Final de ano e férias longas incluindo na programação um Natal diferente. Convidei Angela, amiga e colega do Colégio Santa Teresa para me fazer companhia na viagem à vizinha cidade de Assaré.
Lá era a terra da minha avó materna e muito me agradava conviver com os tantos primos e primas daquela família grande. Todos me recebiam com carinho e cuidados quando por lá chegava e neste ano me hospedei na casa de Maria Helena e Pedro Leonel.
Na parede da sala de estar ficava o retrato do casamento dos anfitriões. Lembro até hoje da imagem da noiva recebendo a aliança e eu bem pequena assistindo a cena, admirada. Afinal, fui escolhida para levar as alianças. Uma casa bem cuidada, um corredor enorme que nos levava até a cozinha com uma mesa sempre repleta de guloseimas como, ambrosia, doce de leite e o tradicional pudim, tudo produzido por Maria Helena.
Já encontramos a árvore de Natal montada com seus lindos enfeites em aljofre e luzinhas coloridas que piscavam. Pedro Leonel comercializava mercadorias importadas e o Natal era repleto de novidades. Uma linda guirlanda na porta da sala e num canto especial em destaque, a "Lapinha", como era chamado o Presépio com a família sagrada e seus Reis Magos. Ali a religiosidade era uma prioridade acima de qualquer coisa. Os pacotes com papéis e fitas coloridas já se encontravam ao pé da árvore de Natal e a eles juntamos os nossos presentes trazidos do Crato. A curiosidade despertava o poder de adivinhar o que continha nos tantos embrulhos. E aguardávamos com ansiedade a noite de Natal para a troca dos presentes. Somavam-se a cada dia mais e mais presentinhos...
Uma pequena caixinha com uma linda embalagem apareceu bem na frente dos outros e chamava à atenção pela segurança do pacote.
_ O que será ? Pra quem será ?
Ninguém sabia... mistério!
As sete horas da noite já estávamos nos produzindo. Afinal, as garotas do Crato sempre chamavam à atenção dos moradores do lugar. Seguimos até a Igreja Matriz e assistimos a missa do "Galo" e na volta, todos se dirigiram para a tradicional ceia da meia noite.
Depois das delícias produzidas por Anízia, a cozinheira especial da família, era chegada a hora da troca dos presentes. Entre abraços e desejos por prosperidades os presentes foram entregues aos participantes da confraternização. Muitos sorrisos felizes se estampavam no rosto de cada um diante das boas surpresas. E aquela misteriosa caixinha ficando para o final...
_ Advinha pra quem era ?
Para mim. Era mais um presente da minha amiga Angela. Depois dos dois beijinhos tradicionais, comecei a abrir com muita dificuldade e cuidado a pequena caixinha. Era um ninho de repugnantes baratas que estavam trancafiadas ali, à dias. E não deu outra. Escapando finalmente da prisão as baratas voaram todas em cima de mim e o desastre foi total. Quebrei alguns objetos da sala enquanto sacudia meus cabelos em desespero, nojo e retirava a roupa feito uma louca fujida de algum hospício, aos gritos e pulos. Angela desabou em gargalhadas se divertindo enquanto eu me debatia desesperamente. Pedro Leonel e meu primo Hugo ajudavam a matar as malditas baratas que corriam rapidamente no meio da confusão. Não ficou uma só mulher dentro da sala e fugiram todas para a rua comentando o fato tão desagradável e de mau gosto.
Depois de recuperar o fôlego, me deparei só de calcinha e sutiã na sala vazia. Fiquei muito aborrecida com a minha "Grande Amiga" na noite de Natal. E que amiga... Ela sabia que eu tinha verdadeiro pavor a baratas e me aprontou essa sem se dar conta do tamanho da confusão que criara. Prometi vingança, mas essa será uma outra história, afinal, neste momento a prioridade é um texto Natalino.
Posso dizer que foi o presente de Natal mais indesejado que alguém poderia receber.
Oh! Oh! Oh!
FELIZ NATAL !
Edilma Rocha
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