de cor:

Se tu não fosses bela
Com és
Se tu não fosses
O meu sonho em vão
Felicidade então
Comigo ficaria
Se fosse ilusão
Aquele dia
Que sem querer
Olhastes para mim
Não sentiria
Esse amor
Que pra sempre levou
Toda felicidade
Deixando apenas
Um sonho
Sem fim.

Vamos aos comentários:

Filme: O Dólar Furado
Ano :1965
País: França e Itália
Gênero: Faroeste
Direção : Giorgio Ferroni
Elenco: Giuliano Gemma( Gary O'Hara ) e Ida Galli ( Juder O'Hara )
Trilha Sonora:Fred Bongusto


Sinopse:
Giuliano Gemma é um soldado que retorna da guerra para lutar uma outra em casa... Sem ele saber, seu irmão se transformou num pistoleiro infame chamado "Black Jack" que derrota os pistoleiros locais. Giuliano Gemma concorda em fazer uma emboscada para matar "Black Jack". E somente aí, que descobre quem realmente é o fora-da-lei. Com vingança no coração, ele se volta contra seus empregadores...e a luta começa.

Conferindo :





Adolescência - Por Joaquim Pinheiro


A ADOLESCÊNCIA PERMANECEU

Começamos a adolescência no período da foto, tirada em Salvador, 1964. Graças a Deus, a fase continua até hoje. Pelo menos me senti assim nos dias que passei no Crato e reencontrei colegas da época.
Vera, Socorro, Rosineide, Sérgio, Francíria, Vilani Luna, Regina e Stela, foi ótimo reencontrar vocês e, mais ainda, perceber que mudaram muito pouco. Diferenças mínimas para as imagens dos anos 60 gravadas na minha memória. A foto é uma prova disto.

RAZÃO E/OU SENSIBILIDADE? EDUCAÇÃO, MORAL E ÉTICA EM CRISE NO MUNDO MODERNO



“Procurando as causas, ou melhor, refletindo sobre a crise da educação brasileira, a professora de pós-graduação em Filosofia da Universidade Gama Filho e da pós-graduação em Educação da Universidade Católica de Petrópolis, professora Vera Rudge Werneck, cuja carreira foi consolidada na PUC-RJ e na própria Universidade Gama Filho, procura respostas relacionadas à falência dos valores do homem. Vera Werneck, que também é diretora do Colégio Padre Antonio Vieira, no Rio de Janeiro, já publicou outros dois livros em que procura considerar criticamente sobre a ideologia na educação e um estudo sobre a fenomelogia centrado na educação.

Segundo a autora, a crise da educação brasileira é pensada à luz dos conceitos filosóficos da educação, do valor, do papel do não valor e do contravalor, a educação da sensibilidade, a cultura como locus onde o valor é instaurado, os tempos e marcos, assim como a avaliação da educação. Em linhas gerais, Vera Werneck aponta como principal “causa” da crise da educação no Brasil outra crise: a dos valores, da ética e da moral. Segundo esse ponto de vista, as instituições sociais, como a escola, e a própria sociedade, são alvo de uma crise dos valores na sociedade brasileira.

Como filósofa, Vera Werneck utiliza categorias de pensamento típicas da filosofia, como ser, conhecimento, sensibilidade, razão, etc. Para os não-filósofos, algumas dessas categorias ganham um novo significado, tendo centralidade em processos explicativos concretos e racionalmente explicáveis. O que Vera faz é atribuir a crise da educação a uma falta ou uma carência de valores, ética e moral, que não pode ser verificada factualmente ou empiricamente. É verdade que a maior parte dos escritos dos sociólogos também carece da possibilidade de verificação e testagem empírica. Mas isso não importa tanto aqui.

Segundo a autora, as primeiras problematizações dos filósofos estariam centradas na razão e no próprio ser do homem, mas não no seu valor. Isto irá, segundo Vera, gerar toda a sorte de problemas que se verá manifestar na educação. Para a autora, o uso da razão permite ou permitiu ao homem pensar a libertação da natureza, entre outras coisas, como sua natureza, seu processo de humanização, sua autodeterminação, enfim, de tornar-se cada vez mais autônomo e livre para exercer sua vontade sem coações. Mas esse processo de conhecimento de si mesmo, ou da própria natureza,com a qual o homem mantém relações substanciais e espirituais, é prejudicado ou inviabilizado pela forma como o próprio homem trata das questões ligadas aos valores. Os obstáculos, a plena realização do homem, Vera Werneck denomina de contravalores.

