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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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terça-feira, 8 de setembro de 2009

Peleja do Metrossexual contra o macho-roots- Jurubeba - Por Xico Sá

Eu venho lá das quebradas

De grotões e de veredas
Donde diabo perdeu as botas

Maconha boa na seda,

Sou Zé Limeira e Breton

Viagem de ácido bom

Lenha nova e lavareda.



O que é isso, cachaceiro?,

Peço licença a vocês,

Vou narrar uma peleja

Guardada faz mais de mês,

A de um macho-jurubeba

Encardido feito ameba

Conto ao gosto do freguês!



Do outro lado do ringue

Um sujeito,uhn, autoral...

Bonitinho, mas ordinário

Codinome: me-tros-se-xu-al!!!

Foi criado na Inglaterra

Tem o afeto que se encerra

Na maquiagem do mal.



Os sinos dobram, dom King,

E a contenda começou

O jurubeba enfezado

De cara já perguntou:

-Onde tu compras tem pra homi?

És aquilo que consome?

Qualé, rapá?, androginou?



Com fleugma de bom inglês

O metro não perdeu a linha,

Ajeitou seu terno Armani

Que elegância na bainha!

O jurubeba, eu nao sei,

Mas perdeu logo o fairplay

E pediu uma cachacinha!



Marquinhos deu a cachaça

E o cabra cresceu no jogo,

A Mercearia veio abaixo

Nego fez u´a roda de pôgo.

E o cabôco free-style

Mandou pra casa do caraio

Tudo que tava em jogo!



Foda-se a esportiva

Disse o jurubeba de cara

Não tolero a espécie

Que desgosto!, avis rara...

Lá da terra donde venho

Esse rapaz eu emprenho

Apollinaire, minha vara!.



Donde o metrossexual

Na contramão da barbárie,

Gabola e cheirosinho

Via de longe minha cárie...

Seus perfumes no ajuste

Qual o bolinho de Proust

Levava todos nos ares.



E o vento também levou

O modismo desse metro,

Ele num pega nem u`a letra

De um macho analfabeto...

Prefiro meu travesti

Jesus Cristo!, eu estou aqui

E ai?, estás por perto?



Macho velho, invejoso,

Sou sensível e muito cool,

Só pego “Pati” cheirosa

Te viras com tribufu,

Uso todo meu Lancôme

E não deixo de ser homem

Vade retro, cafuçu!



Se isso é ser macho, haha!...

Renuncio ao velho sapiens,

Gasto minha testosterona

Salve Mussum, dá-me um traguis!

Tu gosta é de cheirar a rolha

E sentir o bouquet da trolha

Afasta de mim esse cálice!



Fala sério, cachaceiro,

Como rejeitas esse bouquet?,

Tua vida bagaceira

É maldição démodé...

Já sei que não te habilitas

Eu sigo In vino Veritas

E vejo os vermes te roer.



Minha antologia de ressacas

É grandeza d´alma, amiúde,

A lua na sarjeta ensina mais

Do que uma obra de virtudes...

Serás um belíssimo defunto

E para a cidade de pés-juntos

Irás gozando toda saúde!



Entrou pela perna do pinto

Saiu pela perna do pato,

Quem quiser que conte outra

E siga Rosseau no contrato,

Pois o homem nasce direito

Mas depois vira um suspeito

Vou m´embora é lá pro Crato!

* Xico Sá é um caririense da maior competência !

Doravante vamos começar a conhecer o seu trabalho. Faz tempo escuto sobre ele , as melhores referências. Achei a botija : seus livros ! Na medida do possível vou postando os seus textos para o nosso deleite.

Socorro Moreira


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