Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

domingo, 6 de setembro de 2009

Paulo Autran, Personalidade Símbolo do Teatro Brasileiro

Paulo Paquet Autran ( RJ 07/09/1922 - SP 12/10/2007 ).

Ator. Intérprete de grandes recursos expressivos e vários registros dramáticos, inicia-se nos anos 50 e constrói sólida e diversificada carreira, protagonizando um repertório que inclui os maiores autores clássicos e contemporâneos.
Inicia-se no teatro em 1947, com Os Artistas Amadores, grupo fundado por Madalena Nicoll, que encena Esquina Perigosa, de J. B. Priestley, um dos espetáculos que marcam a fase amadora do Teatro Brasileiro de Comédia, TBC, nos seus primórdios.

Volta aos palcos com A Noite de 16 de Janeiro, de Ayn Rand, 1948, no papel de um advogado, profissão que, de fato, ele exerce no período. Em 1949, entra para ao Grupo de Teatro Experimental, GTE, atuando em Pif-Paf e A Mulher do Próximo, textos e direções de Abílio Pereira de Almeida, e como o protagonista de À Margem da Vida, de Tennessee Williams, no Teatro Copacabana, Rio de Janeiro, todas em 1949. Ainda nesse ano, numa produção de Fernando de Barros, protagoniza ao lado de Tônia Carrero, recém-chegada de Paris, Um Deus Dormiu Lá em Casa (Anfitrião), de Guilherme Figueiredo, seu primeiro papel no profissionalismo.

Em 1950, a mesma companhia realiza Amanhã, Se Não Chover, de Henrique Pongetti, com direção de Ziembinski. No ano seguinte, ele e Tônia Carrero são contratados em São Paulo: ele, para o TBC e ela para a Companhia Cinematográfica Vera Cruz.

Em 1951, atua em importantes produções da companhia, tais como: Seis Personagens à Procura de um Autor, de Luigi Pirandello, direção de Adolfo Celi; Arsênico e Alfazema, de Joseph Kesselring, direção também de Celi; Ralé, de Máximo Gorki, direção de Flaminio Bollini, e A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas Filho, encenação de Luciano Salce.

Com Antígone, de Sófocles (1º ato) e de Jean Anouilh (2º ato), dirigido por Adolfo Celi, em 1952, arrebata o Prêmio Saci de melhor intérprete; que vai repetir-se com Na Terra Como No Céu, de Franz Hochwalder, e Assim É...(Se Lhe Parece), novamente Pirandello, tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo, ambos em 1953.

Outro grande sucesso de sua carreira no TBC vem com Santa Marta Fabril S. A., em 1955. No ano seguinte, ele, Tônia Carrero e Adolfo Celi saem do TBC e fundam, no Rio de Janeiro, a Companhia Tônia-Celi-Autran, CTCA, estreando com Otelo, de William Shakespeare. Nos anos seguintes, as mais significativas montagens que sobem à cena são: A Viúva Astuciosa, de Carlo Goldoni, 1956; Entre Quatro Paredes (Huis Clos), de Jean-Paul Sartre, 1956; Frankel, de Antônio Callado, 1957; A Ilha das Cabras, de Ugo Betti, 1958; Calúnia, de Lillian Hellman, 1958; Negócios de Estado, de Louis Verneuil, 1958; Seis Personagens à Procura de Um Autor, de Luigi Pirandello, 1959; Lisbela e o Prisioneiro, de Osman Lins, 1961; Um Castelo na Suécia, de Françoise Sagan, 1961; e Tiro e Queda, de Achard, última montagem da CTCA em 1962.

Estréia, com brilho e sucesso, ao lado de Bibi Ferreira em My Fair Lady, 1962. Em 1964, com Maria Della Costa, está em Depois da Queda, de Arthur Miller, direção de Flávio Rangel, para o Teatro Maria Della Costa - TMDC, recebendo o Prêmio Associação Paulista dos Críticos Teatrais, APCT, de melhor ator. Faz, logo após, um show de boate denominado Paulo Autran da 1 às 2, repetindo Flávio Rangel como diretor, que inspira a criação de Liberdade, Liberdade, de Flávio Rangel e Millôr Fernandes, levado em 1965 no Teatro Opinião, enorme sucesso de crítica e público. Ainda com o espetáculo correndo o país, Paulo filma Terra em Transe, de Glauber Rocha, em que vive o ditador de um país latino-americano, saudado como o mais importante lançamento de 1967.

Monta sua própria companhia e, em 1966/1967, percorre o Brasil com uma encenação de Flávio Rangel para Édipo Rei, de Sófocles, ao lado de Cleyde Yáconis. Esse tipo de atuação repete-se com O Burguês Fidalgo, de Molière, em 1968. Em 1970 faz o show Brasil e Cia. e, no mesmo ano, integra uma controvertida montagem de Macbeth, de William Shakespeare, com direção de Fauzi Arap. Antunes Filho o dirige no espetáculo Nossa Vida em Família (Em Família), de Oduvaldo Vianna Filho, 1972. Ainda nesse ano, vive o Quixote no musical O Homem de la Mancha, de Wasserman, novamente com Bibi Ferreira, bem como o protagonista de Coriolano, de William Shakespeare, direção de Celso Nunes, em 1974.

