Três urubus conversam
sobre a água-furtada.
Comentam o descaso das casas,
o vazio dos quintais.
Divagam sobre a ausência da podridão,
o cheiro que rege o percurso
dos abutres.
Lá estão eles,
sobre telhas,
a afiarem garras,
a deglutirem vísceras.
Ao erguer de asas
declinam
verbos, adjetivos.
Tentam decifrar,
do alto,
de que forma
morre o Recife.
(Everardo Norões)
(Fotografia de Benício Dias, do acervo da Fundaj)
Um comentário:
Imagem e poesia que conversam na mente da gente. Muito convincentes!
Abraço
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