Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Antônio Nássara - Por Norma Hauer


ALÁ-LÁ-Ô - ANTÔNIO NÁSSARA- UM VITORIOSO

Foi no dia 11 de novembro de 1910 que ele nasceu aqui no Rio de Janeiro.
Já em 1927, aos 17 anos começou a fazer as primeiras caricaturas no jornal "O Globo". Pouco depois ingressou na Escola de Belas Artes, ao mesmo tempo que começou a dedicar-se à composição.
Em 1930 compôs os sambas "Saldo a Meu Favor" e "Para o Samba Entrar no Céu",que não obtiveram êxitos, mas abriam-lhe as portas para ingressar no meio musical.

Já em 1932 gravou,com Francisco Alves seu primeiro sucesso:"Tipo 7" e, no ano seguinte outro grande sucesso, até hoje relembrado no carnaval:"Formosa" ,gravação original da dupla Mário Reis e Francisco Alves.

Daí vieram "A Barba Cresceu";"A Lenda do Pastor";"A Menina Presidência";"A Mulher deve Casar"; Adeus Aracy"; Barba Azul"... o primeiro grande sucesso de Dircinha Batista:"Meu Periquitinho Verde".
Muito Nássara cooperou para o carnaval, até que, em 1941,lançou uma valsa ("Nós Queremos Uma Valsa") e o sucesso eterno: "Alá-lá-ô". Ambos gravados por Carlos Galhardo.
Quando, com Frazão, ele compôs "Nós Queremos Uma Valsa", perguntou a Carlos Galhardo se ele gravaria uma valsa para o carnaval. Ele, embora um pouco receoso aceitou. E a valsa "estourou". Sabe-se que o Rei Momo adorou a valsa porque nesse ano, varizes o atrapalhavam e era melhor dançar valsa do que samba.

Sem o objetivo de compor para o carnaval, Nássara, que era locutor do Programa Casé, na Rádio Philips, foi convidado por Adhemar Casé para fazer um anúncio para uma padaria na Rua Voluntários da Pátria. Isso porque, a partir de 1932, um decreto do então Presidente Vargas autorizou as emissoras radiofônicas a transmitir propaganda comercial.
Não era mais possível manter uma rádio só com colaboração de seus associados.

Surgiu, dessa forma, o primeiro “jingle” no rádio, que, para agradar ao português, dono da padaria, foi composto em ritmo de fado.

Ele adorou!
Os versos eram assim:

“Oh, padeiro desta rua
Tenha sempre na lembrança.
Não me traga outro pão
Que não seja o pão Bragança".

Quem apresentava o "jingle" era o cantor Jorge Fernandes.

A partir daí, anúncios variados foram se propagando no rádio, principalmente no então vitorioso Programa Casé.

Os anúncios eram permitidos, mas nem tudo podia ser anunciado. Certa vez, sem perceber do que se tratava, Casé aceitou uma propaganda de um laxante de um laboratório paulista. Anúncio de laxante era proibido. E mais uma vez, Casé recorreu a Nássara. Este, então, “bolou” o seguinte texto:

“Um casal de noivos brigou. Ele, arrependido, resolveu fazer as pazes, mas a moça estava irredutível. Conversou com a futura sogra, que o aconselhou que presenteasse a filha com algo de valor. Comprou-lhe, então, uma jóia caríssima. E não fez efeito. Deu-lhe um casaco de peles. Mas não fez efeito. Então, lembrou de dar a ela um vidro de Manon Purgativo...Ahhh! Fez efeito!!! Manon Purgativo, à venda em todas as farmácias e drogarias.”

O anúncio foi ao ar sem qualquer problema, mostrando a habilidade de Nássara e Casé e a mentalidade sempre retrógrada dos responsáveis pela censura.

Nássara, deixando de compor, devido aos novos rumos tomados por nossa música, nunca deixou de fazer caricaturas, sempre bem humoríosticas
Já em 1985, na Sala Sidney Müller da Funarte, Nássara foi homenageado com um "show"dirigido por Ricardo Cravo Albin, que recebeu o nome de "Alá-lá-ô", no qual foram relembrados seus sucessos carnavalescos.
Carlos Galhardo, Marília Barbosa e o grupo "Nó Em Pingo Dágua" foram os artistas que deram vida ao "show". Foram duas semanas com a sala sempre cheia.

Antonio Gabriel Nássara faleceu em 11 de dezembro de 1996, um mês depois de completar 86 anos.

norma

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