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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
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"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A cólera, um shopping sobre gás explosivo e a indústria têxtil com lixo hospitalar - José do Vale Pinheiro Feitosa

Por volta de 1991 entrou pela calha do Amazonas, vinda do Peru, uma epidemia de cólera que, rapidamente, atingiu o nordeste e aí provocou enormes prejuízos e ceifou vidas. Uma das grandes tragédias da epidemia foi uma trombada da notícia sobre o turismo nordestino. Que era uma das principais fontes econômicas da região.

A trombada da notícia foi pior do que os fatos tipicamente epidêmicos. De alguma forma o país estava despreparado para a epidemia. Há anos que não se verificava ocorrência do vibrião colérico em nosso meio. As autoridades não tinham medidas imediatas e, claro, a mídia também estava perplexa em como tratar a notícia. Além de tudo havia e ainda há um enorme problema de saneamento básico no país, especialmente no nordeste, sobretudo por precária oferta de água tratada. A epidemia jamais atingiu o Sudeste e o Sul e a diferença foi a água tratada. Lembro daquela tragédia em Fortaleza num ano de seca e quando foi aberto o Canal do Trabalhador. Sem os olhos dos eleitores os políticos dançavam para botar a culpa no outro: se no Ciro Governador ou no Juraci Magalhães Prefeito (com agente federal tive que chegar junto do nosso Raimundo Bezerra então Secretário Municipal).

Mas certamente algo além do desconhecimento acontecia para promover a trombada noticiosa em rede nacional. A notícia que tirava dos nordestinos sua fonte: os peixes e as praias. Foi um Deus nos acuda, mas o pior sobre bases falsas do comportamento do agente infeccioso da cólera. A mídia começava a sangrar o Collor de Mello e a epidemia era um bom extravasamento de energia governamental

Aconteceu que as autoridades locais, especialmente no Maranhão e em Pernambuco tomaram providências exageradas que atingia o turismo irreversivelmente. A epidemia pulou (por um fato que tem paralelo com hoje que é Santa Rita do Capibaribe) do norte para o nordeste na rota do pólo de roupas pernambucano, Foi aí que fui testemunho do que ocorreu. Adib Jatene acabara de assumir o Ministério da Saúde e eu fazia parte Comissão Nacional Contra a Cólera, presidida por Dr. Claudio Amaral quando foi estancada a hemorragia no turismo nordestino.

Não tinha sentido algum proibir o banho de mar e nem pedir para a população não comer peixe. Fizemos tudo para reverter a situação, inclusive após uma reunião com o Ex-Governador de Pernambuco, Joaquim Francisco, que inclusive comeu peixe e tomou um belo banho de mar em Boa Viagem. O Ministério da Saúde começava a desmontar a trombada na notícia. Um adendo: em guerras comerciais as agressões são o móvel da interpretação e não os fatos que analisem o embate. Pois foi aí que vi gente comemorando a cólera na praia dos outros e estava na Paraíba quando comemoraram um assalto a um ônibus de turistas no Rio de Janeiro. Imaginem só: logo o Rio de Janeiro que era a porta de entrada, então, para o turismo estrangeiro no país.

Vou aproveitar para ponderar sobre duas possíveis trombadas da notícia em guerras comerciais. Em primeiro lugar foi o episódio do fechamento daquele shopping em São Paulo. Aquilo queimou a imagem do pólo comercial, causou prejuízo direto sobre centenas de lojistas. E agora vem a evidência da trombada: igualmente não retiraram a população do Conjunto Cingapura (feito por Maluf e Pitta) que se encontra em risco maior e após poucas horas a interdição do shopping acabou com medidas tão rápidas que não justificariam os anos em que ele funcionou sem tais medidas aos olhos das autoridades municipais e estaduais.

A outra trombada é desta semana: os tais tecidos hospitalares que alimentam os negócios sujos de uma empresa de confecção de roupas. Isso virou uma denúncia geral que vai atingir em cheio o pólo de roupas Pernambucano. Existe um crime evidente de uma empresa e todas em conjunto pagarão como se os lençóis e jalecos dos hospitais americanos fossem a base da indústria de confecção pernambucana.




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