Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Lual - José do Vale Pinheiro Feitosa

Meu amor hoje sou palha de monturo,
Meu Luiz Gonzaga está esquecido,
As aves de arribação morreram num paredão de som,
Cada ligamento do meu mundo,
Hoje é um limbo na memória da juventude.

Pois era meu amor,
Ali o mundo se perpetuaria,
Mas agora é como uma fumaça,
Nem bem a manhã começa,
E os sonhos ficaram apenas comigo,
Elevou-se na presença do hoje.

Estes jovens de hoje,
Numa festa rave que chamam Lual,
É algo próprio, bem cearense,
Explodem o forró eletrônico,
Ouvem o funk carioca,
Não entendendo nada,
Mas disputam qual som é maior.

Meu amor estou perdido,
Não eles, se acham no turbilhão,
De suas tribos no território das caixas de som,
De todos os excitantes que excitam o nada,
Tanto esticam que ultrapassam a fronteira
Entre eles e eles mesmos numa eterna permanência,
No mesmo lugar.

E meu Luiz Gonzaga?
É matéria do meu desesquecimento,
Dos meus paredões de memória e emoção,
Das minhas vagas também pelo nada,
Nada muito diferente da moçada,
Que mesmo assim os amos.

Que jamais repitam o passado,
Sempre desconfie das minhas douradas conservanças,
Nelas nada fica que não,
As minhas poupanças de memórias,
Que não rendem correção e nem juros,
Apenas encargos que não os libertam.

Que eu morra,
Para que os paredões possam estourar os tímpanos de agora.

Afinal para serve a audição,
Se ninguém mais nos escuta?

2 comentários:

Edilma disse...

Do Vale,

Estou aqui a escuta-lo e muito feliz em reencontra-lo após tanto tempo. Sentimos muito a sua falta.
Que nesse Lual ou mesmo Reive o importante é a volta triunfante no verso assinado por :
"José do Vale Feitosa"
O Cariricaturas está em festa com a sua volta.
Seja bem vindo e não nos abandone mais por tanto tempo.
Abraço por seu retorno...


Edilma

Claude Bloc disse...

Zé do Vale...

Uma ausência tão grande arranca pedaços da gente, acostumados que somos com sua sensatez, com sua parcimônia e ao mesmo tempo com seu entusiasmo por temas que nos fazem sentir a vida mais de frente.

Repetiria as palavras de Edilma:"não nos abandone mais por tanto tempo."

Abraço de saudade

Claude