O meu coração prossegue sanguíneo.
De pouca conversa.
Ultimamente tem adorado
apenas duas coisas:
a porta do quarto encostada
e a tartaruguinha de pano
com toda a sua força
impedindo que o vento abra.
Desde cedo não vi nada mágico
em volta das plantinhas da varanda
tampouco ouvi os gracejos dos passarinhos.
Neste dia especial
tão singelo
e tão bacana
em que até os diabinhos
comovem-se com a fita rosa
a prender os cabelos da anjinha
deveria o poeta
sair com uma veste digna.
Um perfume purple.
Atacar a primeira dama.
Não importa se a dama
de vermelho
ou cinza.
Seduzir.
Um olhar franciscano.
Um sorriso tímido.
Não posso.
Estou sob feitiço.
Primeiro a tartaruguinha de pano
não me deixa abrir a porta.
Segundo a porta fincou
os pés nas cerâmicas.
Cumplicidade entre as eternas rivais
para que o poeta não fuja de dentro
do copinho de requeijão.
É um copinho de vidro.
Transparente.
Dá pra ver a dentadura da minha vó.
Uma relíquia.
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