A idéia de que o homem é diferente dos animais, pela sua capacidade racional, de abstração e de planejamento, não significa que seu processo de transformar-se e reconhecer-se como homem esteja concluído: não há uma etapa final, ou seja, um telos, que será alcançada pela humanidade algum dia, como pensaram muitos cientistas sociais no final e começo do século XX. O processo de pôr a sensibilidade de lado e eleger a razão como a soberana das explicações e das inter-relações humanas, como argumenta a autora, tornou os homens e suas relações em objetos e coisas.

Como argumenta a autora, acerca do predomínio da razão, este é apenas um dos níveis em que o homem pode se pensar como distinto dos outros seres vivos. Mas há outros que, tipicamente, ainda permitem uma diferenciação da natureza, sem comprometer o estatuto de homens e não animais: é a emoção e o sensível. Enfim, o que está em jogo é o sensível, a sensibilidade , a emoção, o sentimental, o componente não racional que também compõe este homem. Por exemplo, argumenta a autora, para Platão, alcançar o Bem, que traria a felicidade, seria uma questão transcendental em direção à essência que é a origem dos demais valores. O problema, para a autora, está que esse conhecimento transcendental do Bem somente seria alcançado pela razão, e não pelo sentimento ou a sensibilidade. Ainda segundo a autora, filósofos como Kant, por exemplo, admitindo os limites do conhecimento da essência dos objetos - que são múltiplos particulares quando conhecidos pelos sentidos -, fazem uso de categorias do entendimento como tempo, espaço, como a priori da sensibilidade, que é heterogênea e particular. Outros, como Bacon, propõem que os homens afastem os Ídolos, elementos capazes de interferir no processo de conhecimento da razão. O que esses filósofos têm em comum refere-se ao fato de privilegiarem a razão como forma de conhecimento que permita apreender o objeto em sua essência, ou em sua substância. A relação é entre o sujeito Segundo Vera, o mundo grego tinha como valor maior a própria noção de razão. Ainda segundo a autora, o Ocidente herdou essa idéia e a levou às últimas conseqüências.



O que Vera Werneck propõe, em poucas palavras, é dar centralidade à sensibilidade, sem descartar a razão, a fim de que os valores pelos quais os homens orientam suas ações possam reconsiderar seu próprio estatuto de homem. Ler “Razão (sic) e Sensibilidade” [“Educação e Sensibilidade] é visualizar uma outra dimensão do ser humano”(p.6).

SIQUEIRA, Euler de, “Educação, ética e moral: crise geral”, Jornal Tribuna da Imprensa, 25 de Junho de 1997, Rio de Janeiro, Caderno Livro, p.6.

Sinto falta de mim - Por Claude Bloc


Sinto falta de mim...
Dos sonhos, de querer voar,
Sinto a falta do sorriso
de sorrir ao despertar.
Sinto a falta do canto,
de embalar e adormecer,
Sinto a falta de tanto...
de não querer para não perder
Sinto a falta dos beijos
Dos mimos, das alegrias.
Sinto a falta da Vida,
De vê-la esgotar-se nos dias
em que sinto a falta de mim...
pois estive de mim tão ausente
que quase, então, me perdi.

