EXPERIÊNCIA DE CAMPO
Água pra que te quero! esse é o mote do projeto que está percorrendo distritos e localidades do interior do Ceará como o objetivo de documentar a relação do homem com a água, como o próprio nome sugere. Como parte da equipe, participei desta expedição na Bacia do Banabuiú, pesquisando as comunidades que vivem no entorno da bacia e vivenciam no cotidiano uma relação dicotômica com a água. Em algumas localidades, a água encanada tão comum nos centros urbanos, tinha chegado há poucos dias como no Sítio Olho D´Água em Canutos; já no Sítio Boqueirão, a água tem hora marcada pra chegar, depois vai embora e pode levar até uma semana para voltar a abastecer a comunidade. Ao mesmo tempo, experiências exitosas de uso racional da água como os quintais produtivos, horticultura irrigada, técnicas de cultivo da “mandala” como a utilizada pela aldeia indígena dos Tabajaras podem ser vistas nesta região como modelos inteligentes de uso da água e geração de emprego e renda para a população. Nas inúmeras e ricas conversas na calçada com estas comunidades, percebemos a ingênua crença que as enchentes e suas conseqüências são frutos da vontade divina. Ao mesmo tempo, nos centros urbanos, com toda a facilidade de acesso à mídia de massa e campanhas educativas sobre meio ambiente, o desperdício faz parte do cotidiano da população que parece ainda não se preocupar com essa questão tão urgente e vital para a vida do planeta.
A pesquisa proposta pelo projeto Água pra que te quero! utiliza da transversalidade da cultura como ferramenta de sensibilização e educação, além da pesquisa de documentação fotográfica, realiza ações pontuais de animação cultural como palestras sobre fotografia e meio ambiente, exposições e caminhadas fotográficas, o resultado desta experiência será publicado no “Caderno de Viagem” o qual será distribuído nas bibliotecas de todo o Estado como fonte de registro e pesquisa sobre o tema. Iniciativas independentes desta natureza são importantes, mas não dão conta do enorme desafio a ser superado sobre esta histórica questão, contudo, deve ser somado a outros esforços da esfera pública a exemplo da ação estratégica “Pacto das Águas” onde pesquisadores, técnicos, especialistas, governantes e sociedade civil, vem discutindo amplamente os estudos e programas de forma compartilhada voltados para a implantação de uma política pública no Estado no sentido de solucionar questões tão básicas e necessárias como abastecimento de água, saneamento e desenvolvimento sustentável, e desta forma, possam atuar como ação transformadora no que cerne a mudança no comportamento e hábitos de crianças, jovens e adultos em suas práticas cotidianas sobre a preservação e conservação de nossas nascentes e especialmente, sobre o uso racional da água nas populações rurais e urbanas para que nos próximos 20 anos não tenhamos repetido o mesmo ritual antropológico dos sertanejos e suas mulas em busca de água nos craquelês desse imenso Ceará.
O projeto Água pra que te quero! Consiste na documentação fotográfica da água e sua relação com o ser humano, no sentido de sensibilizar a sociedade sobre a importância da preservação de nossas nascentes como fonte de vida para as futuras gerações.
O projeto tem como objetivo realizar uma documentação fotográfica em bacias hidrográficas do Ceará, num contraponto entre práticas positivas e negativas do uso da água no cotidiano urbano e rural. Também pretende estimular e difundir a arte fotográfica como exercício de sensibilização, reflexão e estética através de ações de animação cultural, com exposição fotográfica, conversa sobre fotografia, sua relação com a água e caminhada fotográfica nos municípios participantes.
As bacias hidrográficas para essa primeira fase do projeto são as de Banabuiú, Salgado e Alto Jaguaribe, as quais estarão em fase de documentação os municípios de Quixadá, Banabuiú, Monsenhor Tabosa, Boa Viagem, Salitre, Arneiroz, Tauá, Crato, Barbalha, Juazeiro do Norte, Orós e Brejo Santo.
Este trabalho pretende envolver além das Prefeituras, as Escolas, Bibliotecas Públicas, Centros Culturais, Galerias de Arte, Secretarias Municipais de Educação, Cultura, Saúde e Meio Ambiente; SECULT-CE e parceiros do projeto como forma de informação e democratização do acesso às ações educacionais e culturais do projeto.
O projeto Água pra que te quero! Tem o apoio cultural da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Lei Mecenas), com o agradecimento da COELCE, apoio institucional da SEMACE, Expresso Guanabara, consultoria da Anima.Cult, colaboração das Prefeituras Municipais, realização Poesia da Luz Fotografia.
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Fotografia Nívia Uchôa
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