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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Wilson Simonal



Wilson Simonal de Castro (Rio de Janeiro, 23 de fevereiro de 1938 — 25 de junho de 2000) foi um cantor brasileiro de muito sucesso nas décadas de 1960 e 1970.
Simonal teve uma filha, Patricia, e dois filhos, também músicos: Wilson Simoninha e Max de Castro.

Filho de uma empregada doméstica, Simonal era cabo do Exército quando começou a cantar, nos bailes do 8º Grupo de Artilharia de Costa Motorizado (8º GACOSM), então sediado no Leblon. Seu repertório se constituía basicamente de calipsos e canções em inglês,

Em 1961, foi crooner do conjunto de calipso Dry Boys, integrando também o conjunto Os Guaranis. Apresentou-se no programa Os brotos comandam, apresentado por Carlos Imperial, um dos grandes responsáveis por seu início de carreira. Cantou nas casas noturnas Drink e Top Club. Foi levado por Luiz Carlos Miéle e Ronaldo Bôscoli para o Beco das Garrafas, que era o reduto da bossa nova.

Em 1964, viajou pela América do Sul e América Central, junto com o conjunto Bossa Três, do pianista Luís Carlos Vinhas.

De 1966 a 1967, apresentou o programa de TV Show em Si ...monal, pela TV Record - canal 7 de São Paulo. Seu diretor era Carlos Imperial. Revelou-se um showman, fazendo grande sucesso com as músicas País tropical (Jorge Ben), Mamãe passou açúcar em mim, Meu limão, meu limoeiro e Sá Marina Carlos Imperial, num swing criado por César Camargo Mariano, que fazia parte do Som Três, junto com Sabá e Toninho, e que foi chamado de pilantragem (uma mistura de samba e soul), movimento também idealizado e capitaneado por Carlos Imperial.

Em 1970, acompanhou a seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo, realizada no México, onde tornou-se amigo dos jogadores de futebol Carlos Alberto e Jairzinho e do maestro Erlon Chaves.

Nessa época, Simonal era um dos artistas mais populares e bem pagos do Brasil, bastante assediado pela imprensa e pelos fãs. Vivia o auge de sua carreira. Foi o primeiro negro a apresentar sozinho um programa de televisão no país - o “Show em Si...Monal”, dirigido por Carlos Imperial - no qual era acompanhado por César Camargo Mariano, Sabá e Toninho, que formavam o Som 3 .

No início da década de 1970, Simonal foi vítima de um desfalque e demitiu seu contador, Raphael Viviani, o suposto culpado. Este moveu uma ação trabalhista contra o cantor. Em agosto de 1971, Simonal recrutou dois amigos (um deles seu segurança) militares para dar "uma lição" no contador. O contador foi torturado, inclusive com choques elétricos, e teve sua família ameaçada de morte. Afinal, acabou assinando a confissão de culpa no desfalque.

O que Simonal não contava era que a mulher do contador havia dado queixa à polícia pelo sequestro do marido. E quando este voltou para casa, a mulher o convenceu a entrar com outro processo contra Simonal.

Processado sob acusação de extorsão mediante sequestro do contador, Simonal levou como testemunha aquele mesmo policial do Departamento de Ordem Política e Social do então Estado da Guanabara, Mário Borges, que o apontou em julgamento como informante do Dops. Outra testemunha de defesa, um oficial do I Exército (atual Comando Militar do Leste), afirmou que o réu colaborava com a unidade.

Simonal foi julgado culpado pelo sequestro e, em 1972, condenado a uma pena de cinco anos e quatro meses, que cumpriu em liberdade. Nos autos, Simonal era referido como colaborador das Forças Armadas e informante do Dops. Em 1976, em acórdão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, também é referida a sua condição de colaborador do Dops.
"Em sua argumentação final, o ilustre meritíssimo alega que não tem como julgar os agentes do DOPS, já que estávamos vivendo um estado de exceção e, por isso, ele não tinha competência para julgar atos que poderiam ser de segurança nacional, mas Wilson Simonal, que era civil, não tinha esse tipo de “cobertura”, portanto pena de 5 anos e 4 meses pra ele(...) Se em 1971 fosse provado que ele era um colaborador, ele não seria julgado por isso, seria condecorado," escreve o comediante Claudio Manoel, produtor e diretor do documentário "Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Dei.
O compositor Paulo Vanzolini, no entanto, afirma, em entrevista ao Caderno 2 do Estadão, que Simonal era, de fato, "dedo duro" do regime militar e complementa: Essa recuperação que estão fazendo do Simonal é falsa. Ele era dedo-duro mesmo. Ele "se gabava de ser dedo-duro da ditadura". E segue dizendo que "na frente de muitos amigos ele dizia' eu entreguei muita gente boa'", conclui.
Raphael Viviani, em depoimento para o filme, relata que Simonal estaria no Dops e teria assistido à sua tortura e não teria tido dó.

