Baú
- Claude Bloc -
Hoje arrumei minhas coisas. Na verdade, abri meu baú forçando o cadeado. O segredo, não sei mais...
Fiz mil tentativas para achar lembranças: as doces, as leves, as que quero lembrar. Procurei tudo com cuidado. Ponderei muita coisa. Vasculhei antigas resoluções, outras mais recentes, nenhuma usada, algumas intocadas.
Camuflei as saudades. Logo abaixo, as incertezas e algumas convicções meio ultrapassadas, com alguns arranhões.
Procurei as verdades pra deixá-las mais a vista. Vou poli-las e reaproveitá-las.
Para meu espanto, nenhuma traça. Elas não resistiram. Eu mesma me encarreguei de remoer as tristezas. Para elas, não sobrou nada...
Depois, arrumei alguns traços de melancolia ao lado das contrariedades. Escondi-as para esquecê-las.
Organizei as alegrias e alguns outros cacos de saudade...
Não sei onde estão as anotações, o ponto de partida, Tanto tempo já passou que não fazem mais sentido, principalmente alguns desejos de outrora.
Quanto espaço ainda resta? Pouco, eu creio, mas, quem sabe, mais que suficiente para o que ainda pretendo guardar.
Aí está meu baú. Agora que ele está aberto, vou reorganizá-lo. Reforçarei as trancas. Quero tudo bem guardado. Quero viver (a realidade). Este é o meu mundo. O que preciso está longe ou sequer foi inventado.
Claude Bloc
2 comentários:
Goste de ver, gostei de ler, Claude.
É muito saudável abrir o baú e arrumar a bagunça que jogamos pra dentro dele; e selecionar o que ainda tem valia pra nós, o que devemos jogar fora pra sempre; refletir, chorar, sorrir e descobrir novos espaços, novas oportunidades de revestir o baú com outras cores e voltar a uma nova arrumação, que vai traduzir as escolhas e criações atuais.
abraços pra tu
stela
Obrigada, Stela,
Vez por outra a gente vai precisando mesmo abrir mão de apegos bobos.
Essa reviravolta nos renova e é banéfica.
A propósito, Stela, você recebeu o e-mail que lhe mandei agradecendo "aquele serviço" que você me prestou?
Achei-o o máximo! Certíssimo.
Abração
Claude
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