Conto os versos
que já fiz na vida
como quem guarda moedas
dentro do porquinho.
Tantos versos esquecidos
por simples covardia.
Outras tantas moedas
roubadas em silêncio.
Meu cotidiano não é melancólico
nem tão exuberante.
Não faço chover.
Não hipnotizo andorinhas.
Os únicos pássaros
que entram na sala
entram porque a janela vive aberta.
Somente ao dormir
algo mágico acontece:
do profundo da alma
um som espalha-se
até os limites do travesseiro
então ouço a muriçoca
tirar do seu violino Strauss.
Os dedos dos pés
pulam da coberta
rodopiam pelas paredes
chegam ao teto.
Os dedos dos pés também levitam.
Deixam seus corpos por uma valsa.
domingos barroso
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