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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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quinta-feira, 21 de abril de 2011

Revendo a cidade de Farias Brito – por Armando Lopes Rafael



Terça-feira última, 19, revi Farias Brito. Fui assistir à homenagem que a Câmara Municipal daquela cidade prestou a um ilustre filho da terra, o Desembargador Francisco Darival Bezerra Primo (foto ao lado) e a cinco pessoas distinguidas com o título de Cidadão Honorário de Farias Brito, dentre estas o médico Leonardo Fernandes Távora, que é meu genro.

Darival foi meu colega nos bancos escolares do velho e tradicional Colégio Diocesano de Crato, a partir do que se chamava, na época, o primeiro ano ginasial. Chegou ali criança, como aluno interno, já carregando atitudes de seriedade e circunspecção que o acompanhariam pela vida afora. Tive oportunidade de dizer isso, em breves palavras, durante a homenagem que lhe foi prestada no Ginásio Poliesportivo de Farias Brito.

Nesta época do ano, a Terra da Cal (assim chamam a Farias Brito) está cercada de um verde luxuriante que inclui as plantações de milho, nas cercanias de uma cidade que cresceu e progrediu. Nem parece aquele Quixará (antiga denominação de Farias Brito), -- foto à esquerda -- cuja população guardava temerosa as palavras fortes do Padre Henrique José Cavalcante, o construtor -- em 1868-1869 -- da primeira capela que seria, posteriormente, a primeira igreja-matriz de Farias Brito.


Segundo um historiador da terra, já falecido – J. Calíope – o padre Henrique era dado a fazer milagres e o povo tinha por ele grande veneração. Mas, desgostoso com um desvio de conduta de um fiel, abandonou inopinadamente Quixará. E na saída da vila (que à época fazia parte do município de Crato, juntamente com Barbalha e Caririaçu) o Padre Henrique – debaixo de um pé de Juazeiro, no sítio Lagoa de Dentro – bateu a poeira dos sapatos e disse: Fica-te Quixará, que de Quixará não haverás de passar.

Hoje, Farias Brito sequer lembra o Quixará mais recente – o da década 40 do século passado – quando lá viveu outro de seus vigários tido também como santo, o cônego Manoel Feitosa, que lá morreu e foi enterrado, no piso da antiga Matriz de Nossa Senhora da Conceição. Esta igreja, de quando em vez, na época da invernada, era invadida pelas águas do Rio Cariús, que chegava ao seu patamar e banhava de leve o túmulo do cônego Feitosa, onde estava colocada uma pequena lápide com a inscrição Etian se mortuus fuerit vivet – Juan II, 25.

Farias Brito mudou. Na solenidade da última terça-feira vi e ouvi a Banda de Música Municipal Padre Davi Moreira, formada por jovens músicos daquela cidade. Vi alunos das escolas da cidade, perfilados com suas fardas a cantarem o Hino fariasbritense. Vi adultos bem vestidos, comerciantes falando na pujança dos seus negócios e jovens sonhando em cursar a universidade. Pouca gente dali, dos dias atuais, ouviu falar no desabafo do padre Henrique. Há décadas mudaram o nome de Quixará para Farias Brito.

Quixará ficou. Farias Brito sonha com progresso e desenvolvimento.

Armando Lopes Rafael

Um comentário:

Claude Bloc disse...

Armando,

Lembro-me de ter lido o nome Quixará, alguma referência aos fatos ligados ao nome, mas no embaraço do tempo essas coisas ficaram esquecidas.

Por isso, seus textos são tão bons de serem lidos.

Abraço,

Claude