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domingo, 16 de agosto de 2009

Nomes das ruas do Crato antigo - por Armando Lopes Rafael

Começou, nos primeiros anos do século XX – por iniciativa dos vereadores desta cidade, ao longo de várias legislaturas – o triste costume de mudança dos nomes das ruas e praças de Crato. Essas alterações sempre atenderam a interesses menores dos vereadores e foram feitas sem ouvir a população, resultando na destruição de denominações tradicionais, preservadas por várias gerações de cratenses.
Tenho em mãos um artigo publicado na Revista do Instituto do Ceará, com o título “Descrição da Cidade do Crato em 1882”, de autoria do Dr. Gustavo Horácio. O artigo cita, a certa altura, o fato de, naquele recuado ano, a cidade de Crato possuir 11 ruas principais, conhecidas por Rua de Santo Amaro, da Pedra Lavrada, das Laranjeiras, do Pisa, Formosa, Grande, do Fogo, da Vala, da Boa Vista, Nova e do Matadouro.
No mesmo artigo, são nomeados os becos e travessas do Crato antigo, a saber: Travessa do Cafundó, da Caridade, do Candéia, da Matriz, do Sucupira, de São Vicente, do Charuteiro, do Cemitério, da Ribeira Velha, do Barro Vermelho, da Califórnia, do Pequizeiro, da Taboqueira, das Olarias, da Cadeia e do Pimenta.
Infelizmente, não restou nenhuma dessas tradicionais, poéticas e curiosas denominações.
Não sou contra a denominação de pessoas às ruas das cidades, condicionando-se apenas à exigência de os homenageados – todos falecidos – terem gozado de bom conceito social, terem prestado serviços relevantes, terem se destacado no cenário municipal, ou seja, nomes identificados com a história da cidade ou do Brasil.
Apenas lamento o fato de os vereadores – muitos deles destituídos de cultura regular – haverem substituído nomes antigos, ao invés de denominarem somente as novas ruas. Ao extinguirem antigas e tradicionais denominações das artérias urbanas, apagou-se um pouco da história e da memória coletiva da Princesa do Cariri.
Recentemente, a Câmara de Vereadores de Independência – município localizado no Sertão dos Inhamuns do Ceará – recebeu um projeto de lei, dispondo sobre a identificação de ruas, praças, monumentos, obras e edificações públicas daquela cidade. Esse projeto de lei exige – para qualquer mudança na denominação de ruas e praças – um pedido antecipado, contendo lista com assinaturas de pelo menos cinco por cento do eleitorado.
Idêntica providência deveria ser adotada pela Câmara de Vereadores de Crato.

3 comentários:

socorro moreira disse...

Queria que não mexessem com a poesia da nossa história .
Um abraço, Armando .

Roberto Jamacaru disse...

Caro Armando

Seus artigos são relíquias, as quais dado à minha curiosidade pela história regional, sou um assíduo leitor.
Estive hoje, com muito pesar, presente às exéquias do Dr. Emídio Lemos. Por ironia do destino, caro Armando, foi na rua Pedra Lavrada, hoje renomeada de Pedro II.
Acredito que ele, autor do Livro com o nome antigo desse logradouro, deva estar feliz com seu seu primoroso artigo. Aliás, era um dos maiores sonho dele a volta do nome Pedra Lavrada.
Façoparte daqueles que, se necessário, estarei à disposição junto às autoridades e o povo em geral para a reversão dessa agressão à nossa história, sem, contudo, deixar enaltecer, em outros pontos do Crato, nomes como Dr. João Pessoa, Pedro II, etc.

Parabéns, parabéns mesmo!

Roberto Jamacaru

Armando Rafael disse...

Socorro e Roberto:
Fico agradecido por suas palavras.