Não entendo de futebol, mas gosto dos comentários de Ralf Carvalho. Digo-me que se os críticos escrevessem sobre literatura como ele fala de futebol nossa vida literária teria outro encanto. Não entendo de futebol, mas não gosto de Pelé: prefiro Maradona. Ao lado dele, Dunga parece um gerente de banco; do mesmo jeito que Pelé sugere um executivo a fazer o marketing de si mesmo. Se futebol é paixão, nada melhor do que o tango para traduzi-la
em passes de beleza e desespero. Que importa se Maradona transmite a desgraça e rói as unhas nos cantos do gramado? É assim que ele vai se tornando personagem de tragédia, como o foi Garrincha, certamente o mais brasileiro de todos os jogadores. Não entendo de futebol, mas prefiro o futebol arte àquele pensado pelos Franz Beckenbauer, jogado como partidas virtuais, arquiteturas de gráficos e cronômetros. Quando vi Maradona no seu desespero, veio-me a imagem fugaz de um touro se arremessando contra as traves, um bólido azul-celeste dominando a geométrica verdura, onde só ele parecia ter o domínio e a maestria. Maradona é a tragédia do Che gravada no braço; Pelé, o Brasil do “ame-o ou deixe-o” dos anos 70. Mesmo torcendo pelo Brasil, sou mais Maradona...
Everardo Norões
2 comentários:
Prezado Everardo
Vi Pelé jogando algumas vezes e vi Maradona pela TV na Copa do Mundo de 86, no México, driblar toda a seleção inglesa e procurar a Rainha e o Príncipe Charles para continuar com a humilhação. Mas eu prefiro o futebol de Pelé. Maradona não sabia fazer gols de cabeça, não marcou 1250 gols nem foi campeão mundial três vezes pela seleção brasileira e duas vezes campeão do mundo inter-clubes pelo Santos. Agora se a questão for o alinhamento politico, Maradona realmente é bem melhor que Pelé.
Valeu o seu comentário, Everardo.
Um abraço
Postar um comentário