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Estão paralisados, mas não há desespero,
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"

(Carlos Drummond de Andrade)

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quinta-feira, 20 de maio de 2010

Os liberais estão perdidos! - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Quando Maílson da Nóbrega, economista e ex-ministro da Fazenda, diz alguma coisa o mais certo é ler seu texto com cuidado e respeito. Afinal ele vive muito bem por força do seu trabalho de consultoria a bancos e empresas. Portanto se querem a consultoria deste “mestre” e pagam regiamente é que ele tem coisas importantes a dizer.

Nesta semana, o Professor Armando Rafael publicou num dos blogs da região, um artigo do Mailson. Normalmente estes textos são reproduzidos com o viés ideológico de um debate que efetivamente ocorre, especialmente agora, ano eleitoral. Aliás, o blog em que foi publicado o texto do Mailson, se torna, cada vez mais um blog da rede do PSDB na campanha pró-Serra.

Acontece que neste artigo do Mailson ele se apequena, apenas se cuida em trocar farpas com a esquerda e nitidamente se encontra perdido. Como, aliás, a maior parte dos economistas e das pessoas em geral. A crise continua, a Europa se encontra a perigo, os EUA parecem de manhã renascer e entardece com uma melancolia de fim de mundo. O vigoroso capitalismo japonês se eclipsou no oriente, ninguém ouve mais a não ser lamúrias.

Se o Mailson fosse um velho bolchevista vendo o fim da URSS, não analisaria de modo diferente o que ocorre à sua frente e muito além da sua compreensão. Acontece que não adiante usar a “gracinha” do trenzinho do Corcovado, quem à esquerda do Mailson vestir a carapuça, pode sentar-se ao lado do ex-ministro, não muito brilhante, e, também, chorar. A situação não se encontra bem e sabem o motivo?

Tudo bem salvaram os bancos, não promoveram o protecionismo e desequilibraram os orçamentos. E agora, quem paga a conta das três medidas? Não era mesmo dos liberais a frase de que “não há almoço de graça”? Alguém terá de pagar. Os trabalhadores de modo geral já estão no sacrifício. As famílias com dívidas altas e redução de renda. Sem as famílias o consumo cai e a economia? Recessão. Mais arrocho, que agora o estilo “stalinista” de camuflar, chama de “Ajuste Fiscal” e tudo é puro nervosismo.

Ninguém nesta grei do Mailson diz coisa com coisa. Os governos socialistas da Europa vão pagar uma conta amarga. Na Grécia e na Espanha serão eles a exigir o estômago da população. Mas os conservadores não têm a varinha mágica da solução da crise e também pagarão caro. Hoje as bordunas brandem para a cabeça da Angela Merkel. O nervosismo sincero dela neste dias deixou os “mercados nervosos”.

Aliás, um dos obstáculos dos assemelhados ao Mailson da Nóbrega foi ter “personalizado” o mercado. Do mesmo modo que os antigos fizeram Deus à imagem e semelhança dos homens (sei que inverto, mas olhem os afrescos da Capela Sistina). Ora substituíram economia e classes sociais pela imagem de um burguês pançudo, mal humorado e desconfiado com quem quer mais. Resultado: perderam a capacidade de enxergar além da companhia deste senhor bem de vida e muito apegado aos seus bens e valores.

Esta gente aí está muito parecida com a corte de Luis XV, têm a sensibilidade para as mudanças do clero francês às vésperas da Revolução ou dos aristocratas de província olhando para as suas glebas e os camponeses famintos a rodeá-las.

A questão é que não se trata, simplesmente, de ondas de esquerda ou direita nos sistemas eleitorais, o centro mesmo é a crise do sistema que produz, distribui e consome. E as pessoas estão sofrendo.

Um comentário:

Carlos Eduardo Esmeraldo disse...

Caro Zé do Vale

Li o artigo do Maílson e até brinquei num comentário que fiz ao texto do Armando, dizendo que se ele prestasse seria "Bonilson" e não "Máilson". Agora você analisa aquele artigo de forma bastante completa. Achei o que ele escreveu de um puro neoliberalismo. Um desejo de retornar ao que foi iniciado no governo dos neoliberais e dado uma trégua nos últimos oito anos. E os neoliberais odeiam funcionários públicos, empregados e um Estado Forte. Desejam um Estado esvaziado para que o "Deus Mercado" funcione como um caminhão Ford 49 descendo sem freios a ladeira das Guaribas. Quando Fernando Henrique tomou posse há 16 anos, entrou dizendo que iria acabar com 40 mil empregos, coisa de estranhar pois como dizia o "velho" Virgílio Távora, a função do governante é gerar empregos, empregos e mais empregos!
Parabéns pela sua análise!