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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Revendo Aiuaba, ou Até onde os cactos me levaram -- por Armando Lopes Rafael


Aiuaba (CE) igreja-matriz de Nossa Senhora do Patrocínio


   Há nove anos eu não voltava à Aiuaba, terra de minhas origens paternas. Foi de lá, nos idos de 1939,  que veio para a promissora e adiantada cidade de Crato – trazendo toda a família –,  o meu avô, José Rafael de Oliveira.   Deixaram para trás a  vila do Bebedouro (antigo nome de Aiuaba), encravada no adusto sertão dos Inhamuns, que mais lembra  um mar de pó ornamentado por seus belos cactos xerófilos. Começava no verdejante Cariri uma  nova vida para os Rafaéis, ou Rafaeles, como preferia chamar minha avó.

  Na última quarta-feira, 1º de agosto, revi Aiuaba. Esta já não é mais aquela cidade por mim tantas vezes visitada na busca de um reencontro com minhas origens genealógicas. As ruas centrais de Aiuaba ganharam asfalto e iluminação feérica. Na área citadina vi praças com jardins bem cuidados, aonde convivem flores e grama-esmeralda de coloração verde intensa. A cidade agora se espraia por poucos bairros nascentes, a exemplo do bairro Caiçara, onde um bar oferece uísque escocês, que pode ser sorvido ao som da Rádio Umbuzeiro FM, a única emissora da cidade.

     Sempre me emociono nos meus reencontros com Aiuaba. Lá, genuflexo, rezo no velho cemitério, diante da sepultura de minha avó Doxinha. Esta,  dizem os mais velhos,  era uma professora e uma mulher bonita, falecida com pouco mais de trinta anos. Na sua sepultura faço uma oração por mim e outra  por meu Tio Zezé, residente desde a adolescência no Mato Grosso do Sul, mas visceralmente ligado ao torrão natal. 
     
    A casa do meu bisavô, Raimundo Dias de Oliveira (mais conhecido por Raimundo Rafael) ainda existe. Mas foi remodelada resultando em três casas, -- ver na foto ao lado as casas pintadas nas cores telha,azul e amarela--  localizadas no centro de Aiuaba, numa rua que tem agora o nome dele. Na memória da minha família, também é lembrada a minha bisavó – Francisca – apelidada carinhosamente pelos familiares de “Mãe Gorda”. Ela gostava de ajudar os doentes, indicando e oferecendo  remédios da flora sertaneja, que conhecia bem. Qualidade herdada pelo seu bisneto, meu irmão Osvaldo, que vive a fazer mudas da planta Canarana e as doa para muita gente. “Cura todas as doenças dos rins”, diz ele confiante...


Antes de chegar em Aiuaba passamos pela pitoresca capela de São Nicolau, que tem agora em frente  uma bem cuidada pracinha

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