Mas estou em mim novamente
basta que se calem as linhas urgentes
que levam pequenos seixos e canções.
Sinto falta, sim, das poesias que não escrevi
das palavras que não proferi
dos sentimentos que omiti.
Sinto falta daquela música que nunca escutei
das danças que não dancei
das pessoas que nunca amei.
Sinto falta dos erros que não cometi
das mentiras que não menti
Sinto falta, sim, das coisas que eu não fiz!
Só hoje eu sei a falta que a falta faz...
A falta de mim em ti .
Texto de Claude Bloc

UMA CRÔNICA POÉTICA DE MÁRIO QUINTANA- Por Stela Siebra Brito



A poesia de Mário Quintana registra um profundo humanismo; seu lirismo é carregado de ternura, intimismo, melancolia e humor irônico. Quintana faz, de pequenas coisas, belos e singelos poemas. Registramos aqui um poema em que a memória do poeta o transportou para um tempo passado, de infância certamente, cheio de acontecimentos na rua, na vizinhança, na família, “pequenas vidas / pequenos sonhos”.
São os cantares de Quintana, que na visão poética de Manuel Bandeira não são cantares, são quintanares: (...) “Quinta-essência de cantares... / Insólitos, singulares... / Cantares? Não! Quintanares”.
Eis o poema/crônica:

CRÔNICA

Sia Rosaura tirava a dentadura para comer
Por isso ela tinha o sorriso postiço mais sincero da minha rua
Dona Maruca fazia uns biscoitinhos minúsculos, estalantes e secos, chamados mentirinhas
Eduviges era pálida e lia romances lacrimosos de Perez Escrich
Tanto suspirou em cima deles que acabou fugindo com um caixeiro viajante
O tempo se desenrolava como um rio por entre as casas de porta e janela
Pequenas vidas
Pequenos sonhos
Na noite imensa as estrelas eram como girândolas brancas que houvessem parado
Sentados à porta
- dois santos, dois mágicos, dois sábios –
meu velho Tio Libório e o velho farmacêutico
propunham-se e compunham charadas
que depois orgulhosamente remetiam sob nomes supostos
para o grande anuário estatístico recreativo e literário da capital do Estado

INDAGAÇÕES PERTINENTES - Por Emerson Monteiro




Neste mundo cheio de desencontros, trastes, ranhuras, desacertos e acertos mil, defronte, agora, desta tela de computador, essa máquina bem forjada, sabida, elaborada no planeta dos seres inteligentes, fosforescentes, animados, obedientes, charmosos, sonoros, eficazes, existem lugares de resposta para quase tudo, para as mais inesperadas perguntas, exatas, aritméticas, matemáticas, filosóficas, psicológicas, históricas, futuristas, abrangentes, onipresentes, oniscientes; confesso, no entanto, algumas fraquezas das suas limitações às reações espontâneas, vindas de dentro da dimensão insondável do existir, que, às vezes, produzem a vontade mental poderosa de perguntar, querer saber de mim, por mim, não desse eu que já conheço, cheio de oscilações temporárias, às brisas cotidianas contraditórias, mas do eu de verdade, a essência do si, o cá interno, habitante dos grotões da alma, vivente nos segredos fechados a sete chaves, o chip do mistério de tudo, que repousa e movimenta a história, sozinho ou em blocos empedernidos, o dna do ser, a marca registrada do Criador primeiro, que avançou, se embutiu na criatura e ainda não veio à tona da consciência do múltiplo particular, nesta realidade de mundo de relações cá fora, da ponta dos dedos, na flor da água dos olhos, no gosto da boca de manhã, ao canto dos pássaros deste sol perto da gente, banhado na brisa fria de fim de julho, no cenário das encostas da chapada; e ouvir resultados de pesquisa junto a algum site desse planisfério on-line, que guarde nas suas páginas, em seus arquivos, os refolhos das maiores bibliotecas do universo insondável das causas primeiras, alimentados pelas melhores cabeças tecnológicas do Vale do Silício, autores circunstanciais maravilhosos; o verbete frontal do mim mesmo, a tônica que nos conduz além de todo dia, impulso voraz de sobreviver a qualquer custo diante do desafio recôndito das impossibilidades, a propulsão cibernética de marcar presença positiva junto ao trilho dourado da mídia momentânea, olho do sucesso, eu do cálice, o Graal, a chama violeta da existência, o foco definitivo do drama, na festa de moléculas das pessoas bonitas, que acham, com enorme facilidade, a ordem alfanumérica sacudida nas praias dos números das areias do Mar dos Sargaços, sem querer, com isso, usar o ponto de terminar frases ou parágrafos, a pretexto de não largar o osso e manter a interrogação expandida, permanente, no âmbito do que satisfaria todos os internautas e destinos, houvesse tamanha possibilidade para recorrer a tal programa de busca à resposta campeã, no corredor da fama, da salvação, derradeiro lance dessa partida final do torneio cotidiano, perecido quando, nos filmes de ficção, os robocops se auto consertam em pleno combate, e prosseguem a epopéia das máquinas persistirem eternas, protótipos miraculosos em formato de elementos perpétuos geniais, leves ponteiros nervosos, largados ao horizonte infinito das horas, perenes círculos sem estática, motos perpétuos, traços espiralados em fios condutores da matéria ao espírito, uma resposta que supere a dor da solidão das multidões, neutralize a melancolia do desamor, nas camas intactas na madrugada fria dos abandonados, a cólica dos corações endurecidos na saudade sem jeito, as individualidades fincadas no lixo das periferias dos eleitores enganados, andarilhos, vagabundos, mendigos de amor, eus indagadores da luz da sabedoria, vagos projetos estirados na lama dos vícios, feridas abertas em peitos de dramas familiares; e essa máquina tão perfeita ainda não sabe responder a isso, enquanto apura as peças infinitas, processa, e eu quero aprender como saber a resposta nos campos disponíveis para digitar a pesquisa.
Foto : Emerson Monteiro

