Criadores & Criaturas
"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata."
(Carlos Drummond de Andrade)
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domingo, 16 de outubro de 2011
CULTURA DO CARIRI - II
O Cariri cearense, pela sua localização geográfica, durante o período que se conhece como Idade do Couro, sofre o processo de povoamento com a chegada de novos moradores e a expulsão de parte do contingente indígena da região, época em que a a coroa portuguesa promove uma verdadeira entrada sertões adentro, à custa da vida daqueles que até então detinham o domínio das terras da região do pajé Araripe.
A mistura de culturas foi inevitável. Indios que permaneceram, negros e brancos que chegaram promoveram a mistura cultural que hoje da vida ao perfil da região. Hoje rica em expressões culturais herdadas de três raças (indígena, negra e branca), o cultural Cariri guarda na sua teia de festejos uma das mais ricas, senão a mais rica lista de expressões culturais/folclóricas que se conhece no Nordeste brasileiro. Importante registrar que o Cariri é o centro matemático do Nordeste. Ou seja, é eqüidistante aos principais centos urbanos da região Nordeste.
Por conta disso recebemos influencias culturais desde a Bahia até o Pará. Como se tentassem desde os tempos do império estabelecer ligação urbana numa travessia retilínea da Bahia ao Maranhão, coincidentemente dois dos maiores portos do Nordeste. Registre-se a importância dada pela Coroa Portuguesa ao desenvolvimento do interior do território brasileiro pelo estabelecimento das fazendas de gado.
Assim é que, em meio ao nosso Reisado, vemos elementos de outras danças ou manifestações folclóricas como é o caso da figura do Boi, típico do Bumba Meu Boi do Maranhão e do Estado do Pará, passos de dança de roda como os Reisados e cirandas, congos e danças de roda pernambucanas e reisados sergipanos, e elementos muito presentes da dança dos guerreiros alagoanos. Ressalte-se que existe um grupo de Congos na cidade de Milagres. É uma junção de elementos dos pastoris, cheganças, quilombos, caboclinhos, entre outras danças.
De toda forma, o Reisado, ou a Dança do Reisado, também conhecida como Folia de Reis presentes no Cariri, apesar de toda a influencia externa, e sem dispensar o respeito a todas as outras influencias que o lapidaram, tem hoje a sua identidade própria, tem a sua cor, a sua musica, o seu brilho e a sua historia, e refletem a miscigenação, a mistura provocada pelo jeito brasileiro de se formar enquanto gente brasileira. O Reisado do Cariri tem os seus próprios mestres, todos merecedores de toda a nossa reverencia e de todo o nosso respeito.
O Reisado do Cariri, como os outros reisados, se compõem de várias partes e tem no seu contingente de brincantes diversos personagens como o rei, o mestre, contramestre, figuras e moleques(Mateus). Os instrumentos que acompanham o grupo são geralmente utilizados por grupos independentes que se propõem a acompanhar-los. violão, sanfona, ganzá, zabumba, triângulo e pandeiro. Mas, muitos reisados tem os seus músicos próprios.
No Cariri Cearense são muitos os grupos e os mestres que se revezam sustentando a muito custo a vida dos grupos de reisados na Região. Na cidade do Crato, destacamos os grupos formados pelo grande Mestre Dedé de Luna, hoje sob o comando de suas filhas, e os grupos comandados pelo Mestre Aldemir Calou reunindo grande contingente de filhos e netos. No Juazeiro destaca-se todos os seguidores da grande mestra Margarida, entre outros mestres.
Presente, ainda, no Cariri cearense, um vasto contingente de reisados conhecidos como CARETAS, assim conhecidos um tipo de reisado onde os figurantes se apresentam mascarados(daí o nome caretas) ou REISADOS DE COURO(quando os mascaras são feitas de couro). Estes geralmente se apresentam munidos de chicotes a infernizarem a vida daqueles que se deparam com aquele grupo de brincantes. Eles saem a procura de doações que depois da coleta é dividido entre a comunidade.
No Cariri cearense a indumentária dos caretas assemelha-se em muito aos calungas pernambucanos, que são representações carnavalescas presentes nos carnavais das cidades canavieiras. (CALUNGA: Divindade secundária de culto banto; a imagem ou fetiche dessa divindade). Destaque aos grupos de caretas de Potengí e Jardim. Ressalte-se que em Jardim-CE, os caretas utilizam um tipo de chocalho usado pelos figurantes de um segmento de maracatus pernambucanos conhecidos como “MARACATU DE BAQUE SOLTO, que eram grupos ligados aos folguedos católicos, enquanto que os conhecidos como de BAQUE VIRADO eram ligados aos terreiros de Candomblé.
Ave a esses grandes guerreiros Cariris. São os nossos mestres verdadeiros que, duplamente investidos do painel colorido da nossa cultura, e do alto do panteão que ocupam, bravamente resistem e permanecem firmes, de pé e á ordem, na defesa dos nossos costumes e da nossa identidade, emitindo luzes na medida das suas possibilidades, esperando reconhecimento digno daqueles que enchem o peito quando citam a cidade do Crato como “TERRA DA CULTURA”.
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