Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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sexta-feira, 25 de março de 2011

SAUDADE - Por Daniel Hubert Bloc Boris ( Jacques)


Saudade

Saudade é assim ...
Ausência de cor
Solidão sofrida
Abraçamos o vento
Conversamos sozinhos
Beijamos o espelho
Lágrima no rosto
Pensamentos vorazes
Cama vazia
Brinde ao léu
Comida sem gosto
Estrada sem fim
Esperança no coração
Que volte pra mim.  

Daniel Hubert Bloc Boris (Jacques) ............



O choro do gado -- por Napoleão Tavares Neves (*)


O gado descia mansamente no rumo do sertão.
O trovão reboava no nascente como marco incontestável do limite entre a seca que findava e a quadra chuvosa que já se prenunciava.
O gado tinha secado do capim mimoso dos sertões, enfastiado com o capim agreste da chapada do Araripe onde passara toda a seca. Eram 200, 300 reses tangidas por quatro vaqueiros, meu pai na guia e eu no coice do gado.
A música dos bois era a nota marcante daquela alegre tarefa. Tudo era alegria!
De repente, no lambedouro do Auto do Mulungu, um touro mestiço do pescoço grosso, cioso da sua liderança naquele rebanho, parou, deu um urro muito forte e retorcia as moitas com os chifres, dando saltos inopinados. Todo o resto do rebanho aproximava-se do touro e o repetia em lânguidos berros cheirando o chão! Todos paramos instintivamente, como autômatos.
O vaqueiro Zé Felix, muito místico, tirou o seu chapéu de couro e o colocou no peito em reverência àquela inusitada cena como igual jamais vi na vida!
Em seguida, o touro mestiço retomou a guia do rebanho e continuou a caminhada. Fomos verificar a causa daquela tocante cena. Era a ossada ainda verde e recente de uma rês que morreu naquela lambedouro, aonde as reses sempre iam ao cair da tarde em procura do sal da terra para satisfazerem a sua carência de sal. Dali pra frente os aboios diminuíram de intensidade. O tempo inexorável vai se acumulando sobre mim, mas aquela bucólica cena fica cada vez mais viva na minha saudosa sensibilidade. Esquece-la, jamais e eu tinha 12 anos de idade e era aprendiz de vaqueiro. Nunca vi humanos chorarem tão intensamente os seus mortos.
A natureza tem os seus mistérios!

(*) Napoleão Tavares Neves é médico, escritor, historiador, memorialista e cronista radicado em Barbalha. Pertence a diversos institutos culturais do Ceará e do Brasil.

Monsenhor João Bosco Esmeraldo chega aos setenta anos – por Huberto Cabral


Com uma solene concelebração eucarística de ação de graças, às 18h30min, no Santuário Eucarístico Diocesano, Mons. João Bosco Cartaxo Esmeraldo comemorou na ultima quarta-feira, dia 23 de março, setenta anos de seu nascimento.
A sagrada liturgia foi presidida pelo aniversariante e concelebrada pelos monsenhores Vitaliano Mattioli e Manoel Feitosa E pelos padres: Edmilson Neves, José Norbayro Londoño Buitrago, Juan Diego, Carlos Ballen, e Gallo Saches. Foi uma bonita manifestação de afeto dos fiéis, sobretudo dos leigos que trabalham no Santuário Eucarístico Diocesano, dos ex-paroquianos de Mons. Bosco que vieram da Paróquia São José Operário, em Ponta da Serra, e das irmãs do Instituto Fraternidade “O Caminho”, que atuam no Santuário Eucarístico Diocesano.

Quem é quem
Filho do casal Osvaldo Esmeraldo de Norões e Rosali Cartaxo Esmeraldo, Mons. João Bosco Cartaxo, nasceu em Crato aos 23 de março de 1941. Ingressou no Seminário São José do Crato em 1951 e iniciou seus estudos filosóficos no Seminário Arquidiocesano de Fortaleza em 1959. Em 1961, viajou pra Roma, onde cursou teologia na Universidade Gregoriana de Roma, como aluno do Colégio Pio-brasileiro. Foi ordenado sacerdote em 25 de setembro de 1965 por Dom Vicente Araújo Matos, Bispo Diocesano de Crato, na capela do Colégio Pio-brasileiro em Roma.
Depois de fazer diversos cursos especializados na Europa, exerceu várias funções na Diocese de Crato, dentre as quais destacamos: Prefeito de Disciplina do Seminário São José e vigário da paróquia de São José do Seminário (hoje Paróquia do Sagrado Coração de Jesus); vigário da paróquia Nossa Senhora da Penha e Cura da Catedral de Crato; Pároco da Paróquia São José Operário de Ponta da Serra. Foi membro dos seguintes órgãos diocesanos: conselheiro do Conselho Consultivo, membro da Comissão de Catequese e Vocação, Conselheiro da Fundação Padre Ibiapina e da Caritas Caritas Diocesana.
Recebeu o título de Monsenhor concedido pelo Papa João Paulo II por indicação de dom Newton Holanda Gurgel em 1995 e exerceu o cargo de Vigário Geral da Diocese por vários anos. Hoje, Monsenhor Bosco, é reitor do Santuário Eucarístico Diocesano, em Crato e diretor-presidente do Conselho Administrativo da Rádio Educadora do Cariri”.
Ao Mons. Bosco, formulamos votos de longa vida e ministério abençoado por Deus. Somos todos gratos pelo seu exemplo de doação e firmeza na fé!

