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Estão paralisados, mas não há desespero,
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"

(Carlos Drummond de Andrade)

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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Mas que pato pesado! – Por Carlos Eduardo Esmeraldo

O competente advogado Leopoldo Martins Filho apresentou em bem elaborada crônica, aspectos jurídicos sobre a responsabilidade do desastre que recentemente ocorreu em nossa cidade.
No meu modesto entendimento, nada adianta encontrar culpados pelas cheias que devastaram grande parte da cidade do Crato. E se existe possibilidade de se apontar um responsável, este é a extrema pobreza da nossa subdesenvolvida região. Quase sempre não existem recursos para nada.

Em primeiro lugar, eu considero o canal mal dimensionado. Talvez devido ao fato de não ter sido elaborado estudos sobre os índices pluviométricos da bacia do Rio Grangeiro a montante da cidade do Crato. Possivelmente não existe nem registros dos volumes das cheias máximas. A calha do canal ficou muito estreita para o volume d’água que desce em grande velocidade, devido à diferença de nível da área onde incidem às chuvas até a cidade. Mas não vamos colocar a culpa no canal, pois muito antes dele existir já havia problemas de transbordamento das águas de chuvas de maior intensidade, tanto no leito natural do Rio Gangeiro, quanto na Rua da Vala. Lembro-me bem que em 1955 ou por ai, houve uma cheia tão intensa que arrastou um enorme tronco de árvore até a esquina onde hoje se encontra a Caixa Econômica Federal. Possivelmente as pessoas da minha idade se lembrarão dessa cheia. Naquela época não havia residências às margens do leito do rio, e sim uma pequena mata, onde as crianças caçavam de baladeira e as mulheres lavavam roupas numa água cristalina que descia mansamente pelo leito do Grangeiro, quando este não estava de cheia.

Nos dias atuais, nas fraldas da Serra do Araripe, partindo do final do Bairro Caixa D’àgua até bem próximo das nascentes do Rio Grangeiro, onde existia uma extensa mata nativa, existe hoje um elegante bairro residencial, com inúmeras mansões e largas ruas devidamente pavimentadas. Com isso, parte das águas de chuva que antes eram absorvidas pelo solo e pela copa das árvores, hoje corre para o Rio Grangeiro, atingindo a cidade do Crato numa velocidade que será tanto maior, quanto o produto do volume da massa d’água, pela diferença de cota entre a área da bacia do rio e a cidade.

Se for para encontrar um culpado, vamos verificar onde estavam as autoridades que permitiram a devastação daquela mata? Os proprietários desejavam vendê-la, e era um direito deles. Mas a prefeitura não possuía recursos para comprar o terreno, que estava em projeto de loteamento. Isto ocorreu em 1975, quando o prefeito do Crato era um cidadão reconhecido por toda a comunidade de uma honestidade a toda prova. E o Ibama, por que permitiu ou aprovou o desmatamento?

Mas devemos olhar para o futuro. Existem recursos para demolir o atual canal e refazer outro, com melhor dimensionamento? Se tal resposta for positiva, mesmo diante de outras prioridades dos governos, como o caos existente na serra fluminense, mesmo assim, algumas providencias deverão ser tomadas. Eu, particularmente, vejo com bons olhos uma idéia externada pelo atual prefeito: a construção de duas pequenas represas no leito do Rio Granjeiro, a montante da cidade, com barragens de concreto armado, bem dimensionadas e, construídas criteriosamente para evitar danos ainda piores. Além de barrar as cheias, tal providência serviria para reforçar o abastecimento d’água da cidade, além de propiciar a irrigação do vale do rio abaixo da cidade do Crato. Os recursos para elaboração de tal projeto e sua execução, acredito possível de serem aportados pela própria prefeitura. Afinal, muitos proprietários rurais da região, constroem com recursos próprios esses pequenos empreendimentos em suas propriedades.

Vamos esperar?

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

5 comentários:

Claude Bloc disse...

Carlos,

Seu pensamento coaduna como meu...
É assim que penso sobre essa situação.

Abraço a você e Magali

Claude

Dihelson Mendonça disse...

Exfelente texto, Carlos. Muito mais imparcial e objetivo que o do próprio Leopoldo Martins.

Deus nos deu 2 olhos na frente da cara para que possamos olhar para frente. Se fosse pra olhar pra trás, ele tinha botado na nuca, ou provido as pessoas de retrovisores na cabeça.

Com sua permissão, transporto ao Blog do Crato também.

Abraço,

Dihelson Mendonça

Negrito disse...

Meu caro Professor, parabéns pela excelência do texto, onde referencias históricas, nossa historia, ajudam entender, até explicar tecnicamente a tragédia, nossa tragédia.
No entanto, o competente advogado, (isso demonstrou), faz menção a responsabilidade civil, logo não procura culpado!
A calha do canal ficou mais estreita ainda com os entulhos. Frutos de algum esquecimento municipal. O canal é um equipamento municipal, quaisquer intervenções, melhorias obrigatórias são de responsabilidade da administração municipal. Independente de quem seja essa administracao.

Carlos Eduardo Esmeraldo disse...

Meus agtadecimentos a Claude e a Dihelson. Fquei feliz por haverem gostado.
Esclareço ao amigo Dihelson que não fiz a postagem deste texto no Blog do Crato, pois era um comentário ao texto do Çeopoldo Filho. Como ficou bem extenso para um comentário, resolvi colocar à parte.
Um abraço!

Carlos Eduardo Esmeraldo disse...

Olá Negrito, o homem do escritório de NTIOLOGIA. Lembra-se? Eu nunca esqueci. Obrigado amigo, por haver contribuido com este texto tão simples. Um abraço