Correnteza
- Por Claude Bloc –
Acredito que poesia exista na alma de cada pessoa, e quando ela enche a alma da gente e quase parece querer transbordar, parece também querer afogar-nos numa correnteza incessante. As palavras, então, vão nos assessorando no escape dessa enxurrada, que mal sabemos explicar ou como conter.
Quando comecei a escrever poesia foi nesse exato intento. Mal sabia o que me afligia, mas sentia que tinha de tentar descrever essa sensação de alguma forma. Eu tinha então 16 anos, ainda brincava de roda, peteca, bicicleta, mas também nessa época já sentia cá dentro a efervescência dos amores juvenis, que, timidamente, e só com a caneta, os conseguia acalmar e revelar nas páginas dos meus cadernos.
Foi assim que muitos destes poemas foram escritos. A poesia, então, para mim foi sempre essa vazão, essa fuga e é certamente assim, que deve ser para muitos também...
É sempre nesses momentos de reflexão que a poesia melhor se desenvolveu nas minhas mãos. Cada verso conta a história de um momento singular, cada estrofe faz um relato poético de tantos e tantos e muitos dias da minha vida, vividos assim, dessa mesma maneira, como qualquer um de nós vivemos. Um verso por tudo, por vezes, por nada, porém bem assentado dentro de mim descendo na vazão da vida.
Claude Bloc
Um comentário:
Um beijo na sua alma poética, Claude Bloc. Maravilhoso. Eu diria a mesma coisa sobre a Música. Aliás, vejjo que apenas a terminologia muda, o que eu chamo de música, muitos chamam de poesia.
A poesia é exatamente essa coisa abstrata que nós chamamos de música e que está em tudo.
Dihelson Mendonça
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