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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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segunda-feira, 7 de março de 2011

As voltas que o mundo dá (por Armando Rafael)





"Você diz que devo morrer e que nada restará do meu nome,
mas as canções que cantei serão cantadas para sempre".
(Huexotzin, príncipe asteca - 1484)

Em 1917 os bolcheviques tomaram o poder na Rússia. Por ordem expressa de Lenine, o Czar Nicolau II, (foto à esquerda) sua esposa e filhos foram impiedosamente e traiçoeiramente fuzilados. Com esses assassinatos, Lenine julgava que faria desaparecer, nas brumas da história, a instituição monárquica russa. Hoje sabemos que ele deu com os burros n’água!
Ah! As voltas que o mundo dá...
Os comunistas foram responsáveis pelo mais antinatural e desumano regime político que o mundo já conheceu. Segundo “O Livro Negro do Comunismo” mais de cem milhões de pessoas foram assassinadas para a manutenção desse regime, nos países onde se instalou. De 1917 a 1989, o socialismo real dominou as populações da União Soviéticas (e dos países vizinhos anexados, que formavam a Cortina de Ferro) à custa do chicote e das baionetas.
Nessas sete décadas, os comunistas usaram a tecnologia para escravizar; o poder para oprimir e a mídia para manipular e mentir. Praticaram atrocidades as mais diversas. Uma delas foi o assassinato do Czar Nicolau II. A partir de 1918 ninguém mais, na Rússia, falou sobre a família imperial. (foto à direita)
Em 1989, após a queda do Muro de Berlim, o povo russo recuperou a liberdade perdida. Muitos, a partir daí, principalmente nas universidades, (lá, diferente daqui, ninguém quer saber mais de marxismo) se voltaram para restaurar as verdadeiras origens do que eles chamam Mãe Rússia. Ocorreu então a volta triunfal da memória do Czar Nicolau II e de sua família.
Primeiro iniciaram uma campanha para localizar os restos mortais do Czar e familiares. Após longas pesquisas conseguiram encontra-los. Depois forçaram o governo de Yeltsin a sepultar condignamente os venerandos despojos, com um pedido de perdão pela atrocidade cometida.
Isso aconteceu em 17 de julho 1998, na Catedral de São Pedro e São Paulo, em São Petersburgo, onde estão enterrados os demais Czares. Devido ao interesse pelos Romanov (família imperial que reinou na Rússia de 1613 a 1917) farta literatura vem sendo publicada sobre eles.

Existe até um projeto na Duma (Câmara dos Deputados da Rússia) para que a atual bandeira tricolor daquele país volte a ter a águia bicéfala dos tempos da Monarquia (brasão ao lado). Em 19 de agosto de 2000 durante a festa da Transfiguração, Nicolau II e a família imperial foram canonizados, como mártires do comunismo pela Igreja Ortodoxa. O cinema adiantou-se à decisão dos bispos com «Os Romanov, Uma Família Imperial», filme de Gleb Panfilov.
Ainda mais popular é o último disco de Elena Bogusheskaya, cantora de renome na Rússia, que lhe dedicou todas as canções e ainda pôs na capa uma imagem de Nicolau com uma aura dourada à volta da cabeça.
Hoje sabemos que matando o Czar e sua família os comunistas deram-lhes o direito de voltar. Existe um ditado popular russo que diz: “Tudo volta. Tudo”. Já no evangelho de João 12:24 também está escrito: “Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo caindo na terra, não morrer, fica ele sozinho; mas se morrer produz muitos frutos”. Maria Stuart, outra rainha assassinada, escreveu: “Em meu fim está meu começo”.
É este o caso de Nicolau II.
Recentemente noticiou-se que será enterrada a múmia de Lênin, exposta no Kremlin. Enquanto isso o túmulo do último Czar, na Catedral de São Petersburgo, recebe flores todos os dias por parte das novas gerações russas.
São as voltas que o mundo dá...
Texto e postagem de Armando Lopes Rafael

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