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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Duas canções brasileiras notáveis - por José do Vale PInheiro Feitosa

São duas canções que tratam profundamente de um momento histórico do Brasil. Ainda com as franjas do campo, o bucólico da pequenas cidades. Quando a superfície da terra era medida no passo das pessoas e dos animais. Quando se apartar era definitivo. E mesmo assim este momento que vivemos foi montando sobre esta grande jornada do campo para as cidades. Quem perceber a dimensão disso, certamente tem o poder de dominar os tempos atuais.

O Azulão foi uma poesia de Manoel Bandeira musicada por três grandes músicos, entre os quais Radamés Gnatalli e Camargo Guarnieri. A que fez mais sucesso foi a de Jayme Ovalle, composição curtaa, tão curta quanto o poema, mas de uma linha melódica muito sofisticada. É referência de cântico em todo o mundo. A primeira vez que a ouvi foi como trilha sonora em filme de Humberto Mauro. Depois no belíssimo filme de Walter Lima Jr. "Inocência".


Adeus Guacyra

Composição: Joraci Camargo e Hekel Tavares

Adeus Guacyra,
Meu pedacinho de terra
Meu pé de serra,
Que nem Deus sabe onde está.

Adeus Guacyra
Onde a lua pequenina
Não encontra na colina
Nem um lago prá se oiá

Eu vou embora
Mas eu volto outro dia
Virgem Maria, tudo há de permitir
E se ela não quiser
Eu vou morrer cheio de fé
Pensando em ti


Azulão

Composição de Jayme Ovalle e Poesia de Manoel Bandeira

Vai, Azulão, Azulão
Companheiro, vai
Vai ver minha ingrata
Diz que sem ela o sertão
Não é mais sertão
Ai, voa Azulão
Vai contar, companheiro, vai

2 comentários:

Anônimo disse...

Meu caro Zé do Vale
Excelente sua lembrança sobre essas duas músicas e o seu tempo. Outro dia vinha descendo a Serra ouvindo "meu pequeno Cahoeiro" com o próprio Raul Sampaio, e pensei nessas coisas do tempo.
A Serra tinha um bucolismo que hoje não tem mais. Por lá chegou o progresso. A novela, o futebol, o Faustão estão contribuindo para descalendarizar as festas de renovação. Aquele momento dos encontros, como ritos de atualizações dos valores culturais locais cosubstanciados no binômio reza x trabalho, está em vias de ceder ao individualismo desses tempos pós-modernos.
Não falo isto por saudosismo. Não gosto disso. Sou pela preservação na ( da) diversidade.
Como agora ouço "Adeus Guacyra" na voz e na batida absurdamente linda de João Gilberto.

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Nilton,

Viver nos remete para estas contradições. Aliás viver neste momentos acelerados. Não somos jovens, mas em tempo de história, não vivemos quase nada e no entanto estamos com nossas pernas em dois mundos. Quando minha neta nasceu fiz um texto em que lembrava que entre a infância dela e a minha deveria existir pelo menos duzentos anos de diferença. Mas isso era apenas válido pelo bolsão de arcaismo em que vivera, pois na verdade nem sessenta anos havia se passado. Por isso programas como o teu na rádio educadora tem uma importância muito superior a uma mera hora da saudade. Ele tem o dom de marcar o contéudo do presente. E o nosso grande drama filosófico é este mesmo: qual o significado do futuro em termos de presente e de passado. Todos estão no mesmo processo humano como nunca estiveram.