Amar
Vamos aconchegar-nos bem juntos um ao outro,
ouvindo o órgão do outono, na margem da noite.
A fonte se prostra e canta palavras de amor.
Nossas frontes estão douradas com o crepúsculo:
nós nos amamos com todo o ouro do crepúsculo.
Nossa casa floresce como um ninho na montanha.
Você tem a ternura nos olhos, onde eu mergulho.
Fiquemos parados, ouvindo a brisa entre os ramos.
Amar não se conhece: entra no corpo, com o sangue.
Alma é uma lamparina antiga que ilumina e enche
de sombras a casa, onde, sob o arco do mistério,
estamos juntos e não existe palavra que importe.
Vamos aconchegar-nos um ao outro, ouvindo a brisa.
Nós nos amamos e não conhecermos é o nome do amor.
Fiquemos parados, ouvindo o órgão da noite que chama.
José Carlos Brandão
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