Nascendo na fenda da chapada, o veio embrião de um grande rio, eu vi.
No cristalino morno de suas águas, refletindo-me para vida, eu me vi.
Desvirginando seu leito pedregoso, agora já riacho, eu o vi.
Matando minha sede em suas águas oxigenadas, sobrevivendo eu me vi.
Em bulício alegre com o seu primeiro afluente, eu o vi.
Encantado com a melodiosidade desses rumorejos, eu me vi.
Cercado de arbustos, mangues e matas ribeirais, eu o vi.
Feito um pássaro, descansando à sobra de todas elas, eu me vi.
Como fonte de vida, alimentando plantas e animais, eu o vi.
Como homem, interagido no seu eco-sistema, feliz, eu me vi.
Caindo aos borbotões pelas gargantas e penhascos, o agora um senhor rio, eu o vi.
Resvalado pelo frescor de suas espumas, respingos e gotículas, eu me vi.
Adornado de nevoeiros, espectros e arco-íris, em queda no desfiladeiro, eu o vi.
Feito uma arte úmida, pincelado nessas aquarelas, eu me vi.
Volumoso e soberano flume, agora quase oceano, eu o vi.
Nadando em seus poços, remansos e correntes, eu, homem-alevino, me vi.
Sob a ameaça do entulho fétido metropolitano, moribundo, o rio eu vi.
Na alquimia dos esgotos, vômitos e excrementos, em óbito, eu me vi.
Findos, em meios às putrefarias marítimas e humanas, o sol nos viu.
Pelos vales e montanhas, nem risos e nem burburinhos, enigmáticos, mais se ouviu.
No cristalino morno de suas águas, refletindo-me para vida, eu me vi.
Desvirginando seu leito pedregoso, agora já riacho, eu o vi.
Matando minha sede em suas águas oxigenadas, sobrevivendo eu me vi.
Em bulício alegre com o seu primeiro afluente, eu o vi.
Encantado com a melodiosidade desses rumorejos, eu me vi.
Cercado de arbustos, mangues e matas ribeirais, eu o vi.
Feito um pássaro, descansando à sobra de todas elas, eu me vi.
Como fonte de vida, alimentando plantas e animais, eu o vi.
Como homem, interagido no seu eco-sistema, feliz, eu me vi.
Caindo aos borbotões pelas gargantas e penhascos, o agora um senhor rio, eu o vi.
Resvalado pelo frescor de suas espumas, respingos e gotículas, eu me vi.
Adornado de nevoeiros, espectros e arco-íris, em queda no desfiladeiro, eu o vi.
Feito uma arte úmida, pincelado nessas aquarelas, eu me vi.
Volumoso e soberano flume, agora quase oceano, eu o vi.
Nadando em seus poços, remansos e correntes, eu, homem-alevino, me vi.
Sob a ameaça do entulho fétido metropolitano, moribundo, o rio eu vi.
Na alquimia dos esgotos, vômitos e excrementos, em óbito, eu me vi.
Findos, em meios às putrefarias marítimas e humanas, o sol nos viu.
Pelos vales e montanhas, nem risos e nem burburinhos, enigmáticos, mais se ouviu.
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Texto por Roberto Jamacaru
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3 comentários:
A morte eu não vi... Me recuso !
A poesia do Roberto, eu senti !
Linda !
Roberto
Que denúncia! Como diria alguns mais requintados, tão contundente! Cada um de nós cratenses somos os responsáveis pela destruição desse rio que passou em nossas vidas.
Parabéns por tão forte protesto, pela denúncia que muitos não desejam ouvir. Um tapa com luva de pelúcia, um hino de amor em forma de poema.
Socorro e Carlos Eduardo
Somos de uma geração que teve o privilégio de tomar banhos de chuva, como também em rios, em riachos e açudes.
A pureza corrente em todo o percurso do rio, foi algo também que só os nossos olhos viram.
Que bom, Socoro e Carlos, saber das suas senbilidades, que bom pelo incentivo.
Abraços, amigos!
Roberto Jamacaru
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