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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Dia dos Professores - Por Claude Bloc

Monsenhor Montenegro
um Mestre, um exemplo!


Um dos meus grandes mestres foi Monsenhor (Francisco de Holanda) Montenegro. Gostava de apreciar nele o gesto paternal, gentil e amigo. Sentia também em seu semblante algo de infantil que lhe concedia pureza de alma, pois que tinha natureza dócil, afável além de um sorriso fácil.

Havia nele, em contrapartida - e em certas ocasiões - momentos de inversão de humor, quando alguma coisa fugia da regra no Diocesano. Mas arisco como um poeta, tecia sua obra e cuidava do seu reino com afinco e apreço. Era dono de uma autoexpressividade que acompanhava seu discurso com gestos largos, com a simpatia de quem sabe o que faz. As palavras lhe saíam, muitas vezes, entre sibilantes e efusivos sons, os quais se sobrepunham a sua voz tenaz. Seus interlóquios eram sempre pautados e regidos de um entusiasmo quase juvenil na relação com o outro. Enfim, Monsenhor não passava pela vida das pessoas sem deixar marcas indeléveis, pois se fez amar por alunos e por amigos.

Sempre o vi preocupado com o crescimento pessoal dos seus alunos e com sua adequação ao mundo moderno. Tinha uma visão bem distinta da vida, insuflada por sua própria experiência.
Era possuidor de uma generosidade que se dilatava com o tempo e sempre se encontravam nele palavras maduras e sensatas.

Na minha vida, Monsenhor Montenegro apareceu nem sei quando: acho que tinha uns 9 anos. Foi quando eu, estudante do Pio X, fui fazer minha primeira Comunhão no Diocesano. Assis Landim, outro dia, me fez lembrar do meu desmaio nessa ocasião: a gente tinha que comungar em jejum. Dona Chiquinha me amparou, mas Monsenhor celebrava e acompanhava a cerimônia. Engraçado nessa época é que eu o achava enorme e, para mim, tinha cara de Papa.

Monsenhor foi meu professor de Inglês e de Latim em tempos diferentes. Conseguiu me levar além do meu descompasso linguístico (gerado por outros professores) e me instigou a estudar no IBEU, onde o Inglês para mim começou a fluir mais fácil e menos mecânico. E daí para frente ele sempre foi uma presença em minha vida.

Monsenhor Montenegro formou a primeira turma mista do Diocesano a pedido de meu pai e de Seu Pedro Libório (além de outros pais). E, a partir daí, foi se tornando cada vez mais amigo dos meus pais.

Nas Bodas de Prata de Hubert e Janine Bloc, Monsenhor foi o celebrante. Nessa data (18 de março) também batizou minha filha, Daniela, e isso o aproximou definitivamente dos Bloc-Boris.

Enfim, Monsenhor Montenegro foi para mim um exemplo de mestre abnegado e verdadeiro, como existem poucos nos dias de hoje.
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Texto e fotos escaneadas por Claude Bloc
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4 comentários:

Edilma disse...

Claude,

Me emocionei com as fotos e a descrição fiel que fizestes de Monsenhor Montenegro. Até parece que o estou ouvindo falar em tons altos e baixos e trejeitos únicos.
Justa homenagem ao nosso querido mestre do Diocesano.
Parabéns pelo texto e obrigada pelas memórias.

Beijo !

Anônimo disse...

Claude,

Muito importante essa homenagem ao Monsenhor Montenegro. Ele não foi meu professor, mas celebrou meu casamento. Tinha por ele uma grande admiração.

Abraços

Magali

Armando Rafael disse...

Claude,
Este seu depoimento sobre Monsenhor Montenegro - no Dia do Professor - me trouxe gratas recordações...
Outro dia, fiz uma palestra sobre Monsenhor Montenegro onde a certa altura afirmei:

Monsenhor Montenegro era austero, sério, mas sempre comunicativo! Em algumas ocasiões, tinha rasgos de generosidade que causavam admiração. Tendo dedicado quase toda a sua vida à educação, principalmente na direção do Colégio Diocesano do Crato, esta atividade lhe proporcionou conviver com pessoas de diversas categorias sociais. Nesse mister, conseguiu fazer dezenas de centenas de amigos. Foi padrinho de batismo de bom número de crianças, com cujos pais cultivou laços de amizade. O seu concorrido sepultamento é uma prova do que afirmo.

Nos últimos anos de sua vida, já na ancianidade, exerceu unicamente atividades pastorais, principalmente na Capela de Nossa Senhora da Conceição do Bairro Granjeiro, por ele construída e onde repousam seus restos mortais, à espera da ressurreição final.

Foi na sua residência, localizada no mais aprazível bairro da nossa urbe, onde ele escreveu sua produção intelectual, composta de 4 livros todos eles importantes para quem quer conhecer a povoação do Cariri, a história da Diocse de Crato ou o genocídio de Canudos.

Carlos Eduardo Esmeraldo disse...

Prezada Claude

Justa e merecida homenagem ao grande educador do Crato. Como disse Magali ele presidu a celebração do nosso casamento e naquele dia me fez chorar, coisa que antes somente acontecia às noivas. É que ele com aquela voz empostada disse: "Carlos, eu te batizei..." Foi muita emoção!
Parabéns!