Repentes - Magali, Carlos, César Socorro e Claude-(foto Pachelly Jamacaru)


Agradeço aos amigos,
Claude Bloc e Socorro,
pessoas admiráveis,
como poucas conheci,
mas neste sábado quente,
me afasto de toda gente
vou buscar meu Cariri.

Cratense que mora fora
Quando planeja viagem
Não tem jeito vai agora
Comprar logo a passagem.

Tem muita gente que pensa
Que a vida é banalidade
Que o amor não compensa
Que não há fraternidade

Mas o povo aqui do Crato
Tem amor especial
Pelos amigos de sempre
Etc e coisa e tal.

Não sou nenhum perdulário
Dos bens eu não tenho apego
Mesmo sem grande salário
No Crato morei no Sossego

Dedo-de-moça é pimenta
Pimenta é bairro do Crato
Onde vivi na infância
Numa casa de sobrado.

Da sacada eu assistia
A matinal do domingo
No Tênis Clube dançante
Eu ouvia Mambo Espanha
dançando de todo jeito.

A tertúlia enchia a noite
De alegria e de festa
No salão dançava a vida
Com as cores da seresta.

Face a face se dançava
Pelo meio do salão
Ao ouvido se falava
Do amor e da paixão...

Dois prá lá e dois prá cá
Era grande o lero-lero
Eu quase aprendí a dançar
No rítmo de um Bolero.

Carnaval é alegria
desfile e alegoria.
lança-perfume é teu cheiro
minha doce fantasia

O samba é rítmo animado
Lá no Rio de Janeiro
Não deixa ninguém parado
Atrai turista estrangeiro

MOTE:Caridade

Ascendentes e descendentes - Por João Marni


Uma das verdades dessa vida é que os avós são pais açucarados. Compete aos pais educar os filhos e aos avós cabe tudo, mas com tolerância máxima.
A regra é que os netos chegam na fase de nossas vidas em que estamos dormentes, exauridos por reclamar, apontar caminhos, - os guris preferem veredas, atalhos, - sonolentos ainda por noites mal dormidas num passado não distante, enfim, com o coração mais tolerante, mais contemplativo, ligado em coisas realmente mais importantes e belas, como observar o vôo dos beija-flores, o nascer e o por do sol, a luz do luar, um gesto de amizade...
Chegaram-nos lindos, apesar da miopia e da plesmiopia que já nos acometem.
Os avós e os netos são como arco-íris, onde a esquerda da parábola é a curva ascendente da vida e a direita a descendente, não menos bonita, ambas multicores e os extremos tocando o chão da inocência, juntos!
É por isso que os avós tratam os netos como coleguinhas de infância e aí haja traquinagens, boas gargalhadas e cumplicidade em tudo, até esconder dos titulares uma nota baixa na escola.
Estragamo-lhes os dentinhos com tantos doces que, se não nos impedem, ficariam ainda mais parecidos com a gente...!
A expectativa de vida atual permite-nos que sejamos bisavós ainda lúcidos. Lembro-me de meus quatro avós e cada um regou o meu coração com suas bondades. Faço a rima com saudade...
É assim que têm que ser os avós, lembrando que no final do arco-íris, não há um pote de ouro, mas algo muito mais valioso: um avô ou uma avó, loucos pelos netos!

