Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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sábado, 7 de janeiro de 2012

APRENDENDO A DIRIGIR - Por Edilma Rocha

Ele estava bem ali, estacionado.
A chave na ignição, como que me esperando. O jeep 51 do papai.

Limpo, reluzente depois da pintura de Moreirinha, que fazia qualquer carro velho, ficar novo. Era verde oliva, com a capota de vinil preta. Os bancos novinhos, a direção grande e a alavanca das marchas com uma bola de acrílico colorido, comprada no Juazeiro. No retrovisor central, o terço com Jesus dependurado para livrar-nos do perigo. Os pneus eram zero com os biscoitos bem definidos no polimento à óleo. Os três pedais, a embreagem, freio e acelerador, eu já tinha treinado bastante.
Agora era só colocar uma almofada nas costas para compensar a distância entre o banco  eles.

Vesti um jeans, cabelos presos num rabo de cavalo, pés descalços e me lancei na aventura. Seria uma volta só até o Pimenta. Olhei para os lados da rua e a vi vazia ao meio dia. Seria rápido e ninguém iria perceber a saída do jeep da porta da casa.

Dei partida na chave e pegou de primeira, acelerei três vezes e fui soltando o pé da embreagem aos solavancos com três  pulos inesperados...
Tinha logo que passar a segunda marcha para manter minhas mãos firmes na direção.
_ Consegui ! Agora era só acelerar e seguir o prumo da rua vazia. Alcancei a rua Duque de Caxias e dobrei na Praça da Sé. Passei pelo bar do Alagoano e senti alguns olhares em minha direção, mas não desviei à atenção no calçamento. No caminho fui desviando bicicletas, pedestres e deixando alguns carros para trás. Não existia semáforo na cidade para alguma parada brusca. E tome pé no acelerador!
Sentada no volante, dominava o jeep fazendo-o ir para onde eu quiezesse. Era o máximo ! Eu estava dirigindo pela primeira vez.

Ouvia o chiado dos pneus correndo rápido na virada da curva da Praça do Pimenta e logo depois senti um frio na barriga quando avistei o Aero Willis de Cândido Figueiredo. Enfiei a mão na buzina, mas graças a Deus o carrão dobrou no Parque Municipal a tempo.
_ Ufa ! Foi por pouco !

Precisava chegar logo em casa, antes que notassem a falta do jeep. Contornei a Praça da Sé, entrei na rua Duque de Caxias e depois entrei na rua da Vala. Estava indo rápido demais e não  conseguia diminuir a marcha. Na minha frente estava o perigo da Vala aberta, já tinham caído muitos carros por lá e do outro lado as casas dos vizinhos.
Numa virada só quis colocar o carro dentro da garagem, mas esqueci que o portão de ferro estava fechado. Senti os cabelos balançando pra lá e pra cá no sacudir do meu corpo franzino e levei o portão nos "peito". ou melhor, no para-choque. E só deu para parar porque eu soltei o pé da embreagem e estancou...
Com o estrondo, todos saíram para ver o que tinha acontecido.
Me encontraram ao volante, o muro quebrado, o portão por baixo dos pneus do jeep e eu com um sorriso amarelo no rosto...
_ Cheguei !

Edilma Rocha

2 comentários:

Claude Bloc disse...

Eita menina "contadeira" de histórias... Adorei....!!!

Mas me conta, não levou umas palmadas de D. Telma não?

Abraço, mana!

Claude

Anônimo disse...

Hei,Edilma, uff! Nem pensei que tu ia chegar em casa! Faço minha a pergunta de Claude: d. Telma não pegou a chinela p/ te carimbar a mão?