Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

sábado, 6 de fevereiro de 2010

As máscaras do carnaval de Veneza



Texto : Alexandre Coutinho

O melhor do Carnaval de Veneza, é que ele não vive de uma organização forte ou do programa oficial das festas que, este ano, tinha por mote os 999 anos de Carnaval na cidade. A festa é feita pelas pessoas e para as pessoas. É o apogeu da iniciativa e da liberdade individuais, de cada um se mascarar em função da sua fantasia ou desejo de encarnar uma personagem ou uma identidade completamente diferente daquela que tem de assumir ao longo do resto do ano.

Neste sentido, o Carnaval de Veneza oferece a todos a possibilidade de se realizarem, nem que seja só por uns dias, sublimando todos os recalcamentos e fortalecendo o seu próprio ego, pela interacção com os outros mascarados e com todos aqueles que procuram fotografar ou fotografar-se ao lado das máscaras mais bonitas.

Naturalmente, que uma bela e sofisticada máscara é dispendiosa e representa um investimento que não está ao alcançe da maioria dos foliões, mas existe sempre a modalidade do alúguer de um fato completo ou da compra de uma máscara para o rosto ou de um chapéu mais original para participar na festa. Por toda a cidade, multiplicam-se as lojas e os artesãos de máscaras para todas as bolsas, das mais simples, fabricadas em "cartapesta" (mistura de gesso e pasta de papel), às mais trabalhadas, com banhos de metal e decoradas com prata e ouro.

O grande trunfo do mascarado está no seu completo anonimato. Em muitos casos, até é difícil dizer se é homem ou mulher. Quem sabe se, por detrás de uma máscara que cruzamos na rua não está uma personalidade pública famosa, um conhecido actor de cinema ou um cantor de sucesso que, a cobro de um disfarçe bem conseguido, se diverte livremente num mar de gente, longe da perseguição dos "paparazzi".

Dois cafés de renome da Praça de San Marco - o Florian e o Quadri - são pontos de passagem obrigatória, para observar as mais ricas máscaras dos afortunados que podem viver o Carnaval com fausto e luxo, não hesitando em gastar centenas de contos para recriar as vestes de um nobre ou de uma dama do Séc.XVIII.

Uma das máscaras mais procuradas, é a tradicional "bauta" (máscara branca em forma de bico), completada por um chapéu de três pontas, um "tabarro" (casaco largo) e uma capa preta de seda cobrindo os ombros e o pescoço, que recria o nobre veneziano nas suas deslocações incógnitas aos casinos, reuniões secretas e moradas de amores ílicitos.


Fugir do mar de gente

É certo que Veneza fica verdadeiramente impossível nos dias de Carnaval. As zonas mais turísticas, entre a ponte de Rialto e a Praça de San Marco, são inundadas por um mar de gente o que, por vezes, dificulta a circulação e leva a polícia municipal a interditar o trânsito pedonal nos dois sentidos em determinadas ruelas. No entanto, é sempre possível fugir ao bulício e à confusão, procurando bairros da cidade menos movimentados, como o Dorsoduro, Cannaregio ou Santa Croce. E, porque não aproveitar a ocasião para visitar as outras ilhas, nomeadamente, Burano (famosa pelas suas rendas e as simpáticas casas coloridas), Murano (célebre pela sua tradição vidreira), o Lido (para um passeio à beira mar) e a San Giorgio Maggiore, com os seus jardins e um campanile de onde se disfruta de uma das melhores vistas panorâmicas sobre a cidade.

Não recomendo este período do Carnaval para uma primeira visita a Veneza. Se nunca foi a Veneza, não o faça nos períodos festivos (Natal, Páscoa ou Carnaval) e evite, também, o "pico" do Verão, nomeadamente, os meses de Julho e Agosto. A Primavera (Abril/Maio) é a melhor época para visitar a cidade ou, em alternativa, o ínicio do Outono (Setembro/Outubro), apenas com o inconveniente de estar sujeito a alguma chuva.

Um passeio por Veneza é sempre um reencontro com a arte e a arquitectura de uma das mais belas e incomparáveis cidades do mundo. Edificada sobre 118 ilhas, ligadas por mais de quatro centenas de pontes, Veneza oferece ao visitante toda a riqueza das suas dezenas de igrejas, palácios de arquitectura renascentista e museus. A Praça San Marco, com a basílica e o palácio ducal ou dos Doges, a torre dell'Orologio, a ponte dos Suspiros, o Campanile (com uma altura de 96 metros) e as colunas de S. Todaro e do leão de S. Marco, constituem os principais ex-libris da cidade, mas há muitos outros pontos de interesse: a basílica de Santa Maria della Salute (frente à praça S. Marcos, do outro lado do Grande Canal), a igreja dos Santi Giovanni e Paolo (a segunda maior de Veneza, logo a seguir à basílica de San Marco), a igreja de San Moisè, a igreja Il Redentore, a basílica S. Maria dei Frari, a ponte de Rialto (com as suas lojas) e os "campi" de Santa Maria Formosa, San Polo ou Santo Stefano, S. Bartolomeo, entre outros.

Dos muitos museus, destaque para as Gallerie dell'Accademia, a Scuola Grande di S. Rocco, a Collezione Guggenheim, a Scuola S. Giorgio degli Schiavoni o Palazzo Grassi (pintura e arte contemporânea), o Museo Storico Navale (no Arsenale) e o Museo Vetrario, em Murano.

Veneza é a cidade ideal para passear a pé, partir à descoberta dos recantos mais românticos e dos canais mais bucólicos. As principais direcções estão indicadas, mas é melhor orientar-se com um mapa, para descobrir os atalhos e as pontes de ligação. O cais do Zattere, ao longo do canal da Giudecca; a Strada Nuova, até à estação de comboios de S. Lucia; a Riva degli Schiavoni, até ao Arsenale; as ruas comerciais dei Fabbri, da Merceria, de Verona, da Frezzeria, delle Ostreghe e a Calle Larga XXII Marzo, com as suas lojas de luxo.

Os "traghetti" situados em vários pontos das duas margens do Grande Canal, são a forma mais económica de viajar de gôndola (70 escudos), mas se quiser fazer um passeio turístico de meia-hora, negoceie com um gondoleiro e divida a despesa com outras pessoas (até 6). Os "vaporetti" são os verdadeiros autocarros públicos da cidade (com bilhetes a 500 escudos), sempre preferíveis aos táxis-barco, cuja bandeirada ronda os 2700 escudos.

Nenhum comentário: