Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

POESIA NUNCA É DEMAIS

A POESIA DE JOSÉ AUGUSTO SIEBRA

O amanhecer

Acho bom, gosto de ver
Quando o dia vai raiando.
A luz surgindo no céu
A passarada cantando.

Me benzo, pois nesta hora
Encho minha alma de fé
Sigo direto à cozinha
Para cuidar do café.

Que lindo céu da manhã!
Oh, como tudo é grandeza!
Que céu bordado de luz,
Como é linda a natureza.

O rico, pois, nessa hora,
Dorme qual porco na cama
E o pobre, em preces divinas,
O nome de Deus proclama.

O pobre, pois, num instante,
Louva a Jesus e a Maria
Empunha a foice, a enxada
E segue a luta do dia.

Oh quanto me deleito
Nesta hora da manhã!
Neste todo tão divino
Neste céu cor de romã.

Gosto de ouvir nesta hora
A cantiga do Geraldo,
Peito que estala saudoso,
Qual um piston afinado.

Canta muito bem o negrinho
Com tanta satisfação
Que faz um mar de ventura
Visitar-me o coração.

Acho a voz de Geraldo
Tão bonita, engraçadinha,
Que desejava comê-la
Misturada com farinha.

Quem vê o pobre negrinho
Sujo, roto e aleijado,
A cabeça descoberta,
O olhar atravessado,

Não diz que daquele peito
Bate a voz de um chorão
Nem sabe que a voz de Deus
Mora no seu coração.

O Geraldo quando canta
Deus escuta atentamente,
E sendo um Deus no seu peito
Se manifesta contente.

Solta feliz, ó Geraldo,
Este teu canto bonito
Neste teu canto eu vejo
As notas do infinito.

Um comentário:

Stela disse...

Meu avô foi um grande poeta: lírico, telúrico, contemplativo.
Sou-lhe muito grata por ter deixado tanta beleza em versos.