Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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domingo, 21 de novembro de 2010

Lustro

Diz -me, poeta
o que acontece
se a lua vira a noite

e do alto da sua palidez
indiferente à tua agonia
mergulha ao copo de leite
com a fúria das donzelas
...

Pois há três dias
a lua não dorme
não visita os oceanos
nem beira ao teu telhado

sempre do alto da sua palidez
(própria de quem morre toda noite)
vigia teus rabiscos, tua leitura, teu cansaço
feito as sombras das tuas botas atrás do cesto
...

Tua luta é contigo, poeta
o outro é apenas balbúrdia
dentro do teu coração
(ouve os suspiros)

e por mais que tu te envergonhes
da lua insone (pálida e silenciosa)

jamais será ela o teu desespero
nem a lâmpada queimada
nem a réstia de luz
(migalha debaixo da cama)
...

Cabe a ti o teu umbigo
(outro poço da memória)

e não adianta o disfarce:
algodão, pluma, morfina.

O teu sorriso assusta
sobretudo quando olhas
para o alto e não entendes

por que a lua não dorme
(há três dias) e não te pede
nem água, nem café, nem vinho.
....

Talvez, poeta
apenas a lua queira
esclarecer à tua alma
que as estrelas não são cadáveres
(como outrora pensavas)

Vê a lua saciada
(sim, continua pálida
e silenciosa)

mas se tu observares atentamente
brilha dentro do útero dela
uma penca de estrelas.

Um comentário:

socorro moreira disse...

Hoje eu vi a lua... Ela estava em fogo.
Que o luar da noite ilumine os teus sentimentos.