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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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sábado, 17 de julho de 2010

17 de Julho - por Ernesto


17 de Julho de 1936

Muitos ainda comemoram (ou não) a vitória da Espanha na Copa do Mundo. Mas no dia 17 de Julho de 1936 o país ibérico entrava em um dos mais negros capítulos da sua história!

As eleições gerais de 1936 acontecem em um cenário de crise social e econômica muito grave. De um lado, os republicanos que se agrupavam dentro de um projeto chamado Frente Popular (grupo que juntava pessoas de diferentes sensibilidades ideológicas: moderados, nacionalistas catalães e bascos, comunistas e anarquistas). O programa a anistia geral, a aplicação da reforma agrária e do estatuto de autonomia da Catalunha, a modificação das leis Municipal , Provincial e da Ordem Pública, e a ampliação do ensino público primário e secundário.

Do outro lado, direita, que unia monárquicos, latifundiários, conservadores e os fascistas da emergente Falange Espanhola.

A vitória da Frente Popular foi apertada: 4.654.116 votos contra 4.503.524! Os centristas (os “do muro”) fizeram 526.615 votos. Claramente, a Espanha era um país dividido.

O golpe contra o resultado das urnas teve início na África. Mais precisamente, no Marrocos espanhol.

No dia 17 de Julho de 1936, um contingente de 30 mil homens, mais 12 mil marroquinos sob ordens de militares espanhóis de direita se rebelam. No dia seguinte, o general Francisco Franco (Francisco Paulino Hermenegildo Teódulo Franco y Bahamonde Salgado Pardo de Andrade) rebela-se nas ilhas Canárias, toma um avião. No dia 19, assume o comando marroquino. Desde o início, conta com a colaboração da Alemanha nazista e da Itália fascista que o ajudam no transporte das tropas da África para a Espanha.

Mas o golpe conseguido com muita facilidade nas colônias africanas não se repete nas principais cidades espanholas. Só Sevilha é controlada. Os grandes núcleos industriais, principalmente Madri e Barcelona, repelem os golpistas, a partir de uma resistência sustentada pelos militantes dos partidos esquerdistas e das centrais sindicais aliados aos militares legalistas. O governo republicano constitucional não controla a situação.

Comitês se organizam nas cidades, para controlar a justiça e a polícia. Cada partido ou sindicato organiza patrulhas de controle e promove prisões. A persistência de ambos os lados transforma a tentativa de golpe em guerra civil.

Em 10 de outubro de 1936, uma junta de militares golpistas nomeia Franco chefe do governo do Estado e generalíssimo dos exércitos, oficializando-o como cabeça da insurreição, apoiado por uma colcha de retalhos direitista batizada como Falange Tradicionalista Espanhola.

Os livros não são claros sobre os resultados. Fala-se de entre meio milhão e um milhão de mortos durante a guerra civil espanhola!

A Europa passa a olhar para a Espanha com muita atenção: a Alemanha de Hitler e a Itália de Mussolini apoiaram Franco e os golpistas; os republicano recebem apoio de civis voluntários de diversos países que fizeram parte das “Brigadas Internacionais”.

Em abril de 1937 acontece o bombardeio da cidade basca de Guernica, pela aviação nazista. A representação dos horrores desse ataque é imortalizada em tela por Pablo Picasso, numa das obras de arte mais significativas do século XX. Esse bombardeio deixa 1654 mortos e 900 feridos.

A guerra civil durou três longos anos. Após a vitória dos golpistas de direita, começou o exílio e até um milhão e meio de pessoas do lado perdedor emigraram para a França e diferentes países da América Latina.

A vitória franquista afasta do país artistas e intelectuais. Os pintores Pablo Picasso e Salvador Dalí, o cineasta Luís Buñuel e o violoncelista Pablo Casals viveram no exílio. O poeta Federico Garcia Lorca foi fuzilado por um pelotão falangista.

A paixão pela luta republicana produziu uma vasta literatura de ficção. A mais famosa é Por Quem os Sinos Dobram, de Ernest Hemingway, transformada em filme estrelado por Gary Cooper e Ingrid Bergman; mais recente é Terra e Liberdade, do inglês Ken Loach.

“Nenhum homem é uma ilha isolada. Cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra. Se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria. A morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano.

E, por isso, não perguntes por quem os sinos dobram. Eles dobram por ti.”

(John Donnn – no prefácio do livro de Hemingway)

Ernesto