O jornalista Reinaldo Azevedo atribui o ódio da esquerda brasileira a Simonal a seu aguçado sentido de autodefesa e corporativismo: Tivesse Simonal pertencido à VAR-Palmares ou ao MR-8, assaltado bancos, feito sequestros e matado alguns, sua família estaria agora recebendo pensão e indenização. Se tivesse sobrevivido, seria ministro de Estado. E tocar no seu passado seria de extremo mau gosto
O humoristta Chico Anysio e o jornalista Nelson Motta, dentre outras personalidades, afirmam que até a presente data não apareceu uma vítima sequer das ditas delações de Simonal. O jornal O Pasquim, frente de luta contra a ditadura militar, através de pessoas como Ziraldo e Jaguar, ocupou-se de propagar as acusações que destruíram a carreira de Simonal.`Perguntado por que não havia sido checada a veracidade das informações, Ziraldo disse que não havia motivos para duvidar das fontes.

Simonal caiu em absoluto esquecimento a partir da década de 1980.

"Ele dizia para mim: 'Eu não existo na história da música brasileira'", conta sua segunda mulher, Sandra Cerqueira. Tornou-se deprimido e alcoólatra, vindo a morrer de complicações decorrentes do alcoolismo.

Em 2002, a pedido da família, a Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) abriu um processo para apurar a veracidade das suspeitas de colaboração do cantor com os órgãos de informação do regime militar. A comissão analisou documentos da época, manteve contato com pessoas do meio artístico, como o comediante Chico Anysio e os cantores Ronnie Von e Jair Rodrigues, e analisou reportagens publicadas nos jornais. Em notícia veiculada em 1992 pelo Jornal da Tarde, por exemplo, Gilberto Gil e Caetano Veloso declararam não ter tido problemas de convivência com Simonal.

Além de depoimentos de artistas e de material enviado por familiares e amigos, constou do processo um documento de janeiro de 1999, assinado pelo então secretário nacional de Direitos Humanos, José Gregori, no qual atestava que, após pesquisa realizada nos arquivos de órgãos federais, como o SNI e o Centro de Informações do Exército (CIEx), não foram encontrados registros de que Simonal tivesse sido colaborador, servidor ou prestador de serviços daquelas organizações.

Em 2003, concluído o processo, Wilson Simonal foi moralmente reabilitado pela Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em julgamento simbólico
Desmascarados em público, e sem nunca terem provado as acusações que faziam, os detratores de Simonal ainda tentaram, dez anos após sua morte, condená-lo novamente, apresentando um documento que nunca aparecera antes, e que demonstraria as ligações íntimas de Simonal com o regime militar, mas depois provou-se que tal documento nada mais era do que uma tentativa de Simonal para escapar de um provável processo por agressão a seu contador, invocando, para isto, ajuda oficial da polícia para provar sua inocência.

Segundo Ricardo Alexandre, autor do livro "Nem vem que não tem - a vida e o veneno de Wilson Simonal", há motivos para os detratores de Simonal pensarem que ele era um boneco nas mãos da direita, pois cantou músicas como "Brasil, eu fico". Nõa há notícias, contudo, de uma pessoa concreta que tenha sido delatada por Simonal. Afirma o mesmo Ricardo Alexandre que está coberto de razão quem compreende que foi crucificado pela esquerda numa campanha de difamação, pois foi vítima de uma "mídia inclemente atrás das manchetes".
Em 2009, foi lançado o documentário "Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Dei", dirigido por Claudio Manoel (da troupe Casseta & Planeta), Micael Langer e Calvito Leal.

Segundo Cláudio Manuel, Simonal "pagou uma pena dura demais, desproporcional para uma surra, porque sua condenação foi até o fim da vida. Para ele, não teve anistia".

CASTRO, Ruy - Chega de saudade - 1990 - Cia. das Letras - ISBN 9788571641372

"(...) quando surgiu o cantor no Beco das Garrafas, Simonal era o máximo para seu tempo: grande voz, um senso de divisão igual aos dos melhores cantores americanos e uma capacidade de fazer gato e sapato do ritmo, sem se afastar da melodia ou apelar para os scats fáceis".


Wikipédia

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