Seguem-se novas produções bem-sucedidas: Dr. Knock, de Jules Romains, 1974; Equus, de Peter Shaffer, 1975, ambas novamente dirigidas por Celso Nunes; e recebe o Prêmio Mambembe de melhor ator em A Morte de um Caixeiro Viajante, de Arthur Miller, encenação de Flávio Rangel, 1977.
Com Eva Wilma protagoniza Pato com Laranja, de William Douglas Home, trazendo Adolfo Celi da Itália para um retorno ao Brasil, em 1979, um dos maiores sucessos de sua carreira. Em 1982, está em Traições, do dramaturgo Harold Pinter, com direção de José Possi Neto, levando o Prêmio Molière de melhor ator, e em 1983, dirige A Amante Inglesa, um rebuscado texto de Marguerite Duras. Num mesmo programa apresenta alternadamente, em 1985, Tartufo, de Molière, e Feliz Páscoa, de Jean Poiret, mais uma direção de José Possi Neto.

Tributo, de Bernard Slade, é a criação de 1987. Com o Grupo TAPA integra o elenco de Solness, o Construtor, de Henrik Ibsen, direção de Eduardo Tolentino de Araújo, em 1988, mesmo ano em que atua em Quadrante, texto e direção do próprio Autran, peça que permanece apresentando por muito tempo. No ano seguinte, participa de outra montagem com jovens, A Vida de Galileu, de Bertolt Brecht, direção de Celso Nunes. Também em 1989, recebe o Prêmio Apetesp especial por seus 40 anos de profissão. Em 1991 atua e dirige em Seis Personagens à Procura de Um Autor, de Luigi Pirandello. Em 1993, está como ator em O Céu Tem que Esperar, de Paul Osborn, direção de Cecil Thiré; e, em 1994, atua em A Tempestade, de Shakespeare, direção de Paulo de Moraes, realizada em Londrina. Um ano depois, volta ao boulevard com As Regras do Jogo, de Noel Coward, e a Shakespeare, com Rei Lear, dirigido por Ulysses Cruz, em 1996. Para Sempre, de Maria Adelaide Amaral, 1997; e O Crime do Dr. Alvarenga, texto e direção de Mauro Rasi, são seus últimos trabalhos nos anos 90. Em 2000, monta um grande sucesso, Visitando o Sr. Green, de Jeff Baron, dirigido por Elias Andreato, que lhe rende os prêmios Associação Paulista de Críticos de Artes, APCA, e Shell de melhor ator de teatro.

Para tornar-se conhecido de um público mais amplo, participou de telenovelas "Gabriela, Cravo e Canela"; "Pai Herói"; "Guerra dos Sexos" e "Sassaricando"; além de minisséries como "Hilda Furacão". Em todas elas, conseguiu tornar seus personagens populares.
Em mais de 50 anos de carreira fez cerca de 90 peças, 15 filmes, inúmeras novelas e especiais para a TV. Era casado, desde 1999, com a atriz Karin Rodrigues.
Para tornar-se conhecido de um público mais amplo, participou de telenovelas "Gabriela, Cravo e Canela"; "Pai Herói"; "Guerra dos Sexos" e "Sassaricando"; além de minisséries como "Hilda Furacão". Em todas elas, conseguiu tornar seus personagens populares.Em mais de 50 anos de carreira fez cerca de 90 peças, 15 filmes, inúmeras novelas e especiais para a TV. Era casado, desde 1999, com a atriz Karin Rodrigues.
Segundo o crítico Yan Michalski: "Paulo Autran é uma das raras personalidades-símbolos do teatro brasileiro. Este gentleman construiu, ao longo de 40 anos de teatro profissional, uma carreira admiravelmente digna, na qual tanto o público como os colegas sabem vislumbrar um exemplo merecedor de incondicional respeito. Este protagonista nato nunca se deixou sensibilizar pelo canto de sereia do estrelismo. Tampouco caiu nas armadilhas do modismo, definindo sempre a sua carreira por um critério pessoal, aberto mas inflexível e exigente, da qualidade: faz com o mesmo entusiasmo e a mesma competência um grande clássico, uma comédia ligeira ou um texto marcado pelo conceito da modernidade, contanto que identifique nele valores literários, teatrais, intelectuais, sociais ou humanos que mereçam o seu engajamento, e que a construção do papel se constitua para ele num desafio e numa alegria. E seria difícil citar um outro ator tão completo a ponto de responder a qualquer tipo de desafio interpretativo com a mesma amplitude e adequação de recursos. (...) Culto, discreto, elegante em cena como fora dela, exaltado por todos os que com ele trabalham como um colega exemplar, Paulo Autran talvez possa ser adequadamente definido como um ator visceralmente e em todos os sentidos, civilizado".1

Notas:

1. MICHALSKI, Yan. Paulo Autran. In:_________. PEQUENA Enciclopédia do Teatro Brasileiro Contemporâneo. Material inédito, elaborado em projeto para o CNPq. Rio de Janeiro, 1989.
.

Nenhum comentário: