DE PROFUNDIS
Um pequeno poema sobre o fim do mundo
com imagens a Crusoé, a terra desolada
e o claro enigma da máquina do mundo.
E agora, José? Você marcha, para onde?
Assassinado pelo céu, sob o tamarindeiro,
no poente como um paciente anestesiado.
A educação pela pedra no mar-canavial,
A estrela tão alta na minha vida vazia
e o seu grande coração transverberado.
Toca essa música de seda nessa noite,
noite, noite após noite, uma outra noite,
oh, lá onde o belo devora e gera o belo.
O dono da tabacaria sai à porta e boceja,
nós somos os homens ocos, empalhados,
mas que coisa, que fome é um homem?
Os cavalos da aurora derrubando pianos,
mas tudo é eterno quando nós o vemos
e sete rosas mais tarde rumoreja a fonte.
(Flui entre as pedras o silêncio de Deus.)
----------------
Homenagem a Georg Trakl, Paul Celan, Czeslaw Milosz, Saint-John Perse, T.S. Eliot, García Lorca, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Oswald de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Augusto dos Anjos, Cecília Meireles, Mário Faustino, Fernando Pessoa, Murilo Mendes, Alberto da Costa e Silva, e mesmo aos não citados diretamente como Jorge de Lima e Raul Bopp (além dos inevitáveis esquecimentos), que participam de uma forma ou de outra da minha poética.
-----------------
2 comentários:
Parabéns pelo poema, por reconhecer que há toda uma tradição feita de vozes que permanecem ecoando.
Parabéns mesmo!
José Carlos,
O que mais encanta em seu poema é que você não deixa nada a desejar aos autores citados a quem você homenageia.
Seu poema está íntegro em sua linguagem e claro em seus propósitos. Digno em sua consistência.
Gostei e confirmo a afirmativa de Chagas. Os ecos se fazem ouvir.
Abraço,
Claude
Postar um comentário