Simples, irrecusável, imperativa
- por Claude Bloc -
De repente, a vida havia se tornado simples, irrecusável e imperativa! E eu viajava urgentemente de corpo inteiro, ao interior do meu sonho, como nunca houvera ido antes.- por Claude Bloc -
O som da noite marcava o instante em ritmo acelerado; os minutos pareciam fazer jorrar o tempo presente em abundância, mar revolto abrindo mil caminhos num só momento.
E me vinham questionamentos. Perguntas irrespondíveis. Inseguranças. Em que tempo parei de te buscar? Parei deveras? Simplesmente não conseguia mais encontrar tua voz, nem as palavras que eu falava pareciam chegar a ti com a veemência do meu sentimento. Tudo parecia estar guardado, hibernando as lembranças, revivendo-as a cada manhã, adormecendo-as no limiar da saudade.
Com um gesto ansioso, revirei meus cadernos, minhas agendas guardadas num baú. Procurava uma foto, encontrei uma rosa seca que guardei em meus tenros anos, entre as páginas amareladas de um velho diário. Calei as horas apressadas dentro de mim... e me deixei tomar pela apatia dessa noite mal dormida. Quis reler naquele instante os versos ali amarrotados. Bobos, meus versos. Realidade febril retida na memória.
Nada encontrei ali a não ser o amor, este que se apega ao tempo, esse que prossegue queimado as páginas da vida. Este que guardamos nas folhas dos cadernos onde escrevemos a história do tempo. O tempo que somos nós.
Claude Bloc
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