Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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sábado, 11 de dezembro de 2010

Atemporal, por Ana Cecília




ATEMPORAL

O canal aberto para o real em seu âmago é por sobre o universo.
Energias intangíveis, incontáveis.
Espaço bruto, indomado.
Essa coisa ignota busco preservar, alimentar, tornar palavra,
para que dela saia a poesia.
Assim me movo no sonho sem história.
O sonho é sem tempo e é eterno.
É terno, movimento fluido, diáfano, tudo é possível,
tudo é suave.

Nesse espaço-tempo me desfiguro, me reconfiguro,
calada e só,
entre tanto.

Perambulo em espaços secretos povoados de formas, nimbos,
nuvem, ilusão.
Não é preciso chegar.

Tudo isso ressoa em meu silêncio.
Rumor de passos fazendo eco em inéditas ruas.
Ali estou, sem palavras, apenas imagens, reverberantes.
Ali nunca estive, no entanto ali estou,
tudo é possível.

Ecos vestígios, resquícios do que vivi de intenso, imponderável, imenso,
e do que ao mesmo tempo nada é.

Farol a brilhar no escuro – talvez como a luz de uma pequenina estrela, há muito morta mas que ainda agora nos chega, nessas vias em que o sonho faz a curva.

De dentro dessa persistente ferida tento extrair, machucando o nervo
exposto,
um verso.

Um comentário:

socorro moreira disse...

Não existe neste poema ,sequer um verso, que não seja lindo !
Abraçamos empaticamente teu poema. Quem sabe assim não extrairemos versos?

Abraços , poeta !