Sant'Ana e São Joaquim - Dia dos Avós

São Joaquim e Santa Ana

Comemora-se o Dia dos Avós em 26 de julho, e esse dia foi escolhido para a comemoração porque é o dia de Santa Ana e São Joaquim, pais de Maria e avós de Jesus Cristo.
Mas o papel dos avós na família vai muito além dos mimos dados aos netos, e muitas vezes eles são o suporte afetivo e financeiro de pais e filhos. Por isso, se diz que os avós são pais duas vezes.
As avós são também chamadas de “segunda mãe”, e muitas vezes estão ao lado e mesmo à frente da educação de seus netos, com sua sabedoria, experiência e com certeza um sentimento maravilhoso de estar vivenciando os frutos de seu fruto, ou seja, a continuidade das gerações.
Celebrar o Dia dos Avós significa celebrar a experiência de vida, reconhecer o valor da sabedoria adquirida, não apenas nos livros, nem nas escolas, mas no convívio com as pessoas e com a própria natureza.
São João Damasceno escreveu de um sermão maravilhoso sobre os avós de Jesus, pais de Nossa Senhora nos mostrando a grandeza desta família que gerou e formou aquela que é a Bem Aventurada Virgem Maria.
“Ó feliz casal, Joaquim e Ana, sem qualquer mancha! Pelo fruto de vossas entranhas sereis conhecidos, como o Senhor disse uma vez: 'por seus frutos os conhecereis'. Conservando a castidade prescrita pela lei da natureza, alcançastes de Deus aquilo que supera a natureza: gerastes para o mundo a mãe de Deus.
Vós vivendo santamente, segundo a natureza humana, destes à luz uma filha superior aos anjos de agora, rainha dos anjos.
Ó casal feliz, Joaquim e Ana. A vós toda a criação se sente agradecida. Pois por vós ofereceu a mais valiosa dádiva das dádivas ao Criador, a mão pura, única digna do Criador.”
A tradição diz que Joaquim nasceu em Nazaré, e casou-se com Anna quando ele era jovem. Ele era um rico fazendeiro e possuía um grande rebanho. Como não tivessem filhos durante muitos anos Joaquim era publicamente debochado, (não ter filhos era considerado na época uma punição de Deus pela sua inutilidade). Um dia o padre do templo recusou a oferta de Joaquim de um cordeiro e Joaquim foi para o deserto e jejuou e rezou por 40 dias.
O Pai de Ana teria sido um judeu nômade chamado Akar que trouxe sua mulher para Nazaré com sua filha Anna. Após o casamento de sua filha com Joaquim também ficou triste de não terem sido agraciados com netos. Ana chorava e orava a Deus para atendê-la. Um dia ela estava orando e um anjo disse a ela que Deus atenderia as suas preces.
O anjo disse ainda que o filho que teriam seria honrado e louvado por todo o mundo. Anna teria respondido; “Se Deus vive e se eu conceber um filho ou filha será um dom do meu Deus e eu servirei a Ele toda a minha vida”.
O anjo disse a ela para ir correndo encontrar com o seu marido o qual, em obediência a outro anjo, retornava com o seu rebanho. Eles se encontraram em um local que a tradição chama de Portão de Ouro. Santa Anna deu a luz a Maria quando ela tinha 40 anos. É dito que Anna cumpriu a sua promessa e ofereceu Maria a serviço de Deus, no templo, quando ela tinha 3 anos. De acordo com a tradição ela e Joaquim viveram para ver o nascimento de Jesus e Joaquim morreu logo após ver o seu Divino neto presente no Templo de Jerusalém.
Maria ao nascer no dia 08 de setembro de um ano desconhecido, não só tirou dos ombros dos pais o peso de uma vida estéril, mas ainda recompensou-os pela fé, ao ser escolhida no futuro para ser a Mãe do Filho de Deus.
O Imperador Justiniano construiu em Constantinopla, uma igreja em honra de Santa Ana lá pelos anos de 550. Seu corpo foi trasladado da Palestina para Constantinopla em 710 e algumas porções de suas relíquias estão dispersas no Oeste. Algumas em Duren Rheinland-(Alemanha), em Apt-en-Provence, (França) e Canterbury (Inglaterra).
O culto litúrgico de Santa Ana apareceu no sexto século no leste e no oitavo século no Ocidente. No século décimo a festa da concepção de Santa Ana era celebrada em Nápoles e se espalhou lá pelos anos de 1100 d.C e daí por diante até século 14, quando o seu culto diminui pelo crescente interesse pela sua filha, a Virgem Maria.
A princípio apenas Santa Ana era comemorada e, mesmo assim, em dias diferentes no Ocidente e no Oriente. Em 25 de julho pelos gregos e no dia seguinte pelos latinos. A partir de 1.584, também São Joaquim passou a ser cultuado, no dia 20 de março. Só em 1.913 a Igreja, determinou que os avós de Jesus Cristo deviam ser celebrados juntos, no dia 26 de julho.

