Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Do baú de Stela







Por de sol ao som de Bolero de Ravel

Ontem eu vi o sol se deitar diferente do que vejo todo dia. Foi de um jeito muito especial: o sol foi se deitar ao som do Bolero de Ravel. O homem vestido de branco, em pé dentro de um barco remado por um pescador, tocava no sax aquela música bela, tornando o momento mais grandioso. A música, o sol, as águas do rio, a vegetação, estavam unidos na doce harmonia do universo, reverenciando o Sagrado.

Ao som da melodia o sol se despedia, espalhando nas águas do rio seu brilho dourado. O céu também estava dourado. E aquela luz amarela tão especial era mensageira da luz divina maior, de amor, de cura, de fé, do brilho que aquece e que banha, que dá nova cor ao céu, às águas e aos corações contemplativos.
Quando o sol se deita no poente, levando sua luz e seu calor, a terra vai aos pouquinhos mudando de cor. As águas refletem novos tons, a luz se vai aos poucos, o crepúsculo matiza o mundo com nova cara. As cores vão escurecendo para dar lugar à senhora das sombras. A noite pede passagem com seu manto de escuridão. É hora de silenciar, aquietar o coração, contemplar, apenas contemplar. Unir-se a este momento de sagrada beleza e deixar que o silêncio se faça na alma, que assim, calada, escutará a voz interior, para que a ausência da luz externa acenda nossa luz interna, possibilitando ouvirmos outra canção. O silêncio e as sombras são caminhos para dentro da alma. Ela precisa silenciar, contemplar, receber a dádiva divina da beleza curativa do por do sol. É o momento de guardar a luz dentro de nós, para que no silêncio ele retorne no outro dia com um brilho maior, mais intenso, irradiando o amor que alimentamos no silêncio do recolhimento.
Momento de silêncio, momento de reverência, momento de gratidão.
(Olinda, 08/12/2003)


Quase 10 anos depois lembro esse momento de beleza com muita alegria.

Dedico esta postagem ao amigo Zé Nilton Figueiredo

5 comentários:

Anônimo disse...

Stela,

Linda a sua narrativa sobre o Por do Sol!

Um abraço.

Magali

Claude Bloc disse...

Setela,

Você se excedeu na beleza de seu texto. Encantador seria pouco para expressar a leveza do sentimento conduzido de fio a fio pelas linhas.

Qbrigada por me proporcionar essa delícia de leitura.

Obrigada pela passagem por aqui.

Ando assoberbada em busca de minha vida e sem tempo de estar aqui toda hora e é sempre uma alegria encontrar tanta delicadeza num dia que se enfeita de sol no nosso Crato.

Abraço,

Claude

Claude Bloc disse...

*Stela

Zé NIlton disse...

Ternamente agradecido por sua dedicatória, amiga Stela.
Enalteço sua poesia pela liberdade em dizer o puro sentimento. Aquele que brota do seu interior, sem amarras e subterfúgios de uma alma cooptada por sistemas transitórios.
Você se posta diante do mundo com compassividade e humildade, valores que nutrem o SER pessoa e dizem muito da pessoa que você é.

Fiz meus comentários acima ao destacar em sua escrita esta bela passagem:

"É hora de silenciar, aquietar o coração, contemplar, apenas contemplar. Unir-se a este momento de sagrada beleza e deixar que o silêncio se faça na alma, que assim, calada, escutará a voz interior, para que a ausência da luz externa acenda nossa luz interna, possibilitando ouvirmos outra canção. O silêncio e as sombras são caminhos para dentro da alma.
Lindo!

Abraços.

jose nilton mariano saraiva disse...

Stela,
Assistimos espetáculo parecido em Cabedelo (vizinho a João Pessoa/PB).
Belíssimo !!!