(Matéria originalmente postada no site da Diocese de Crato)

Dom Newton, o quarto bispo de Crato – por Armando Lopes Rafael


Nascido na cidade de Acopiara, Ceará, em 01 de novembro de 1923, Dom Newton Holanda Gurgel recebeu a ordenação sacerdotal em 17 de dezembro de 1949. Foi reitor do Seminário São José de Crato e a nomeação como bispo-auxiliar de Crato veio encontrá-lo como pároco na cidade de Campos Sales. Recebeu a ordenação episcopal na cidade de Roma, em 27 de maio de 1979, das mãos do Papa João Paulo II, que será beatificado no próximo dia 1º de maio.
Dom Newton foi bispo-auxiliar até 17 de novembro de 1993, data da sua nomeação como quarto bispo diocesano de Crato. Antes, devido à renúncia de Dom Vicente, foi administrador diocesano de 01 de junho de 1992 até 16 de novembro de 1993.
Homem simples, dotado de inteligência prática, deve-se a Dom Newton a reabertura, em 1994, do Seminário São José de Crato. A partir daí, a diocese que sofria a carência de vocações religiosas passou a ser um celeiro de sacerdotes, a ponto de hoje a Diocese de Crato ter enviado um jovem sacerdote como missionário na Amazônia.
Nos dias atuais o Seminário São José de Crato forma sacerdotes para cinco dioceses: Crato e Iguatu, no Ceará, Cajazeiras (Paraíba), Salgueiro e Petrolina, ambas localizadas em Pernambuco.
Dom Newton ordenou vinte e oito sacerdotes e criou, durante o seu episcopado de oito anos e meio, quatros paróquias (Nossa Senhora Aparecida e São João Bosco, em Juazeiro do Norte; Nossa Senhora da Saúde, em Penaforte e Sagrado Coração de Jesus, no bairro do Seminário em Crato). Em 02 de maio de 2001 teve aceitado seu pedido de renúncia em conformidade com o cânon 401§ 1 do Código de Direito Canônico (motivo de idade). Permaneceu como administrador diocesano até 29 de junho de 2001.
A partir daí, na condição de bispo-emérito, Dom Newton se recolheu a sua residência particular no bairro São Miguel em Crato, onde atende pessoas para confissões e orientações, com espírito acolhedor e sempre bem humorado. Invariavelmente, todo dia, às 17:00h, celebra a Santa Missa na Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro que fez construir anexa à sua casa.
Dotado de lucidez e vitalidade impressionantes é um homem piedoso que prossegue na sua missão evangelizadora iniciada no já distante ano de 1949.
Texto e postagem de Armando Lopes Rafael

Pérola nos Bastidores - por Claude Bloc

Claude Bloc disse...

O pensamento voa
- Uma canção entoa
Enquanto a gente anda
- E a ilusão desanda
Se correr, tropeça
- Pois a vida é essa
Mas não o alcança
- Apenas esperança...

Claude Bloc

TRÍPTICO


1.

Abro a janela para o terreno baldio
com suas cabras espantando os urubus.
O sol dá-me de chapa na cara,
poças d’água e árvores secas me olham.
A rua parada, sossegada, espera
a passagem de um burrico preguiçoso.
Quando saio, o sol continua a arder-me na cara
e o calor asfixia, tolhe-me o corpo, os pulmões estralam.
Uma nuvem branca caminha para o mar,
cada vez menos nítida, some no horizonte.
Os meus passos na calçada se apressam para nada.

2.

Côu, côu, côu! Vem, Neguinha! Vem, Teimosa, vem!
Seu Chico alimenta as vacas para ordenhar o dia.
A moenda de cana com os braços caídos para o chão.
Os cachorros latem balançando o rabo,
fungando com a língua de fora.
Um casebre fumega na beira do mato.
Procuro quem sou, quem fui,
com um aperto no peito, a alma saindo dos olhos bobos.
Um moinho abandonado apodrece num canto,
ao lado o tronco esquecido de uma peroba, do que foi uma peroba.

3.

Uma mulher nua no meio da rua, de pernas abertas para cima.
A molecada se assanha, uma pomba branca bate as asas.
___________

CASINHA DE TAIPA... Por Claude Bloc


 Dedicado aos amigos do Cariricaturas
...e a todos aqueles que um dia viveram a paz e a harmonia do sertão

Uma casinha de taipa
Com os pés fincados no chão
As telhas desembeiçadas
Lá fora, majericão
No terreiro dois banquinhos
Tamboretes no salão
As redes sempre armadas
Café com pão no fogão.
Onde está essa casinha
Que guardo com emoção?
Será que ainda vejo
Essa casa do sertão?
Mãe Mina fazendo renda
Diva fiando algodão
Seu Mané vindo da roça
Zeca com os pés no chão
Tixixa moendo milho
Dinha fazendo feijão
Água no pote friinha
E os canecos de latão
Zefinha lá no terreiro
Correndo atrás de um capão
Chiquim indo buscar lenha
No jumento de Antão
No terreiro a cajarana
Se espalhando pelo chão
E nos galhos escondidos
A zuada do cancão
Espantado com o ritmo
De Maria no pilão
Na cerca se espalhavam
As vaquinhas de melão
Era assim essa casinha
Do chão batido de terra
Que ficava lá na serra
Onde está meu coração.

Claude Bloc