Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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domingo, 7 de fevereiro de 2010

O Carnaval da Saudade – 2010 - Por Roberto Jamacaru



O anúncio divulgado em dezembro de 2009 de que em fevereiro próximo voltaria ser realizado, nos salões do Crato Tênis Clube, mais um evento do Carnaval da Saudade, foi o suficiente para deixar em estado de alerta os foliões do Cariri, muitos dos quais residentes em Fortaleza, Recife e tantas outras cidades espalhadas por esses Brasil afora.
Às 22h do sábado, dia 06, quase todas as ruas do bairro Pimenta já estavam tomadas de carros sinalizando que, lá dentro, nos salões do CTC, o número de gente seria bem maior... Não deu outra! Numa simples olhadela dava para ver que todas as dependências do velho clube estavam lotadas de piratas, xeiques, pierrôs, colombinas e tantas outras fantasias, típicas dessa folia momina.
Com o toque inicial do tradicional prefixo musical, gritos, assobios e risos incontidos ecoaram salão adentro onde, na base dos passes, cordõzinhos, dedinhos para o céu e arremesso para o alto de confetes e serpentinas, o ambiente transformou-se num verdadeiro quartel da folia. A partir desse momento foram mandados para o espaço as tristezas, a falta de bom humor, as mágoas, as depressões e as vergonhas contidas de pular, cantar e sorrir gratuitamente em nome da alegria e da vida.
A cada música, uma identificação e uma reação:
“Quanto riso, oh! Quanta alegria...!”,... E isso se via estampado nos rostos dos garotões e garotonas maneiras de 15 a 20 anos, assim como também nos “gatões e gatonas” de 30, 40, 50, 60, 70, 80...

“Se você pensa que cachaça é água...!”, ... Não havia exceção! Até eu, que não bebo, tava lá meio meladão!

“Olha a cabeleira do Zezé, será que ele é, será que ele é?”. ... Convenhamos, sem essa turma, chefiada pelo glamouroso Wellington Cabeleireiro, onde a tradição das plumas, dos paetês, das exuberantes fantasias e das irreverências, que são suas marcas maiores, o carnaval do Crato fica pobre e sem graça. Só que, graças a Deus, todas “elas” estavam lá.

“Bandeira branca, amor, eu peço paz...!”. ... Essa foi a hora mágica da reconciliação onde todos enamorados procuraram se abraçar numa atitude clara de que o amor, no desamor, não vale a pena.

“Aquele lencinho, que você deixou, foi um pedacinho da saudade que ficou...!”. ... Quem nasceu nas décadas de 50, 60 e 70 sabe que as lembrancinhas guardadas de um grande amor às vezes falam mais que mil palavras.

“Oi balancê, balancê... Quero dançar com você...!”. ... De volta os agitos, os gritos, os trenzinhos e mais uma vez todo mundo saiu pulando e cantando se conseguir se segurar.

Lá para as cinco da madrugada, veio a culminância!
O Cotejo da folia, ainda cheio de energias e alegrias, liderado pela banda que não parava de tocar, seguiu rumo à praça Siqueira Campos, no centro da cidade, onde, nesse velho corso, o Crato reviveu a sua velha apoteose.
Nesse logradouro, o som dessa felicidade subiu por entre as folhas de suas velhas palmeiras e fez acordar, lá no céu, os anjos e os foliões cratenses de sempre como Zeba, Juvêncio Mariano, Pedro Maia, Capela, Mestre Azul, Silvinha Pirão, Cândido Figueiredo, Salgado, Ossian Araripe, Hildegardo, Seu Irineu, Zé dos Prazeres, Paulo Frota, Tércio Cabeleireiro, Vicente Ludugero e tantos outros.
“Ai! Ai! Ai, ai... Ta chegando a hora, o dia já vem raiando meu bem e eu tenho que ir embora...!”.

De volta para o futuro, em 2011 teremos mais, muito mais!
Roberto Jamacaru

2 comentários:

Maria Amélia Castro disse...

Roberto Jamacaru,

Imagime ler seu artigo muito bem escrito aqui em São Paulo.
Passa um filme na cabeça de quem viveu, conheceu um carnaval que na sua simplicidade marcou a nossa vida.Brincadeiras no salão, confetes, serpentinas muito cetins, brilhos e lantejolas.A bandeira branca de Dalva de oliveira e da quarta -feira ingrata que chegou tão depressa. saudades saudades saudades.
Maria Amélia Castro

Roberto Jamacaru disse...

Cara Maria Amélia

Você deu uma prova inequívoca de que é uma cratense em qualquer lugar que esteja.
É também como vc falou: "Um carnaval que marcou nossa vida!".
Até a sensação do lança-perfume estava solta no ar...
Obrigado por ter gostado do texto.

Abraços

Roberto Jamacaru