Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Jorge Luis Borges

24 /08/1899 Buenos Aires, Argentina.14/07/1986, Genebra, Suíça.

O BORGES QUE ESCOLHI
( Sidney Wanderley )

Não o celebrado e exaurido cantor
dos tigres de Bengala e Sumatra,
das refutações do tempo,
do horror aos espelhos
(que, como as cópulas,
multiplicam os homens),
dos punhais e dos compadritos,
das espadas e dos labirintos,
de Dante, dos vikings e das kenningare
dos rios e das rosas e de Rosas;
sim o fazedor de versos
sem metafísica e certeiros:
“o olor interminável dos eucaliptos”
“minhas lembranças, antigas até a ternura”
“a água crapulosa de um charco”
“o incêndio, com ferozes mandíbulas, devora o campo”
“um céu da cor da gengiva dos leopardos”
e que severamente vaticina:

“ Te espera o mármore que não lerás.”


"Não criei personagens. Tudo o que escrevo é autobiográfico. Porém, não expresso minhas emoções diretamente, mas por meio de fábulas e símbolos.

Nunca fiz confissões. Mas cada página que escrevi teve origem em minha emoção".O escritor Jorge Luis Borges nasceu na capital Argentina, Buenos Aires. Bilíngüe desde a sua infância, aprendeu a ler em inglês antes que em castelhano, por influência de sua avó materna de origem inglesa.

Aos seis anos disse a seu pai que queria ser escritor e aos sete escreveu, em inglês, um resumo de literatura grega. Aos oito, inspirado num episódio de "Dom Quixote" de Cervantes, fez seu primeiro conto: "La Visera Fatal". Aos nove anos, traduziu do inglês "O Príncipe Feliz" de Oscar Wilde.

Em 1914, devido à quase cegueira total, seu pai decide passar uma temporada com a família na Europa. Em Genebra, Jorge escreveu alguns poemas em francês enquanto estudava o bacharelado (1914-1918). Sua primeira publicação registrada foi uma resenha de três livros espanhóis para um jornal de Genebra.

Em 1919, mudou-se para a Espanha e publicou poemas e manifestos na imprensa. Em 1921, retornou a Buenos Aires e redescobriu sua cidade natal, na efervescência dos anos 20. Nesse clima escreveu seu primeiro livro de poemas, "Fervor em Buenos Aires", publicado em 1923.A partir de 1924, publicou algumas revistas literárias e, com mais dois livros, "Luna de Enfrente" (poesia) e "Inquisiciones" (ensaios), ganhou em 1925 a reputação de chefe da jovem vanguarda de seu país.

Nos anos seguintes, ele se transformou num dos mais brilhantes e polêmicos escritores da América Latina.Inventando um novo tipo de regionalismo, acrescentou uma perspectiva metafísica da realidade, mesmo em temas como o subúrbio portenho ou o tango. Nesta fase escreveu "Cuaderno San Martin" e "Evaristo Carriego".
Mas logo se cansou desses temas e começou a especular sobre a narrativa fantástica, a ponto de produzir durante duas décadas, de 1930 a 1950, algumas das mais extraordinárias ficções do século, nos contos de "Historia Universal de la infâmia" (1935); "Ficciones" (1935-1944) e "El Aleph" (1949), entre outras.

Em 1937, Borges foi nomeado diretor da Biblioteca Pública Nacional, o que foi seu primeiro e único emprego oficial. Saiu nove anos depois, indignado com a inclinação fascista que estava tomando a Argentina.No que se refere ao amor, o caso mais quente do escritor argentino foi com Estela Canto, que depois lançou o livro de memórias "Borges a Contraluz". Ele conta em sua biografia que a pediu em casamento.

Moderna e liberada para a época, Estela respondeu: "Eu aceitaria, Georgie, mas não podemos casar sem antes dormir juntos". Borges ficou assustado e desapareceu.Aos 50 anos, o escritor já havia perdido parcialmente a visão. Com o passar dos anos, quando a cegueira se fez completa, sua mãe, Leonor, passou a cuidar dele, lendo e escrevendo o que ditava.

O reconhecimento literário de Borges se solidificou em 1961 com a conquista do prêmio concedido pelo Congresso Internacional de Editores, que dividiu com Samuel Beckett. Logo receberia também prêmios e títulos por parte dos governos da Itália, França, Inglaterra e Espanha.Em 1967, Borges casou-se com uma amiga de infância, Elsa Astete.

O casamento durou três anos e acabou com Borges fugindo de casa, sem coragem para discutir a separação. Sua mãe, Leonor, morreu em 1975. Seu segundo casamento foi com a sua ex-aluna Maria Kodama que se tornou sua secretária particular em 1981.

Kodama era de origem japonesa e tornou-se a herdeira de seus direitos autorais.Em 1983, Borges publicou no diário "La Nación" de Buenos Aires o relato "Agosto 25, 1983", em que profetizava seu suicídio. Perguntado depois porque não havia se suicidado na data anunciada, respondeu: "Por covardia". Borges afirmava freqüentemente o seu ateísmo e falava da solidão como uma espécie de segunda companheira.
PS. O poema "Instantes" é um texto indevidamente atribuído a Borges.


http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u221.jhtm
http://enredosetramas.blogspot.com/2009/03/jorge-luis-borges-o-poeta.html

Um comentário:

socorro moreira disse...

Corujinha, vc estava fazendo falta.
Mas matou a pau a nossa saudade, trazendo-nos Jorge Luiz Borges.

Abraços.