Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

sábado, 10 de abril de 2010

"Até Sangrar"




Ouvir "Até Sangrar", segundo disco da cantora Áurea Martins - mas primeiro a ser lançado por uma major, a Biscoito Fino, num esquema mais profissional - é praticamente uma viagem em alguma máquina do tempo que nos leva a uma época passada. Mais precisamente, à época das grandes cantoras do rádio - Elizeth Cardoso, Zezé Gonzaga, Emilinha Borba, Aracy de Almeida, Dalva de Oliveira...

A voz de Áurea, como as grandes divas daqueles tempos, exala elegância e uma certa melancolia bonita (isso sem contar o timbre aveludado, impecável), que não se encontram facilmente nas cantoras de hoje, chamadas de "divas", muitas vezes, por imprudência ou por total desconhecimento das caracteristicas que tornam uma artista diva de verdade. Áurea não teve até hoje o reconhecimento merecido, apesar da carreira longeva - iniciada ainda na década de 1960 - e do reconhecimento dos colegas da música - "Lembro quando Jamelão me cochichou, quando você foi convidada pra cantar numa reunião caseira: ‘Essa aí sabe das coisas’. Deu pra entender porque a Divina Elizeth saía de casa à noite (coisa rara!) pra ouvir outra cantora. E essa cantora era você", escreveu Hermínio Bello de Carvalho, no encarte de "Até Sangrar" .

Aliás - e tomara! -, que o novo disco, já que lançado com o suporte da Biscoito Fino, cumpra com a missão de apresentar a um público mais amplo o calibre de Áurea Martins. Bons atributos para isso o lançamento tem: beleza nos arranjos - assinados, em maioria por Francis Hime ou pelo Terra trio -, interpretação emocionante de Áurea e repertório que, ao misturar canções de Lupicínio Rodrigues ("Um Favor" e "Volta"), Herivelto Martins ("Edredon Vermelho"), Herbert Vianna e Paula Toller ("Nada por Mim") e Chico Buarque e Francis Hime ("Embarcação") dialoga perfeitamente com a trajetória da cantora das boates da antiga boemia do Rio de Janeiro.

Outro ponto alto de "Até Sangrar" é o time de amigos que Áurea trouxe para compartilhar desse trabalho. Nos bastidores, ela contou, por exemplo, com o dedo de Olívia Hime na direção artística. Na hora de entrar em estúdio, recebeu músicos do naipe de Cristóvão Bastos, João Donato, Alcione, Francis Hime e Emílio Santiago - os quatro últimos emprestam suas vozes em faixas que fazem o ouvinte entrar numa dor de cotovelo gostosa, até mesmo por essa evocação de um passado que faz lembrar de uma época em que música se fazia mais com o coração que com o bolso.
OVERMUNDO

Nenhum comentário: