hoje mudei de ideia:
nunca mais quero saber
de poesia, cansei
de repetir-me assim
nas palavras bolorentas
que recolho nessas ruas
passando em cima de mim
os mesmos muros estão
lá com suas cores frias
emparedando a vida
os mesmos olhos vasados
querendo enxergar o fim
disso que chamamos dia
caramba!
de tarde chove demais
dá para ouvir o barulho
da água estralando dentro
do sonho que se supõe
ser uma forma melhor
de não morrermos de ódio
porque o tédio acaba com...
que merda!
amanhã vou pegar meu
casaco e pôr fogo nele
versos escritos nas mangas
não combinam com as sobras
de otimismo incompatível
comigo, filho do gelo
degustando o flagelo
que nasce nessa paisagem
pesada e tão enganadora
viu?
Um comentário:
Mesmo que a metáfora o afogue
Mesmo que o poema o sufoque
Não deixe a poesia ir embora
Mesmo de olhos fechados
Mesmo de lábios cerrados
Deixe que os sonhos se acheguem
Deixe que a poesia navegue
No mar de suas queixas
Mesmo que o dia se apague
E que a noite chegue ao fim.
Deguste as alegrias
As saudades benfasejas
Das coisas simples de outrora
E mesmo que seja tarde
E o dia se for na noite
Repita tudo amanhã.
Viu?
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