Minha existência, minha face,
Minha pele trigueira e meus pecados venosos
Perdidos na sintaxe da alma
Dormem em sono profundo,
Com as membranas pesadas pelo lirismo
Que me força em delírios, de lírios em lírios
Poéticos, nos umbrais ou paraísos
Do onírico.
Vem olhar, meus sonhos
Com as lentes polidas e atentas,
Vem olhá-los, com os faros do pecado,
Com ânsias de sabores de sangue,
Com tato eriçado, e achará o fardo
Da poesia sincera e os mais altos brados
Que o meu mais feio pecado foi amar.
Foto: Paulo Augusto Patoleia
Criadores & Criaturas
"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata."
(Carlos Drummond de Andrade)
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