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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Dois Corações (A arte de amar)- Por Vera Barbosa

"De que é feito o amor? Dizem que o amor é paz." Os versos, na voz de Nana Caymmi, dão início à bela canção, e eu me ponho a acreditar que a afirmação é verdadeira. Depois de um longo processo de reconstrução interior, finalmente, redescobri o amor - e ele a mim. E, nessa fase de purificação do sentimento, sinto-me leve como uma bolinha de sabão. Serenidade, substantivo abstrato essencial à concretização da felicidade. A definição a meu respeito, hoje, é essa: estou serena.

Nos últimos meses, eu vinha me policiando e me reservando, a fim de evitar uma aproximação nociva de quem quer que fosse. Tá, eu não sou de cristal, mas quebro. Fico sem as pernas quando me decepciono com alguém e, a partir daí, faço mil questionamentos, revejo meus atos e conceitos (e também dos que me são próximos) à procura de uma resposta sobre o descaso com que as pessoas tratam os sentimentos alheios. Enfim, eu penso sem parar e não chego a conclusão alguma, além das tão conhecidas por todos: o ser humano é inconstante, egoísta e incompreensível.

Entretanto, em se tratando do que eu sinto e penso, tenho muita clareza do que me agrada, bem como do que tenho a oferecer e também do que espero. "Eu nunca quis pouco, falo de quantidade e intensidade", como Caetano explicitou. Claro, como qualquer outra pessoa, também tenho dúvidas, mas, quando elas surgem, eu não as ignoro, pois acredito que podem crescer e virar um bicho de sete cabeças que acabará me engolindo. E o começo-meio-e-fim vira um círculo vicioso: eu vivo, experimento, sinto. Aí, tudo vai pelo ralo, e eu recomeço o ciclo.

Diante das decepções vividas, eu decidi ficar na minha e evitei, ao máximo, um contato mais íntimo com qualquer pretendente. Em alguns momentos, hesitei e sucumbi ao desejo de burlar a solidão, mas nada que significasse uma ameça incisiva de quebra do meu silêncio. E fui ficando assim, bem comigo mesma, tranquila, desisti de apressar o rio e deixei que ele corresse sozinho. Foi então que constatei mais uma verdade: se você cuida bem do seu jardim, não precisa caçar borboletas, pois elas vêm e pousam sozinhas em seu canteiro.

Para arrematar o raciocínio, apesar dessa contenção de emoção a que me propus, nunca deixei de acreditar no ser humano e no amor. E a vida, tão generosa comigo, apronta suas peripécias e me coloca no caminho da refação sentimental. Quando menos espero, estou pronta para outra. Outra experiência, veja bem, não outra decepção. Porque essa sempre magoa e maltrata, não há como estar pronta para recebê-la.

E foi assim que tudo aconteceu, natural e espontaneamente. Chegou o momento de me entregar de corpo e alma e, sem pudores, me desnudo para essa que ainda é a melhor de todas as sensações que a vida pode nos proporcionar. Termino com os versos do saudoso Gonzaguinha, num brinde à delicadeza do amor.

Vida, vida, vida
Que seja do jeito que for
Mar, amar, amor
Se é dor, quero um mar dessa dor
Quero meu peito repleto
De tudo que eu possa abraçar
Quero a sede e a fome eternas
De amar, e amar, e amar

por Vera Barbosa

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