Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

POESIA NUNCA É DEMAIS

DEBULHAR FEIJÃO
(StelaSiebraBrito)


debular feijão
debulhar o verde novo-antigo da memória:
as plantações (seus cheiros e cores)
as cheias do Carás (as impetuosidades e dádivas de um rio)
manhãs chuvosas, tardes luminosas
a lâmina d’água do açude (brilho de luz que corta)
e
lá estão as mulheres no alpendre da casa, com as urupembas de feijão verde no colo,
as galinhas catam os grãos que caem no chão
os cachorros cochilam no terreiro
os homens pitam
os meninos armam arapucas para os passarinhos.

E as mulheres debulham o feijão
debulhando memórias de suas avós
africanas
ameríndias
tupis
kariris.

3 comentários:

Stela disse...

Às vezes me dá veneta de fazer as coisas de forma bem artesanal, antiga mesmo. Vou na feira e compro feijão verde, só pra sentir o delírio da viagem no cheiro, na cor, na textura da vagem de feijão sendo debulhada e... lá vou eu para o sertão... chapada do Araripe, cheiro das plantações, cheiro da chuva chegando, cheiro de mato molhado, minha alma encharcada de terra e céu azuis.

XICO BIZERRA disse...

BASTA QUE SE FECHE OS OLHOS PARA QUE A ALMA E OS SONHOS SE ENCHARQUEM DE SERTÃO, STELA. CONCORDO, PORÉM, QUE UMA VAGEM DE FEIJÃO VERDE, COM SUA TEXTURA, CHEIRO E COR, TORNAM O DISTANTE MAIS PRÓXIMO, O SONHO MAIS VIDA.

Stela disse...

Oi poeta Xico,

que bom ouvir tua voz aqui, bem nossa, bem sertão, com suas cores e cheiros.

Abraços
stela