(Luís Fernando Custódio Ferreira )

A SABEDORIA DIVINA - JACOB BOEHME



“28. DISCÍPULO: “Ó mestre! não posso mais suportar o que me mantém no desgarramento e no erro. Qual o caminho mais curto para encontrar esse amor?

MESTRE: “Toma o caminho mais duro. O que quer que o mundo deprecie, toma para ti. O que quer que o mundo faça, não faças tu. Faz, em tudo, o contrário do mundo. Esse é o caminho mais curto para chegar ao amor de Deus”.

29. DISCÍPULO: “Se, em tudo, tenho de caminhar na direção contrária à todo o mundo, por certo me encontrarei num estado muito intranqüilo e triste, e o mundo me tomará por louco”.

MESTRE: “Não te digo, filho meu, que deves fazer mal a quem quer que seja. Não é isto que quero dizer quando te aconselho a fazer o contrário de todo o mundo. Mas é que o mundo só ama o engano e a vaidade, e anda por caminhos falsos. Portanto, se tua inclinação é agir sempre de uma forma limpa, tens de andar apenas pelo caminho correto, o caminho da luz, que é contrário aos caminhos do mundo, pois o do mundo é propriamente o caminho das Trevas.

“Porém, se tens medo de, com isso, suscitar problemas e inquietudes, sabe que, segundo a carne, isso de fato ocorrerá. No mundo, certamente terás problemas, e tua carne muitas vezes te intranqüilizará. Porém, isso te dará oportunidade para um contínuo arrependimento; além disso, em tal angústia da alma, que provém do mundo da carne, o Amor se inflamará, e seu Fogo conquistador resplandecerá com mais força ainda para destruir tal mal. Também dizes que com isso o mundo te tomará por louco. É certo que o mundo te tomará por louco por caminhar em sentido contrário a ele, e não deves surpreender-te se os filhos do mundo rirem de ti e te chamarem de néscio ou louco. Pois o caminho que conduz ao amor de Deus é loucura para o mundo, mas sabedoria para os filhos de Deus. Por isso, quando o mundo percebe esse santo fogo de amor arder nos filhos de Deus, conclui prontamente que enlouqueceram; mas para os filhos de Deus, esse ardente Fogo de Amor de Deus é seu maior tesouro, um tesouro tão grande que vida alguma pode expressar o que é, nem língua alguma pode nomeá-lo. Ele é mais brilhante que o Sol, mais doce que qualquer doçura, mais forte que toda fortaleza, mais nutritivo que qualquer alimento, mais inebriante ao coração que o vinho, mais prazeroso que todo o gozo e todos os prazeres deste mundo. Quem quer que o obtenha é mais rico que qualquer rei da terra, mais nobre que qualquer imperador e mais forte que todo poder e autoridade” (p.101-102).
BOEHME, Jacob. A Sabedoria Divina, s.ed., São Paulo: ATTAR, 1994, p.146