Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A PRIMEIRA IMPRESSÃO FICOU PARA SEMPRE - Por Edilma Rocha


Em 8 de dezembro de 1859, seguindo a estrada de Juazeiro até o Crato chega ao Cariri a Comissão Científica do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, vinda do Rio de Janeiro.

Aos poucos o cenário do sertão foi ficando mágico com as vegetações que ladeavam o caminho estreito; Do lado direito por onde passava o rio, verdes plantações de cana de açúcar com seus pendões prateados que tremiam ao vento; Muitos engenhos surgiam enfileirados com suas chaminés que bordavam o céu azul de branco numa fantasia de fumaça feito imaginação de criança, sem deixar de sentir o delicioso aroma das fornadas de rapadura.

Quando chegaram ao alto do morro, avistaram o mais belo panorama feito as aquarelas de José Reis de Carvalho, nos matizes dos verdes das matas e vermelhos dos torrões. Era a Chapada do Araripe que cobria de sombra a pequena cidade do Crato se destacando a torre da Igreja Matriz e alguns casarios caiados de branco.

Depois de percorrerem por tantos meses lugares secos do sertão, aquela visão deslumbrante do Oásis do Cariri era por demais agradável aos olhos e também ao respirar puro dos pulmões. O monte Araripe na sua formação plana e até nivelada, era coberto de uma vegetação exuberante e nos seus lados desciam flancos corroídos pelos jorros de águas puras abençoando o vasto torrão vermelho. Essas águas eram responsáveis pela fertilidade da bacia do Crato recobertas por um rico verde das suas plantações. Os terrenos sombreados, guardavam o frescor que descia da Chapada na garoa fina do inverno, um clima previlegiado para os poucos moradores do lugar.

Ao descerem o morro vagarosamente, avistaram pequenos grupos de pessoas bem vestidas que mais pareciam as damas e os cavalheiros da Corte do Rio de Janeiro, sentiram-se aliviados. Certamente se encaminhavam em direção ao toque do sino da Igreja da Matriz.

A cidade ficava em terreno baixo e plano, mas com 3 morros; o Barro Vermelho ao nascente; o Alto da Miséria a Noroeste; o Alto do Granjeiro a sudoeste; e ao poente o Araripe distante algumas léguas dali.
Percorreram ruas paralelas e largas, a Rua Grande, a Rua do Fogo, a Rua da Vala, a Rua da Boa Vista e a Rua das Laranjeiras, além de algumas travessas e becos. A praça da Matriz era triangular e rodeada de alguns casarões de tijolos e cobertas por telhas,e nos morros casas de taipa e coberta por palhas. Alguns sobrados, e entre eles o do Tenente Coronel Antônio Luiz Alves Pequeno, na Rua do Fogo onde se hospedaram.

Passaram 4 meses na cidade do Crato bebendo  a boa água das nascentes, fazendo passeios nos sítios e no alto da Serra. Encontraram criações de porcos, perus, galinhas e patos. Ficaram surpresos que os bois serviam de bestas para carga e que eram governados pelo nariz. Viram pequenas criações de cabras e carneiros. Encontraram pequenas industrias de panos de algodão na confecção de redes brancas e coloridas que enfeitavam as varandas das casas e serviam para a dormida.

Se deliciaram com doce de goiaba, banana, manga, leite, buriti e excelentes geléias. Se encantaram com os engenhos de cana de açúcar no seu manuseio e nas suas produções de rapaduras, alfenins e a forte cachaça dos alambiques. As frutas de variedades exelentes como: atas, bananas, melões, melancias, araçás e cocoda praia. Do pequi descobriram o cheiro forte e que se comia salgado dando um bom azeite e excelente tempero para o arroz. Fruto apreciado pela gente do lugar e que alimentava a classe pobre pela sua abundância. Entre as novidades do lugar estavam a macaúba, araticum. maracujá-suspiro, jenipapo, murici, buriti, babaçu e catolé.

O Crato rico por suas nascentes de águas perenes recebia muitos imigrantes ao Sul do Ceará que fugiam da seca e com isso aumentava  a sua população, comércio e agricultura na produção de arroz, feijão, milho, café, algodão e principalmente a cana de açucar.

Os visitantes foram muito bem recebidos e se encantaram com a hospitalidade e a simplicidade dos doutores que destnavam dos Coronéis dos engenhos. E contaram com a companhia do jornalista João Brígido e Gonçalves Dias.

A muralha da Serra do Araripe, as águas minando nas encostas, os brejos, os canaviais, os rios e levadas e as ladeiras cobertas pelas matas verdes sob o cantar doa pássaros, tornou a estadia no Crato momentos maravilhosos. O registro desse cenário aqui descrito ficou registrado na aquarela pintada por José Reis de Carvalho datada de 1860 que se encontra no Museu de Arte Vicente Leite como uma prova do encanto pelo lugar e da hospitalidade do povo da nossa terra que encanta a todos que nos visita.

Edilma Rocha

Fonte - João Brígido, J. de Figueiredo e  Waldemar Arraes de Farias 

3 comentários:

Armando Rafael disse...

Edilma:
Excelente postagem! Excelente resgate histórico!
Parabéns.

Edilma disse...

Armando,
Obrigada pela historia através da imagem do afresco da madona tão oportuna em desejos de novos tempos.
Quanto ao texto, gosto dessa maneira de contar fatos reais.
Desculpe-me pelas falhas na digitação.
Abraço!

Claude Bloc disse...

Edilma, hoje reli o texto. Você como sempre sabe lidar com a História usando leveza ...

Abraço, mana

Claude