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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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domingo, 6 de dezembro de 2009

Maracanã Cheio: FLAMENGO CAMPEÃO - por José do Vale Pinheiro Feitosa

O sábado foi concentrado. Choveu a maior parte do tempo. À noite explodiram as luzes da Árvore de Natal da Lagoa. Pareciam anunciar o espetáculo do dia seguinte. Somos milhões ali no quarto em que ouvia os fogos, no apartamento de baixo e no de cima, na esquina, belo bairro, na cidade e no Brasil.

O domingo acordou claro com nuvens brancas numa brejeirice de chorinho. São tantas esperanças. A vitória e o campeonato depois de tantos anos. Mandingas. Afeições aos objetos com os quais se viram as vitórias que conduziram os flamenguistas até hoje. Atos de fé. Tudo como uma imensa certeza, pendente dos deuses do futebol, imprevisíveis e marotos.

O Grêmio cede. Ninguém no futebol pode passar para a história fazendo corpo mole. O Peru passou uma boiada de gols argentinos na copa de 78 e até hoje amarga uma decepção de sua torcida. O Equador e a Bolívia têm muito mais graça. Contando, é claro com a localização de suas capitais, pois Lima fica no nível do mar igual ao Rio de Janeiro.

O flamengo tem de ser campeão com as próprias pernas. Comandado pelo Andrade aquele do timaço dos anos oitenta. O primeiro negro a comandar um time de futebol no olimpo da pelota brasileira. As coincidências são tantas e os desejos iguais que o domingo de Maracanã ficará para a história. Será o grande evento antes do gigante adormecer para reformas até a copa do mundo aqui no país.

Á noite, rouco, com a alegria plantada bem aqui no meu peito. Estarei vitorioso. Terei conquistado o mundo. A vida, a posição no arco das incertezas do improvável mundo. Certo que nesta noite tudo estará resolvido. Encaixado. O mundo é bem luminoso como ontem foi a árvore de natal da Lagoa.

Mas e se não for assim? Se a derrota baixar como um temporal no meu ser? Se a noite se prolongar no silêncio dos torcedores do flamengo? Se nos bares chorarmos os lances que poderiam e não foram? Se for uma madrugada de frustrações e a segunda uma enxurrada de gozação dos adversários?

Não tem nada não. Numa sociedade que nos obriga a ser vencedor. Que detesta os perdedores. Que vangloria as estrelas. Numa sociedade tão competitiva como nos vendem, estarei coletivamente entre os derrotados. Somos tantos e milhões que a nossa derrota se torna a limpeza destas derrotas a conta gotas do dia-a-dia em nossas profissões e no salário que não termina o mês.

2 comentários:

Carlos Eduardo Esmeraldo disse...

Zé do Vale

Sou vascaino roxo, mas não me incomodarei se o Flamengo vencer hoje. Tem 99% de chances. Primeiro, porque o Gremio não tem lá essas motivações e não vai lutar para entregar o título ao seu grande rival, o Internacional. Segundo, porque o Flamengo foi reabilitado pelo Andrade, um técnico substituto que foi dando certo, até que os medalhões, que nunca calçaram chuteiras e treinam nossas equipes, ficaram descartados definiticamente. Em terceiro lugar, porque não tinha o Vascão para lhe puxar o tapete. Mas em 2010 será diferente. Também tem uma coisa: se vocês perderem, vão se eternizar como vice. Este é o meu desejo maior! Um abraço.

socorro moreira disse...

Eu moro com uma pessoa cujos únicos dois ineresses é Medicina e Futebol. Vascaína por amor ao meu pai, hoje torcerei Flamengo por amor aos filhos.
Mas falando do texto... Gostei do amanhecer " com a brejeirice dos chorinhos".