Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O resto não importa
- Claude Bloc -
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As palavras escorregavam serenas e naturais. Voltei àquela casa e era como se eu a conhecesse há muito tempo - ou como se ela me conhecesse há mais tempo ainda. E nos conhecíamos de fato. Éramos quase um só corpo e matéria. Uma simbiose fundindo-se no tempo. Deve ter sido por isso que deixei que as horas se encostassem à margem do relógio. Fui ficando.  Não podia esquecer o motivo de ter ido lá. Eu, que tanto ansiava por aquele pedaço de tempo estendido ao longo dos anos, acenei para mim mesma e pensei:  vamos!
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Senti-me em casa novamente. Observei os pequenos trejeitos das pessoas me acolhendo, as pequenas imperfeições nas paredes toscas, percebi quase todas as minhas hesitações e o sentido dos olhares amigos e afáveis que velavam minha presença ali. 
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Eu tinha razão: o espaço estava envelhecido e de repente me pareceu demasiadamente abandonado para receber minha música, minha presença que deveria ser tão envolvente quanto a emoção que eu sentia. O chão de taco, a cortina que não abria mais, as letras lá no alto: FrançAlegre, tudo parecia olhar-me com uma grande saudade. Como se eu ou aquela música que íamos ouvir – aquele estilo de vida que hoje eu transportava – fosse uma espécie de profanação de um local onde a vida fora tão exuberante e plena. E eu me postava tão séria, naquele momento. Tão consciente que me doíam as têmporas. Como se o coração pulasse dentro de mim sem trégua e eu deixasse vazar minha emoção por todo o ambiente.
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Encostei-me para trás e pousei as mãos no parapeito, naquela posição de espera tão tipicamente minha, embaralhando os sonhos pela bainha da chapada. Da janela. avistei o alto da serra, altiva em seus tons celestes. O azul se espalhou pelo recinto. Mas tudo já entrava em palco. A cena. O cenário.
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O resto não importa. Voltei!

Claude Bloc

6 comentários:

Aloísio disse...

Clade,

Parabéns pelo texto!!!
É gostoso quando a volta é reconfortante.

Abraços
Aloísio

Claude Bloc disse...

Aloísio,

O que mais vale é receber os sorrisos amigos e as palavras sinceras...

Abraço,

Claude

Anônimo disse...

Linda suas lembranças e a fotografia. Parabéns!

Abraços

Magali

Marcos Barreto de Melo disse...

Claude,

Viajei nesse seu texto revestido de poesia.Parabéns!

Abraço,

Marcos

Claude Bloc disse...

Obrigada, Magali

As boas lembranças nos revigoram e nos dão forças para que não nos sintamos sós.

Abraços,

Claude

Claude Bloc disse...

Marcos,

Essa viagem é de cada um quando os sonhos não fenecem...

Abraço,

Claude